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Militares na política | Mais da metade dos jovens e maioria dos pobres no Brasil rechaçam militares no governo

Pesquisa do PoderData sobre o que a população pensa da participação dos militares no governo e na política mostra o rechaço de mais da metade da parcela jovem da população e da maioria dos que recebem até 2 salários mínimos. É preciso rechaçar a presença de militares na política!

Gabriel RodriguesEstudante de Medicina da UEMG

quinta-feira 5 de maio de 2022 | Edição do dia

Foto: Fernando Frazão/Agencia Brasil

Mesmo com a extrema-direita alentando a participação de militares nos últimos anos, sendo isso naturalizado pela mídia e por grande parte da esquerda, a maior parte da população continua sendo contra militares na política e consideram que isso seja ruim para o Brasil.

Nos últimos anos, com o fortalecimento da extrema-direita no Brasil, com o ascenso do bolsonarismo, a participação dos militares na política foi aumentando a cada ano. No governo Bolsonaro militares assumiram ministérios, secretarias e milhares foram alocados em repartições públicas, sendo a maior participação de militares em um governo desde a ditadura.

Essa participação tem como base uma transição pactuada e de anistia ampla geral e irrestrita aos militares da ditadura, que não foram punidos por seus crimes, com os torturadores, generais e militares continuando influenciando na política e nos quartéis.

Nesse marco, com o avanço da militarização nos últimos anos, houve uma grande naturalização da mídia e também de grande parte da esquerda. A mídia burguesa é uma antiga aliada dos militares devido aos seus interesses de classes, que os apoiou diretamente na ditadura e, durante os últimos anos, sua atuação não se afasta muito dessa tradição.

No entanto, mesmo com essa naturalização da participação dos militares - um setor reacionário, que serve somente para reprimir a classe trabalhadora e os setores oprimidos - a maior parte da população civil continua vendo isso de maneira negativa. A parcela da população que lidera o rechaço à presença militar na política são os jovens de 16 a 24 anos e pessoas que ganham até 2 salários mínimos.

Parcela essa que sofre com crise, com a precarização da vida e com a violência do Estado que está presente em seus cotidianos. Segundo a pesquisa do PoderData, 53% dos jovens consideram ruim para o Brasil a participação de militares na política, enquanto que 40% consideram bom. Essa é a parcela da população com maior rechaço aos milicos. Em relação à renda, a parcela mais pobre, que ganha até 2 salários mínimos, é a que acha pior para o Brasil a participação dos militares no governo, com 49% considerando ruim e 35% considerando boa a participação militar na política.

As mulheres também lideram no rechaço aos militares em relação aos homens, com 49% das entrevistadas respondendo que consideram ruim a participação dos militares na política, enquanto que os homens que deram essa resposta representam 39% dos entrevistados.

Mesmo com tamanha naturalização, a maior parte da população rechaça os militares. Ao todo 44% rechaçam os militares na política e 43% consideram bom. Esse número tão equilibrado reflete tamanha naturalização da militarização da política que, ao nosso ver, é inaceitável. Além de incontáveis casos de corrupção envolvendo militares e empresários, os privilégios que militares nadam há décadas, os bilhões de dinheiro público gastos em regalias como picanha, bebidas caras, filé mignon e etc., além disso tudo, os militares são base de sustentação desse regime golpista que garante tudo para os ricos e o inferno aos trabalhadores.

A democracia brasileira conviveu desde o fim da ditadura militar com criminosos mandando e desmandando durante décadas. Além de não serem punidos, muitos militares foram colocados em postos de destaque mesmo durante os governos petistas. Em meio à crise, os militares se colocam cada vez mais ativamente na política para defender seus interesses e da burguesia. É preciso rechaçar toda a atuação dos militares e lembrar sempre, principalmente aos trabalhadores, que os militares são inimigos de classe, que servem para reprimir e massacrar a luta dos trabalhadores. Seus interesses na política, no fim, são somente para cumprir o papel que essa instituição cumpre.

Veja os dados completos:




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