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França | Macron anuncia quarentena total na França

Em anúncio oficial nesta quarta-feira, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou um confinamento em todo o país durante um mês a partir desta sexta-feira. Esta decisão desesperada é produto da gestão repressiva e desastrosa da pandemia que vem ocorrendo há meses.

quinta-feira 29 de outubro de 2020 | Edição do dia

O presidente francês Emmanuel Macron anunciou nesta quarta-feira um confinamento nacional que durará um mês a partir desta sexta-feira. Diante da escalada descontrolada da segunda onda da pandemia, o governo apostou em uma série de medidas repressivas, incluindo toque de recolher. Sem ter fortalecido o sistema de saúde em todos esses meses, agora aposta em um confinamento massivo. Entretanto, como durante a primeira onda, os trabalhadores terão que arriscar suas vidas para chegar a seus empregos (muitos deles não essenciais para combater a COVID-19), sem equipamentos de proteção individual ou protocolos de segurança.

É necessário dar “um freio brutal aos contágios” para evitar o colapso dos hospitais, afirmou em uma declaração televisiva à nação. O presidente especificou que esta nova restrição será aplicada da meia-noite de quinta-feira para a sexta-feira, “pelo menos” até o próximo 1° de dezembro, e pediu a responsabilidade de todos para retardar esta segunda onda, que ele advertiu que será “mais dura e mais mortal que a primeira”.

“O vírus circula pela França a uma velocidade que nem mesmo as previsões mais pessimistas anteciparam. (...) Devemos reconhecer que, como todos os nossos vizinhos, estamos sobrecarregados pela aceleração repentina da epidemia”, reconheceu Macron em sua intervenção em horário de máxima audiência.

Se trata de uma afirmação completamente cínica de um presidente que durante meses apenas especulou sobre o aparecimento de uma vacina que lhe permitiria resistir uma situação como a atual. Enquanto foram desembolsados milhares de milhões de euros para salvar as grandes empresas e o setor financeiro, apenas uma parcela insignificante foi destinada ao sistema de saúde. Esvaziada pelos anos de políticas de ajuste neoliberais, a saúde pública precisava de uma contribuição sem precedentes ao nível da pandemia histórica que afronta o mundo. Porém, isso não aconteceu. Durante meses houve uma falsa propaganda sobre a necessidade de escolher entre a saúde ou a economia. Em um primeiro momento, foi dito que a saúde era prioridade, mas mesmo nesse momento milhares de trabalhadores não essenciais no combate à pandemia tiveram que continuar indo trabalhar sem nenhum equipamento de proteção individual. O governo, pressionado pelos grandes empresários e sem ter reforçado o sistema de saúde nem implementado um sistema de testes massivos que permitiria um rápido rastreamento dos casos, abriu a economia, multiplicando os contágios e levando ao desastre atual.

Parte desse cinismo é o fato de que, embora fale de confinamento, permite que as escolas permaneçam abertas. Seu único objetivo é que os pais e mães continuem trabalhando (seja de modo presencial ou via teletrabalho).

Nesse sentido, Macron esclareceu “As fábricas, fazendas e obras públicas seguirão funcionando. A economia não deve parar nem entrar em colapso”. Entre os comércios e estabelecimentos “não essenciais” que terão que fechar incluem bares e restaurantes.

Nenhuma das medidas anunciadas incluía uma injeção urgente de fundos para o sistema de saúde. Entretanto, o que a França precisa urgentemente é um plano de investimento massivo para que os hospitais lidem com esta segunda onda. Enquanto 2.900 pessoas já estão em terapia intensiva e a França tem apenas 5.800 leitos de terapia intensiva, o governo não parece disposto a pagar um único centavo para esse fim.

Diante de uma epidemia “fora de controle”, são necessárias medidas realmente fortes; devemos buscar realmente romper as cadeias de contágio. É evidente que as medidas de Macron são voltadas para a economia e não para a saúde - para a vida dos trabalhadores e o povo francês.




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