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HUNGRIA | Luta de classes na Hungria: mais um dia de protestos contra a “lei da escravidão”

Cerca de 10 mil húngaros voltaram às ruas de Budapeste neste domingo (16) para protestar contra a nova lei trabalhista e contra o autoritarismo crescente do governo do primeiro-ministro de direita, Viktor Orbán.

segunda-feira 17 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Cerca de 10 mil húngaros voltaram às ruas de Budapeste neste domingo (16) para protestar contra a nova lei trabalhista e contra o autoritarismo crescente do governo do primeiro-ministro de direita, Viktor Orbán.

A manifestação, intitulada pelos organizadores de “Feliz Natal, Sr. Primeiro-Ministro”, foi o quarto e maior movimento organizado em uma semana, contando com partidos de esquerda de oposição ao governo, grupos civis, estudantes e sindicatos, sendo mais massivo que o anterior, no qual os manifestantes, em sua maioria jovens, se reuniram na Praça Kossuth e marcharam pelas avenidas do centro da capital húngara aos gritos de “Fora Orbán” e “Ditador”.

A nova regulamentação que fora denominada pelos manifestantes como “lei da escravidão” permite, entre outras coisas, que um trabalhador faça até 400 horas extras por ano, em comparação com as 250 permitidas até agora, e autoriza as empresas a pagar essas horas até 36 meses depois de terem sido trabalhadas. Em teoria, as horas extras são voluntárias, mas, na prática, por medo de perder o emprego, alguns trabalhadores são forçados a trabalhar 6 dias por semana.

Os manifestantes caminhavam pela Praça dos Heróis em direção ao Parlamento. Eles carregavam faixas com mensagens como “não roube” e “justiça independente”. A multidão somava cerca de 10 mil pessoas quando chegou ao Parlamento.

“Esse governo ignora a nós, trabalhadores”, disse Tamas Szekely, vice-chefe da Associação dos Sindicatos Húngaros, em um discurso. “Nós devemos levantar nossas vozes e dar uma resposta”, completou.

O partido do primeiro-ministro Viktor Orbán, Fidesz, votou por maioria na última quarta-feira a “lei dos escravos”, contra os trabalhadores húngaros, a pedido das montadoras alemãs. Segundo denúncias de sindicatos da Hungria e Alemanha, as empresas-mãe da Volkswagen e da BMW teriam exigido do governo de Orbán a garantia de mão-de-obra barata por um período ilimitado.

Numa tentativa de deslegitimar os protestos, o partido de Orbán, Fidesz, disse que é “cada vez mais óbvio que criminosos fazem parte dos tumultos de rua organizados pela rede de Soros”, em referência a George Soros, um bilionário liberal norte-americano nascido na Hungria, com quem Orbán trava um conflito político há anos.

O primeiro-ministro Orbán cimentou seu governo com um discurso ultra-direitista, ódio contra os migrantes e contra a União Européia. No final de agosto, o húngaro se reuniu em Milão com o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, para colocar a pé uma fachada contra os imigrantes.

Protestos contra a “lei da escravidão" que Órban impulsionou mostra que as forças de avanço de discursos nacionalistas de extrema direita encontra resistência ao aplicar seus planos de reforma verdadeiros servindo grandes empresas multinacionais na Europa, como a indústria automobilística Alemã.




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