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Maíra e Pablito | Mais de 200 trabalhadores e estudantes lançam as pré-candidaturas do MRT em São Paulo

Mais de 200 pessoas, entre estudantes e trabalhadores, estiveram neste sábado, no Sindicato dos Metroviários de São Paulo, para o lançamento das pré-candidaturas do MRT pelo Polo Socialista Revolucionário. Marcello Pablito, trabalhador da USP e pré-candidato a deputado federal, e Maíra Machado, pré-candidata a deputada estadual, estiveram com Diana Assunção, dirigente nacional do MRT e Letícia Parks, professora de São Paulo e também dirigente do MRT

domingo 10 de julho de 2022 | Edição do dia
Lançamento das pré-candidaturas de 2022 do MRT no Sindicato dos Metroviários de SP

Estiveram presentes trabalhadores da USP de diversas unidades da universidade, professoras e professores estaduais e municipais de diversas cidades, metroviárias e metroviários de São Paulo, bancários, trabalhadores da indústria e precários, trabalhadores que todos os dias se deparam com a situação de fome e miséria nos seus locais de trabalho e ali se sentiram representados em sua revolta.

Foi possível sentir também a energia de luta da juventude, com estudantes da USP, Unicamp, Ufabc e Unifesp puxando cantos e gritos ao longo do evento entre as falas e saudações. São trabalhadoras, trabalhadores e jovens, LGBTs, negras e negros, que se reuniram no lançamento das pré-candidaturas que representam as suas aspirações de derrotar Bolsonaro, os militares e judiciário autoritário, bem como os ataques, sem se aliar com a direita e os patrões, como faz o PT com a chapa Lula-Alckmin. Durante toda a atividade o sentido foi de se organizar, com as nossas ferramentas para derrotar a extrema-direita e a miséria na luta de classes.

Questão essa que Marcello Pablito e Maíra Machado puderam dar ênfase e desenvolver em suas falas a perspectiva de como essas candidaturas estarão a serviço de ampliar o alcance das ideias revolucionárias, colocando como prioridade o enfrentamento ao governo Bolsonaro, ao regime do golpe institucional, que inclui o enfrentamento com a direita e a conciliação de classes.

Letícia Parks conduziu a mesa chamando as primeiras saudações às pré-candidaturas de Marcello Pablito e Maíra Machado. Os companheiros do PSTU estiveram presentes e foram os primeiros a saudar com Altino Prazeres, metroviário e pré-candidato a governador do estado, com a professora Flávia Bischain, que compõe a chapa para governador como vice. Depois foi a vez de Danilo Bianchi da CST, corrente interna do PSOL e que constrói conjuntamente o Polo Socialista e Revolucionário.

Os professores Plinio de Arruda Sampaio Jr. da Unicamp e do site Contrapoder, Bia Abramides da PUC-SP e Ricardo Antunes da Unicamp enviaram suas saudações às candidaturas do MRT em vídeos, ressaltando a necessidades dessas candidaturas de independência de classe, dos trabalhadores e que levem as lutas das mulheres, negras e negros, indígenas e LGBTQIA+ à frente. Plínio terminou dizendo “as candidaturas do MRT sopram a brasa da revolução, no pleito de 2022”.

Um dos momentos mais emocionantes foi a saudação do companheiro haitiano Fedo Bacourt, um dos fundadores e ativistas da União Social dos Imigrantes Haitianos, que lembrou de Marcello Pablito e Maíra Machado ao lado dos haitianos em todos os momentos e desde o lançamento da associação, e se colocando a disposição para levar a diante a campanha do MRT, num momento bastante duro no Brasil.

Diana Assunção foi a primeira a intervir, destacando o atual momento do país, o que nos leva a pensar que nossa luta não começa e nem termina com as eleições, como a política de conciliação de classes quer que a população acredite, e por isso já está apresentando a necessidade de pensar as atuais demandas da população e trabalhadores e por qual via avançar na nossa luta, pensando também o pós-eleição, que seguirá a urgência de nos organizar. Diana destacou:

Por isso temos que compreender que isso significa elevar o nosso pensamento para pensar como estaremos daqui a alguns anos, e isso também é a chave de como não aceitar a resignação de uma saída meramente eleitoral, ainda que compreendamos todos os trabalhadores e jovens que vão, criticamente, votar para que Bolsonaro e Tarcísio não vençam as eleições. Por isso viemos batalhando, também, para construir um Polo de independência de classe, agrupando vários setores da vanguarda revolucionária, como agora no Polo Socialista Revolucionário.

Durante as saudações, duas falas deram também o sentido internacionalista de luta que leva o MRT. Myriam Bregman, deputada nacional na Argentina pela FIT-U, do PTS (partido irmão do MRT na Argentina), também saudou o lançamento das pré-candidaturas do MRT em São Paulo, dando o sentido de que em ambos os países é importante candidaturas que estejam ao lado dos trabalhadores, com independência de classe, para que os capitalistas paguem pela crise que eles mesmos criaram e combater os respectivos governos que ajudam a descarregar nas nossas costas o peso dessa crise, e que esse é o sentido das candidaturas do MRT.

Outra grande saudação internacionalista foi de Daniela Cobet, dirigente do Revolução Permanente na França, também um grupo irmão do MRT, que retomou o sentido da luta de classes que tanto Brasil, mas principalmente França viveram nos últimos anos e a perspectiva de crise capitalista nos próximos anos, que nos coloca com a necessidade impreterível de nos organizar com independência dos patrões, da classe dominante e da direita, pra enfrentar os ataques e a extrema-direita na luta de classes, com as nossas ferramentas políticas para dar uma saída de fundo, socialista e revolucionária.

Um dos momentos mais importantes sem dúvida foi a intervenção da pré-candidata a deputada estadual Maíra Machado, que estava ali com dezenas de professoras e professores que dividem com ela o cotidiano da educação pública de São Paulo, surrada ano após anos pelos governos Alckmin e Doria. Maíra levantou fortemente também o tema da legalização do aborto no país:

Querem de toda forma limitar ainda mais o direito de as mulheres poderem decidir se querem ou não ser mães. Chegam ao ponto de massacrar e perseguir uma menina de 11 anos que foi estuprada e engravidou, uma menina que queria exercer seu direito legal ao aborto e que foi presa, exposta e humilhada pela justiça brasileira e pelo bolsonarismo

Maíra, destacou a luta das mulheres, num país governado pela extrema-direita, mas apontando que a saída para as mulheres não é se juntar com os algozes da classe trabalhadora, uma maioria de mulheres, e que por isso defende o feminismo socialista e de classe, das mulheres trabalhadoras.

Mulheres trabalhadoras como as jovens Fernanda Peluci e Flávia Telles, metroviária e professora contratada de Campinas, ambas do MRT e Pão e Rosas, que também puderam transmitir em suas saudações a força dessas duas categorias de grande peso no estado e de lutas históricas, nas quais muitas Pablito e Maíra estiveram lado a lado levando o combate às burocracias sindicais e se organizando ao lado dos trabalhadores.

Logo depois saudou Pedro Pequini, estudante da USP e Claudionor Brandão, fundador do SINTUSP (sindicato dos trabalhadores da USP) e demitido político a mando do governo do PSDB em 2008, que expressaram as batalhas da juventude e dos trabalhadores na USP e que a burguesia quer fazer os trabalhadores e a juventude acreditarem que só podem fazer algo de 2 em 2 anos, nas eleições, mas que é preciso organizar uma força em cada local de trabalho para enfrentar os ataques e levantar uma saída independente.

Encaminhando para o final da mesa política do lançamento, Marcello Pablito fez uma potente fala retomando os inúmeros exemplos de luta de classes nacional e internacionalmente, inclusive lutas históricas dos trabalhadores brasileiros, contando uma importante troca que teve com outro companheiro trabalhador da USP, chamando que confiasse mais em sua própria força do que em Alckmin e sua chapa com Lula. A necessidade de cada trabalhador ver sua força se liga também com outro ponto levantando por Pablito, destacando a importância de que em cada local de trabalho e estudo é preciso fomentar a nossa auto-organização, principalmente para transpor e enterrar a paralisia das direções sindicais, que nos divide para que nossas lutas não triunfem. Sobre isso Pablito disse:

E o que nós queremos dizer quando nós falamos de auto-organização? Estamos falando de quando nós mesmos nos reunimos no trabalho pra ajudar algum companheiro que está passando necessidades, quando a gente se junta pra falar dos problemas no trabalho e também conversa sobre essa situação do país. Mas estamos falando também de que essa classe que produz e faz tudo o que existe na sociedade funcionar e que esteve à frente de lutas em todo país e aqui em SP como os metroviários, as trabalhadoras da saúde, trabalhadoras da LG, operários da Ford, da MRV, de fábricas como a Cherry, Avibrás, MWL, as trabalhadoras terceirizadas possam decidir cada passo das suas lutas através das assembleias, tomando em suas mãos a organização dos piquetes, manifestações mas também possam decidir tudo na sociedade.

Pablito, que é trabalhador da manutenção da USP e que em diversas lutas de trabalhadores enfrentou a burocracia sindical comentou ainda que:

Na USP temos um sindicato com uma importante tradição de decisão nas assembleias e reuniões de unidade que são espaços de decisão sobre tudo onde debatemos inclusive os problemas como os casos de racismo, de machismo e tudo o que for de interesse da nossa classe e foi muito forte ver como pudemos nos apoiar nessa trajetória para contribuir para que se marcasse também nas greves das trabalhadoras terceirizadas que decidissem tudo nas assembleias, organizando o fundo de greve, a distribuição de alimentos e inclusive o apoio à greve dos operários de Jirau que estavam a dezenas de quilômetros de distância lutando em meio aos anos de governo do PT.

Por fim, Letícia Parks encerrou as falas fazendo um grande chamado para que cada um dos presentes tomasse essas ideias como ferramentas de combate cotidiano contra a armadilha da conciliação petista com Alckmin e toda a corja de direita, com a desculpa de derrotar o bolsonarismo.

Se cada um de vocês puder chegar em familiares, colegas de trabalho, amigos, podemos ser milhares que aqui em São Paulo fazem ecoar o grito: enfrentar o bolsonarismo e a direita com a luta de classes. O Esquerda Diário e todas as nossas ferramentas vão contribuir para potencializar essa batalha e nos preparar ainda mais pros novos embates que vão vir. E digo mais: nós queremos que essa campanha seja a possibilidade de que possamos ficar ainda mais perto, que ao final dela a gente perceba que valeu a pena cada mensagem de zap, cada post no facebook, cada panfleto entregue, e que a gente possa pensar as formas de continuar juntos pra se preparar pras lutas do ano que vem. Contamos com cada um de vocês, lutadoras e lutadores, mais uma vez. Vamo que vamo!

A noite se encerrou com churrasco e o grupo Samba de Raiz, velhos e grandes companheiros das batalhas do MRT, mostrando que é também nos momentos de lazer e descanso que os trabalhadores e juventude podem se fortalecer juntos e se preparar para as batalhas de agora e futuras contra a extrema-direita e os ataques, com independência da nossa classe, se organizando e batalhando por uma perspectiva que nos coloque não carregando a crise capitalista nas costas, mas sim carregando a certeza da nossa força e de que a saída é “apontando a um novo horizonte que não seja a angustia individual, a tristeza, a passividade, a desmoralização mas sim a esperança, uma esperança que não é mística, abstrata mas uma esperança construída com os olhos bem abertos para ver as dificuldades, com os pés no presente mas com o otimismo ardente e apaixonado pelo futuro”, como Marcello Pablito disse, encerrando sua fala.




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