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JUVENTUDE INTERNACIONAL | MORENA e a precarização do trabalho da juventude no México

O MORENA (partido reformista mexicano, reconhecido oficialmente como partido em Julho de 2014 pelo recém criado Instituto Federal Eleitoral) se apresenta como a alternativa para a juventude pobre e trabalhadora no país. Nesta nota, discutiremos sobre as medidas que tal partido propõe contra o trabalho precário.

Yara AlmonteEstudante da UNAM

sexta-feira 14 de agosto de 2015 | 00:01

O MORENA se propõe a combater o emprego precário da juventude e reforomar os modelos de contratação. No México, uma esmagadora maioria da juventude trabalha em condições de precariedade. A média de permanência em um emprego muitas vezes não supera dois meses e os contratos temporais vão de 15 dias a 6 meses, quando há contrato. Pra além disso, o índice de desemprego dos jovens excede os 10% no país.

Como acabar com o trabalho precário na juventude?

Tal precarização implica não somente péssimas condições de trabalho como também nenhuma representação sindical, não se tem o direito de organização política e nem de protestar, terceirização e instabilidade, jornadas de mais de oito horas, rítmos intensos e salários de miséria que, hoje, rondam os $70 pesos diários (o que, no real, gira em torno de 14 a 15 reais diários).

A precarização implica que o emprego não permita o acesso a melhores condições de vida. A falta de oportunidades que enfrenta a classe trabalhadora e os setores populares, impedem o acesso à moradia, submetem jovens a abandonarem a escola por se verem obrigados a trabalhar para dar suporte às suas famílias ou a se manterem. É insuficiente para o acesso a um sistema de transporte público ineficáz e de altos custos, e uma oferta alimentícia baseada em produtos importados, pouco nutritivos e cujo os preços disparam.

Frente a este cenário, atacar as precárias condições de vida da juventude trabalhadora requer que as propostas elementares que propõe o partido MORENA como, doações de alimentos e "bilhete de transporte estudantil" sejam implementadas por mãos que transformem radicalmente esta situação. De outra forma são impotentes para mudar a realidade, de fundo, dos jovens.

Em primeiro lugar, se requer um aumento salarial de emergência de acordo com a inflação, que permita cobrir o custo da cesta básica, e salário igual para trabalho igual, isto é, que os jovens e as mulheres não tenham que receber salários mais baixos, que possam conter com plenos direitos trabalhistas e sindicais. Tem de garantir o emprego, pois a desocupação é um mecanismo que os capitalistas utilizam para pressionar os salários baixos e permitir a rotação da mão de obra nos postos de trabalho. Por isso, é elementar que as horas de trabalho se dividam entre os empregados e desempregados, com salário igual, definindo, assim, a duração da jornada. Se as patronais respondem que não há recursos, há de se exigir a abertura dos livros de contabilidade e lutar pelo controle e gestão operária das empresas, priorizando seus interesses em vez dos de capitalistas.

Como acabar com os ataques à juventude?

Levantar reivindicações por melhores condições de vida nos leva a questionar os privilégios de classe que os empresários e seus políticos querem que ignoremos para que possam "tirar do nosso para garantir o deles" e, assim, manter a precarização da vida. Isto implica questionar suas políticas, seus governos e seu Estado.

Os jovens mexicanos têm que denunciar que as Reformas Estruturais são um leilão ao capital estrangeiro da riqueza que geram os trabalhadores mexicanos. A principal oferta que o governo de Peña Nieto oferece às transnacionais é uma legislação trabalhista que permite a super exploração, quem tem eliminado a possibilidade de representação sindical, o direito de greve, que tem legalizado a terceirização e a instabilidade do emprego. Na realidade, a luta pelo fim do trabalho precário deve, necessariamente, estar ligada ao questionamento das transnacionais e grandes empresas. Nieto é o atual presidente do país e o mesmo que, ainda enquanto tal, sobre o massacre dos 43 estudantes normalistas deu ordem para que a polícia federal assumisse a repressão às manifestções após a insurreição causada pelos brutais assassinatos com revoltas ferrenhas no país.

Sem assumir esta perspectiva, as propostas que faz a direção do MORENA, embora sejam diferentes do que propõem outros partidos do Congresso, são insuficientes para resolver a situação urgente dos jovens trabalhadores e provenientes de setores populares. Se trata de uma perspectiva que não questiona o sistema capitalista, e cujos limites estão se expressando em experiências como o do Syriza (Grécia) que, frente uma perspectiva reformista, hoje está aceitando e aprofundando a subordinação da Troika (da qual fazem parte o FMI, Banco Central europeu e União Europeia) e a dos interesses dos países imperialistas europeus.

Frente a este cenário, para defender os direitos da juventude pobre e trabalhadora, assim como das mulheres e da diversidade de gênero, é fundamental enfrentar os grandes empresários e o capital estrangeiro, assim como ao regime político que estes últimos defendem. Também fundir uma grande unidade junto aos trabalhadores do campo e da cidade. Requer lutar junto às comunidades que enfrentam a paramilitarização e o desapontamento, como Ostula e Xochicuautla. Se junta à luta dos trabalhadores contra as patronais e as burocracias sindicais, como a grande luta do SNTCAT, os combativos trabalhadores da Honda em Jalisco. Lutar junto às mulheres que se mobilizam contra o feminicídio e as redes do mesmo, em defesa de seus direitos trabalhistas e pelo direito ao aborto.

Essa é a perspectiva que temos nós, que desenvolvemos o La Izquierda Diario e integramos o Movimento dos Trabalhadores Socialistas (Partido mexicano, irmão do Movimento Revolucionário de Trabalhadores no Brasil, que compõem, juntos, a internacional FT, Frente Trotskista); ao mesmo tempo considerar que só um governo de trabalhadores e o povo pobre pode resolver as demandas e aspirações das grandes maiorias do país.

Tradução: Raíssa Campachi




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