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CHACINA NO JACAREZINHO | MASSACRE DO JACAREZINHO: laudos da perícia apontam baleados pelas costas e à queima roupa

Laudos dos exames de necropsia obtidos pelo jornal "O Globo" mostram que houve 73 disparos que resultaram na morte dos 27 moradores do Jacarezinho. Alguns desses mortos estavam com feridas produzidas por disparos feitos à curta distância.

terça-feira 22 de junho de 2021 | Edição do dia

Foto: Rio de Paz

Os 27 mortos pela polícia na maior chacina da história do Rio de Janeiro, no Jacarezinho, foram atingidos por 73 disparos. Foi o que apontou o laudo dos exames de necropsia que o jornal "O Globo" teve acesso. Ainda é possível afirmar que 4 dos mortos foram atingidos pelas costas e que 1 apresentava ferida produzida por um disparo feito "à queima roupa", cerca de 60 à 70cm. John Jefferson Mendes Rufino da Silva, de 30 anos, foi uma das 7 vítimas que foram baleadas dentro de casa. No corpo de John foi identificada uma "zona de tatuagem" dispersa, o que é causada por vestígios de pólvora que o cano da arma solta - sendo um indício de que o disparo tenha sido feito à curta distância, segundo a perícia. John também apresentava uma marca de tiro no meio das costas.

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A brutalidade do massacre foi tamanha que outros 3 corpos também mostram feridas causadas por disparos feitos pelas costas. Outro corpo, de Richard Gabriel da Silva Ferreira, foi atingido por dois tiros no peito, um na barriga, um nas costas e um em cada um dos braços. Segundo o laudo, todos os tiros que o acertaram foram disparados por fuzis. Ele também foi baleado dentro de uma casa. A perícia feita no local não encontrou nenhum vestígio de confronto, o que mostra sinais claros de execução. 3 corpos tinham, além de feridas causadas por tiros, escoriações por arrasto. Em 5 das 6 casas onde os homicídios aconteceram, peritos encontraram marcas de sangue produzidas por corpos que foram arrastados. Todos os 27 baleados foram retirados da favela e levados a hospitais, onde já chegaram mortos, pois o socorro aos baleados demorou de 5 até 7 horas.

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Como denunciamos desde os primeiros atos que ocorreram tanto no Rio de Janeiro quanto no restante do país para lembrar os mortos e lutar por justiça para o Jacarezinho, a degradação das condições de vida da classe trabalhadora produzida pelos capitalistas só podem acarretar no aumento da violência. Por isso, uma resposta para a demanda por segurança precisa partir de responder de fundo a crise econômica, colocando uma saída anticapitalista. O que implica em lutar por emprego, educação e uma reforma urbana para dar perspectiva de vida para a juventude, só assim será possível dar resposta ao problema da violência social, ligando essa luta a um programa de emergência para parar com a chacina cotidiana, começando pela legalização de todas as drogas, dando fim a esse setor reacionário que obtém uma enorme lucratividade em base aos negócios ilegais e a morte da juventude negra, além de acabar com o chamado “auto de resistência”, que é a desculpa que utilizam sempre pra assassinar a juventude negra.

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Para lutar por justiça contra essas execuções sumárias, antes de mais nada é preciso batalhar por uma comissão independente, composta por ativistas dos direitos humanos, movimentos sociais das comunidades e sindicatos que apure a investigação do Estado. Lutamos pelo fim das operações nas favelas, pela indenização aos familiares dos assassinados e que todos os processos desse tipo sejam apurados por júri popular composto pelas comunidades, organismos de direitos humanos e sindicatos. Pelo fim dos tribunais militares e que os crimes policiais sejam julgados por júri popular, pelo fim dos privilégios dos juízes e que todo juiz ganhe igual a um professor e sejam eleitos pelo povo e pelo fim de todas as tropas especiais como o BOPE, a Tática e a Força Nacional, que são criadas para massacrar o povo pobre. Pelo fim imediato das UPPs.

Somente confiando na auto-organização dos trabalhadores nos seus locais de trabalho, da população pobre nos bairros, do movimento estudantil nas escolas e universidades é que poderemos avançar para enfrentar essa situação de miséria social e de desespero cotidiano para cada uma das famílias que vivem com medo permanente de que seus filhos não voltem mais das escolas.

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