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França | Macron reinicia campanha com promessas demagógicas sobre a reforma da previdência

Macron retoma sua campanha no norte da França. Uma operação para seduzir os trabalhadores em que chegou a dizer que estava disposto a reverter a reforma da previdência.

terça-feira 12 de abril de 2022 | Edição do dia

O presidente francês Emmanuel Macron encerrou a primeira parte de sua campanha para a reeleição indo ao mercado de Neuilly, a cidade mais rica da França. O ato foi um símbolo para o presidente dos ricos e seu programa de ataque aos direitos sociais. Nesta segunda-feira, no início da campanha para o segundo turno onde enfrentará a ultradireitista Marine Le Pen, o presidente escolheu Denain, no norte do país, onde sua adversária reúne 41,67% dos votos.

Macron procurou organizar um encontro com a "classe trabalhadora" naquela cidade que tradicionalmente votava no Partido Socialista, mas onde Le Pen venceu desta vez.

É a primeira etapa do que pretende ser uma "campanha de contato" no terreno, "manhã, tarde e noite", com um objetivo claro por parte de Emmanuel Macron: posar de baluarte contra a extrema direita, flertar com os trabalhadores e reviver a famosa "frente republicana" para enfrentar Le Pen.

Assim que chegou em Denain, Macron se apressou em anunciar que o bônus de fim de ano que as empresas tinham que pagar a seus funcionários, estabelecido pelo executivo para responder à movimentação dos coletes amarelos, se tornaria permanente caso ele fosse reeleito, ao mesmo tempo, explicou que seus projetos "devem ser enriquecidos" em termos de trabalho e ecologia.

Mas foi na questão das pensões que fez os anúncios mais ofensivos, procurando lançar com força a sua operação de sedução dos eleitores.

Questionado pelos aposentados sobre a reforma da previdência, defendeu o seu projeto de reforma e atacou os regimes especiais, alegando que "as dificuldades destes setores já não correspondem às realidades" antes de prometer que indexaria "a partir deste verão as pensões acima da inflação". Uma medida reafirmada à tarde durante entrevista ao canal BFM TV onde Macron foi mais longe.

Questionado sobre a possibilidade de um "referendo" sobre a reforma da previdência, Macron explicou que não descarta essa possibilidade para nenhuma medida, antes de apontar que " os 65 (para a idade mínima de aposentadoria) não são um dogma", e explicou que seria possível uma redução limitada a 64 anos.

O anúncio apresentou-se como um sinal de seu desejo de "compromisso" e "consenso", que se parece muito com uma manobra duas semanas antes do segundo turno. É difícil não ver neste anúncio um sinal da preocupação de Macron e seu desejo de jogar lenha na fogueira para tentar flertar com as classes populares que apoiavam os candidatos de esquerda, em particular Jean-Luc Mélenchon que ficou em terceiro lugar com 22% dos votos.

Uma tática cínica que mal cobre uma ofensiva de cinco anos contra os direitos dos trabalhadores. Como mostrou nas últimas semanas, Macron pretende redobrar a ofensiva em um hipotético futuro governo: aposentadorias, sistema de assistência social, ataques ao funcionalismo público, e isso reforçando seus aspectos mais autoritários.

Macron e seu governo alimentaram o clima reacionário dos últimos anos e, portanto, a luta contra a extrema direita e suas ideias exige uma luta sem concessões contra o macronismo.

O Révolution Permanente, integrante da Rede Internacional Esquerda Diário, aponta que nesta segunda rodada, como em 2017, a saída não pode ser Le Pen ou Macron. Enquanto ambos os candidatos realizam projetos de ataques diretos às conquistas sociais, o urgente é preparar um bloco de resistência que busque vincular os setores em luta para se defender e contra-atacar os ataques que estão por vir, dando continuidade aos importantes processos de luta vistos nesses últimos cinco anos.




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