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LUTA CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEM | Luta contra o aumento das passagens e o ajuste fiscal do PMDB no Rio de Janeiro

Os trabalhadores e o povo pobre carioca tiveram uma grande surpresa nesta virada de ano: mal terminada as festas, um abusivo aumento de 11,7% nas passagens foi aplicado já no “sabadão”, aumentando as passagens no município dos já abusivos 3,40 reais para impagáveis 3,80. O decreto do Prefeito Eduardo Paes foi publicado no dia 31, uma mostra de que o prefeito do PMDB não tira um dia de descanso em sua tarefa de aumentar o sufoco dos trabalhadores na cidade do rio de janeiro, garantindo o lucro dos empresários do transporte em cima de nosso suor.

sexta-feira 8 de janeiro de 2016 | 00:00

Somado a este aumento, também está previsto o aumento nas barcas, nos trens e até no metro. O secretário municipal dos transportes, Rafael Picciani (filho do Presidente da Alerj Jorge Picciani), é responsável no governo Paes, também por começar a colocar em prática um plano de restrição do acesso à vitrine Carioca, a Zona Sul, pelos moradores de zonas afastadas, (Zona Oeste e Zona Norte) chamado de “plano de racionalização” das linhas da Zona Sul, que prevê a retirada e o encurtamento de várias linhas que fazem este trajeto. Na prática, um projeto racista de “pedágio racial” da juventude negra e dos trabalhadores que tem o acesso restrito à área “nobre” da cidade, dobrando o número de passagens que estes teriam que pagar para fazer aquele mesmo trajeto, ou simplesmente acabando com algumas linhas.

“O que eu estou pagando com a minha tarifa?”

Com mais este aumento abusivo das passagens, Paes quer alçar sua carreira política “do Rio de Janeiro para o Mundo”. Ou seja, de vento em popa mostrando que sabe atender aos interesses das elites dominantes do país, a burguesia que tem uma relação direta com o estado e os governos para tornar seus negócios cada vez mais lucrativos. Assistimos a este filme em 2013, quando Paes e Cabral tomaram um grande susto, ao aumentar as passagens e terem que se enfrentar com um grande movimento de juventude naquela época, tal como aconteceu antes daqui em São Paulo e em várias cidades do país.

O cartel dos ônibus, Fetranspor, composto por diversas empresas, fornece um serviço extremamente precário aos usuários, que são em imensa maioria trabalhadores que viajam 3 horas ou mais todos os dias no eixo casa-trabalho em ônibus superlotados com um trânsito absurdo, aumentado pelas obras olímpicas e do VLT, o Veículo Leve sobre Trilhos que deverá atender aos turistas (enquanto os trabalhadores viajam como sardinhas enlatadas nos trens da SuperVia), indo do Aeroporto Santos Dummont até a Rodoviária, passando pela Zona Portuária que é a menina dos olhos da prefeitura.

Lá em 2013, além da repressão brutal para cima dos movimentos de juventude contra o aumento da passagem, Paes prometeu que todo ônibus teria ar-condicionado como tentativa de calar o movimento. Isto teve o mesmo valor que qualquer promessa de político desta democracia corrupta e degradada. Hoje, alguns raros ônibus desfilam na cidade com grandes adesivos “mais um ônibus com ar-condicionado”, uma tentativa sem vergonha de enganar o usuário sobre a abusividade deste último aumento de tarifa, e mal sucedido já que todos nós sabemos qual é a realidade dos ônibus que pegamos todos os dias.

Ainda sobre os ares-condicionados, o secretário dos transportes Rafael Picciani disse em entrevista para o Bom Dia Rio do Globo que “as metas são feitas para serem perseguidas”, em outro clássico do vocabulário de político. A meta pode ser bastante elástica porque enquanto os empresários lucram com nosso suor no transporte público, todos estes políticos que os representam na Alerj tiveram sua frota de carrões de luxo renovada neste ano que passou, um presente de natal que deram a si mesmos, que custou 1,2 milhão de nosso dinheiro.

PMDB e Fetranspor atacam usuários e rodoviários

Uma das justificativas do Picciani dos transportes para tal aumento foi o dissídio dos trabalhadores rodoviários, tentando dizer que aumentou o custo com a mão-de-obra e este seria um dos motivos para aumentar a tarifa. Uma das várias mentiras deslavadas, já que desde 2014 está se aprofundando um processo de precarização do trabalho rodoviário pela via de acumulação de funções. É simples, o governo instituiu já há algum tempo a “dupla-função”, que significa o rodoviário exercer a função de motorista e cobrador. Esta relação de trabalho tem se multiplicado em todas as empresas no último período, em particular os últimos dois anos.
Além de ser um risco para os usuários o fato de que o trabalhador tem cobrar e dirigir um ônibus lotado ao mesmo tempo, a isto se soma a cobrança de horas abusiva com que o rodoviário é sujeitado. A empresa, através de seus fiscais e encarregados, exigem uma quilometragem absurda e impõem um ritmo frenético aos rodoviários, que às vezes são obrigados a cumprir escalas e horas extras para conseguir um pagamento digno.

Tanto pela via da coação, com ameaças de advertência ou descontos caso as metas não sejam cumpridas, quanto pela própria condição de ter que cumprir hora extra para receber um salário digno, são fatores que trabalham para que as empresas lucrem em cima da mais extrema precarização do trabalho rodoviário, e que interferem diretamente nas condições com que o serviço de transporte público é ofertado aos usuários. A “dupla-função” ou acumulação de tarefas é um passo além nesta relação, porque elimina o custo com o cobrador daquele “carro”, de forma que cada passagem deste ônibus dá mais lucro para o dono da empresa, em cima do sufoco do trabalhador e do usuário.

A solução para o caos do transporte é tirar das mãos dos políticos corruptos e dos cartéis o controle dos ônibus, barcas, ferrovias e metro. A estatização sob controle dos trabalhadores e usuários é a única maneira de ter um transporte barato e eficiente, que tenha suas linhas definidas pelos usuários, que os usam todos os dias para trabalhar, e seja gerido pelos trabalhadores, ou seja, que não funcione para o lucro em cima do nosso suor. Para isto, é preciso que a juventude forje uma aliança com os rodoviários neste combate contra o aumento das passagens, e tome para si suas demandas contra a precarização e por melhores condições de trabalho.

Enfrentar o aumento das passagens e o ajuste fiscal do PMDB

As medidas tomadas pela prefeitura do Eduardo Paes estão em consonância com a política do Governador Pezão, que também é do PMDB. O PMDB, que governa o Rio junto ao PT, vem aplicando uma série de cortes enquanto faz uma “espetacularização” reacionária da cidade do Rio de Janeiro. O Governo do Estado contraiu uma série de dívidas com o BNDES para terminar as obras olímpicas. Com a crise do estado pela diminuição da arrecadação de royalties do petróleo, porque o preço do barril caiu, Pezão passou a conta para os servidores do estado e a população de conjunto, são dezenas de hospitais e UPAs com funcionamento parcial ou parado, dois hospitais do estado que passaram à gerência da prefeitura por falta de verba, três Universidades estaduais caindo aos pedaços e entrando em 2016 com mais cortes.

Aos servidores do Estado, Pezão deu a previsão de que pagará os salários lá para o dia 12. Para receber o décimo terceiro, um servidor teria que contrair um empréstimo no Bradesco. Isto sem contar que em todas os locais do estado em que há serviços essenciais como a educação e os hospitais (universitários ou estaduais), os servidores que são terceirizados estão com problemas de pagamento, vários sem receber desde dezembro o que agrava a crise dos serviços públicos e o sufoco na fila do atendimento do hospital.

O ajuste fiscal do PMDB, que inclui os cortes de Pezão e o aumento da passagem de Paes, são parte de preparar fazer a cidade ser lucrativa para as empreiteiras, transformando ela em um “espetáculo” para os turistas e investidores, enquanto exclui a maioria do povo pobre de suas áreas nobres, controlando militarmente as populações mais pobres através das UPPs e transferindo a conta desta operação para o bolso dos trabalhadores com os cortes de salário e sucateamento da saúde e educação públicas. Por isso, a luta contra o aumento das passagens tem que ser encarada como uma luta contra as medidas que fazem esta cidade servir aos interesses de grupos de empresários e investidores, e tem que ser tomada em aliança com todos setores que estão sendo atacados: a juventude das universidades, os servidores públicos, os trabalhadores e todo povo carioca que necessita de um hospital público ou que sofre na pele a repressão do racismo estrutural desta cidade.




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