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PRIMEIRA ANÁLISE | Lula nomeado ministro da Casa Civil: manobra arriscada do PT

quarta-feira 16 de março de 2016 | 15:42

Após as importantes manifestações contra Dilma, Lula e pelo impeachment neste domingo que deram maior ímpeto ao impeachment, com o desenvolvimento da Lava Jato que ameaça a queda e possível prisão do importante ministro Mercadante e do próprio ex-presidente, Dilma, Lula e o PT tomaram uma medida extrema que terá muitas consequências. A nomeação de Lula como ministro da Casa Civil abre muitas interrogações na situação nacional, inclusive se, e qual, alteração na política econômica ocorrerá, havendo até a especulação de saída do presidente do Banco Central, Tombini.

A medida arriscada tomada pelo PT aconteceu depois de governar assumindo os mais corruptos procedimentos capitalistas, fechar acordos que fortaleceram a direita de Cunha a Feliciano, fortalecer a autonomia e falta de controle democrático no judiciário que agora lhe acossa, o PT e Dilma nomearam Lula ministro da Casa Civil.

Organizadores das manifestações do dia 13/03 prometeram manifestações caso esta nomeação ocorresse. Ainda está por se ver se ocorrerão e com qual intensidade e adesão.

A oposição já havia anunciado que recorreria ao Supremo contra esta nomeação e para seguimento do processo sob mando de Moro. Os promotores de São Paulo que pediram prisão preventiva de Lula recorreram hoje contra decisão da juíza Maria Priscilla Ernandes, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, que havia decidido mandar para o juiz federal Sérgio Moro, com o argumento de que a movimentação do dinheiro do Triplex se deu anos antes do Petrolão investigado na Lava Jato.

Não há base jurídica clara que determine se o inquérito prévio a sua nomeação pode prosseguir, qual vai ser o resultado desse recurso dos promotores de SP ou se sua nova situação jurídica, como ministro, lhe confere retroativamente foro privilegiado, podendo somente ser preso sob decisão do STF ou se esta medida ainda caberá a Moro. Ou seja, não se sabe se poderemos ter um superministro preso.

Esta batalha jurídica se somará a possível pressão sob seus familiares que devem continuar sob julgamento de Moro e não se deve estranhar uma provável ofensiva contra sua esposa e filhos neste aumentar das apostas do PT, da oposição e da Lava Jato que já havia esquentado o país com a arbitrária condução coercitiva e pedido de prisão preventiva do ex-presidente. Estas batalhas jurídicas e policiais que tendem a se desenvolver nos próximos dias, são somente uma parte das imensas batalhas políticas por vir onde se coloca em jogo toda a estabilidade política de um regime construído em longa transição da ditadura contando com o PT e a CUT como fatores de contenção da luta de classes.

Lula tem como missão salvar a si mesmo, ao governo do impeachment, tentar recompor a relação do governo com o PMDB que ameaça a ruptura, além de buscar recompor base de apoio entre a população em meio aos escândalos de corrupção e os ajustes que já significaram cortes nos gastos sociais de saúde e educação, aumento do desemprego, entrega do pré-sal, abertura das estatais para privatização com a PLS 555 e ameaça de reforma da Previdência.

O PT arrisca muito ao colocar seu líder que apesar do grande desgaste ainda tem capital político, principalmente com os sindicatos e movimentos sociais, para compor o governo que implementa os ajustes e que tem Dilma imensamente desgastada. Lula como ministro aplicando diretamente os ataques podem estar queimando o fusível mais forte do PT. Significa então que o governo vai buscar uma linha de fazer pequenas mudanças na política econômica para tentar recuperar popularidade sem deixar de ser uma outra resposta burguesa para a crise? Por ser essa a intenção de Lula e Dilma.
Apostam também que a defesa de um governo Lula-Dilma pode suscitar maiores paixões na classe trabalhadora contra o impeachment do que somente a presidente pior avaliada da história do país. Por outro lado, também suscitará maiores paixões por sua deposição.

Entre o capital político prévio de Lula e esta nomeação que deve despertar ações da oposição e de setores de classe média que tomaram as ruas neste domingo em número expressivo há um empate das forças como desenvolvemos nesse artigo no país com as principais figuras da oposição como Aécio e Alckmin tendo que sair às pressas de manifestação por eles convocada, com sua base eleitoral e em seu bastião a Avenida Paulista.

Esta situação de um PT muito debilitado e uma oposição dividida e enfraquecida ergue o judiciário como árbitro da situação. O judiciário com suas medidas arbitrárias contra um poderoso ex-presidente mostra para todos trabalhadores que virá ainda mais duro contra quem desafiar a lutar contra os ajustes. Sérgio Moro estudou por longos anos no Departamento de Estado americano, tem ligações com a Shell e o PSDB, não confiamos de que uma casta de juízes ligados a empresários, políticos e interesses estrangeiros se conhecerá a profundidade e podridão da corrupção que assola o país.

Esta situação política suscita paixões e entre a divisão dos de cima pode contribuir para a ação dos “de baixo” como se vê na luta dos professores e estudantes do ensino médio carioca. A isto apostamos todas nossas forças lutando para que imediatamente um movimento nacional contra os ajustes e a impunidade e que exijamos da CUT e CTB sua ruptura imediata com o governo Lula-Dilma para que os trabalhadores em meio à crise política deem uma resposta independente pelo fim da impunidade e organizem uma verdadeira batalha contra os ajustes e entrega ao imperialismo dos recursos nacionais.

O MRT em toda esta grave situação política tem se posicionado contra o mecanismo reacionário do impeachment que dá a 300 picaretas ou a juízes que ninguém elegeu a decisão de revogar o sufrágio dado a Dilma para dar lugar a um novo governo que promete ajustes ainda maiores e mais graves contra a classe trabalhadora e o povo. Esta oposição ao impeachment não está separada da luta contra a impunidade, que esta escandalosa nomeação de Lula como iniciativa desesperada para o livrar de julgamento é mais uma expressão de um regime político corrupto seja sob mando petista ou tucano que não tem nada a oferecer a classe trabalhadora além de mais ajustes e maiores escândalos de corrupção.

Lutamos para que os trabalhadores e a juventude imponham pela força de sua mobilização independente contra os ajustes e impunidade uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que torne pública cada delação, julgue cada corrupto do país, acabe com os privilégios dos políticos, empresários, juízes promotores e permita aos trabalhadores e a juventude tomarem em suas mãos o rumo do país acabando com os ajustes e utilizando cada centavo da dívida pública e cada gota do pré-sal para que o realmente nos importa: emprego, salário, saúde e educação.




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