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DIREITO AO ABORTO | Mãe de dois filhos pede ao STF o direito ao aborto e diz “Não quero ser mais uma que morre”

A estudante e empregada temporária Rebeca Leite, 30 anos, mãe de dois filhos, afirma não ter condições para manter uma nova gravidez e teme não conseguir um novo emprego estando grávida. Assim entrou com pedido ao STF para fazer um aborto seguro e diz querer viver com seus filhos com saúde e não ser "mais uma mulher que morre em casa por hemorragia".

quinta-feira 23 de novembro de 2017 | Edição do dia

FOTO ILUSTRATIVA

Rebeca fez um pedido ao STF para interromper sua gravidez, que já completa 6 semanas. Ela foi representada pelo PSOL e o ANIS – Instituto de Bioética. A trabalhadora e estudante, que atualmente está num emprego temporário que vai até fevereiro/2018, já é responsável pela criação de dois filhos e afirma não ter condições econômicas e emocionais de continuar essa gestação.

Em entrevista concedida ao Jornal Estado, a trabalhadora alega que não teria dificuldades em recorrer a um procedimento clandestino, porém ela não considera esta hipótese pelo fato de representar riscos à sua vida: “não quero ser mais uma mulher que morre em casa depois de hemorragia ou em uma clínica clandestina e depois é jogada na rua. Ou, ainda, ser presa”, justifica. “Quero viver com meus filhos, com saúde e segurança” e além do mais “terminando o trabalho temporário, quem contrataria uma mulher grávida?”

O drama que Rebeca vive é o de milhares de mulheres que por conta da criminalização do aborto, são impossibilitadas de escolher os rumos das próprias vidas. Muitas vezes obrigadas a colocarem suas vidas em risco em abortos clandestinos, ou a terem filhos sem condições materiais de criar as crianças.

No STF não existe nenhum precedente autorizando o procedimento de aborto em casos como esse, a não ser os que envolvem risco de vida para a mulher ou feto com má-formação. A liminar no caso de Rebeca ainda não foi avaliada.

Contudo os prognósticos não são bons, os parlamentares vêm querendo avançar sobre os direitos das mulheres, acabaram de votar em uma comissão a criminalização do aborto até em casos de risco de morte da mãe e em estupros. A hipocrisia dos políticos e juízes é tamanha que falam "pela vida" para justificar a criminalização do aborto, mas nem se importam com a vida da mulher, além de defenderem políticas como a redução da maioridade penal, por exemplo.

O judiciário e o legislativo aprovaram a Reforma Trabalhista que acaba com os direitos trabalhistas, principalmente das mulheres negras, tira delas qualquer condições de criarem seus filhos. Além disso cortam gastos com educação e saúde, impedindo mesmo as mulheres que querem ser mães de terem um pré natal decente. Desse modo, são cúmplices da precarização da vida das mulheres.

O caso de Rebeca é a realidade para milhares de mulheres, num país que registra a escandalosa média de 4 mulheres mortas por dia devido a complicações do aborto. O fato de ser estudante, com 2 filhos e em um trabalho temporário, denuncia também como os efeitos nefastos da Reforma Trabalhista afetarão a vida de milhões de mulheres que já não têm o direito de decidir sobre seu corpo e que agora passarão a ter ainda menos condições de garantir uma vida digna, em meio ao trabalho insalubre e intermitente.




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