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28 DE MAIO: Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher | Lutar contra a precarização do trabalho para fazer valer o direito à saúde das professoras

No Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher, os professores do estado de São Paulo chegam aos 70 dias de greve por melhores condições de trabalho e da educação. O Esquerda Diário entrevistou a professora categoria O, demitida pelo governo Alckmin (PSDB), Maíra Machado, conselheira regional da subsede de Santo André e integrante da Comissão de Mulheres do comando de greve.

quinta-feira 28 de maio de 2015 | 08:30

Nos conte um pouco sobre a rotina de uma professora na rede estadual de São Paulo:

Temos uma rotina de trabalho bastante desgastante, pois nossa jornada de trabalho é extensa. Os professores trabalham não apenas na sala de aula, mas também em casa acumulando correções de trabalho, preparação de aulas e provas, e na hora de recebermos nosso salário este trabalho que fazemos em casa não é pago e reconhecido. Nós professoras, também temos a jornada de trabalho em casa, pois as tarefas domésticas acabam sendo nossa responsabilidade. Então, se formos ver, temos no mínimo uma tripla jornada de trabalho. Sem contar o caso dos 30 mil professores categoria O que são os de contrato precário, os quais temos de dar aula em duas, três escolas, o que faz com que tenhamos que gastar ainda mais nosso salário e tempo com transporte. Além disso, enfrentamos salas superlotadas que não permitem desenvolver um trabalho de qualidade com os alunos, e nos desdobramos muitas vezes para cumprir o cuidado com as crianças e jovens.

Como essas condições de trabalho afetam a saúde dos professores?

Afetam profundamente, pois nos adoecem. O número de licenças médicas entre os professores é altíssimo por uma série de doenças ligadas à voz, audição, aparelho respiratório (alergias), cardio-vascular e problemas psíquicos. O índice de depressão entre os professores também é muito grande e no casos das professoras ainda acaba existindo uma pressão psicológica, muitas vezes por parte das direções, pois o Estado joga nas nossas costas as responsabilidade de cumprirmos o papel de “segunda mãe” e não garante profissionais dentro das escolas como assistentes sociais, fonoaudiólogas e psicólogas para trabalharmos em equipe para uma boa formação dos alunos.

No caso dos professores categoria O, ainda não temos direito ao IAMSPE (Instituto de Atendimento Médico ao Servidor Público Estadual), sem contar que a restrição do número de faltas médicas por mês para os professores efetivos e temporários é um desrespeito e uma humilhação, pois faz com que não tenhamos direito a nos cuidar, estando obrigados a trabalhar doentes. Por isso, uma de nossas reivindicações nessa greve é direitos iguais para todos, como o acesso ao IASMPE para os professores categorias O. O grupo de professores “Professores pela Base/Movimento Nossa Classe”, do qual eu faço parte, também defende a efetivação de todos os temporários e precários sem necessidade de concurso público, pois somos todos professores.

Qual sua última mensagem?

É necessário defender uma educação pública, gratuita e de qualidade, lutando contra a precarização do trabalho para fazer valer o direito à saúde das professoras e professores. Infelizmente, além do projeto do governo Alckmin de impor uma educação cada vez mais precarizada, sufocando as professoras e professores, nossa luta tem que enfrentar as barreiras impostas pela burocracia sindical da Apeoesp, dirigida pela CUT-PT que é também responsável pela péssima condição de vida e trabalho da nossa categoria e da educação pública paulista.




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