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PROFESSORES DO PARANÁ | Lula e ministro petista criticam a repressão, mas se calam sobre ataque na aposentadoria

André BofSão Paulo

sexta-feira 1º de maio de 2015 | 00:01

Frente ao cenário de guerra deixado pela repressão aos professores estaduais do Paraná, neste último dia 29 de abril, que deixou um saldo de mais de 200 feridos e marcou a conjuntura nacional com as cenas de bombas, balas, sangue e desespero de milhares de professores, algumas personalidades políticas e autoridades ligadas ao PT se pronunciaram.

O ministro da Secretaria nacional de direitos humanos, Pepe Vargas, condenou a ação da PM paranaense afirmando que “os movimentos sociais não devem ser tratados como caso de polícia”, mas como “movimento reivindicatório” e que a ação da polícia foi de uma “violência desnecessária”.

Mais além do que o ministro foi Paulo Sérgio Pinheiro, ex-ministro dos direitos humanos da gestão Fernando Henrique Cardoso, afirmando que as cenas da última manifestação expressam um tipo de violência que se vê em Ditaduras, questionando a capacidade do Governo estadual, de Beto Richa, do PSDB, de dialogar com protestos pacíficos.

Numa linha parecida, seguiu Lula que, através de sua conta no Twitter, afirmou que se “solidariza com os professores do Paraná” criticando a “agressão da PM” que teria “restringido o direito de manifestação dos professores”, o que seria especialmente grave, pois estes “trabalham pela educação de nossos jovens e do futuro do país”.

Beto Richa, governador tucano que tenta implementar um projeto de alteração do pagamento de aposentadoria que pode prejudicar mais de 33 mil aposentados com mais de 73 anos, se utilizou da justificativa de que os atos de professores teriam sido “infiltrados” por Black blocs e pessoas estranhas a manifestação que, por “irracionalidade e radicalismo” teriam iniciado a agressão da PM que teria apenas reagido.

O fato é que, não apenas as imagens demonstram que a repressão partiu da PM que de maneira absolutamente selvagem se dirigiu ao conjunto dos mais de 20 mil professores concentrados na cidade de Curitiba, como a justificativa de Richa não é nova, mas reproduz uma utilizada por autoridades e intelectuais petistas ao longo das manifestações que ocorrem desde a copa do mundo.

Se hoje é Richa que criminaliza os professores afirmando que entre eles se infiltraram “radicais”, em outros momentos era a cúpula do PT que tentava criminalizar movimentos de Juventude e sociais que se colocavam em luta por moradia, transporte, contra aumento das tarifas, etc.

Por outro lado, ainda que Lula - já em plena campanha eleitoral e opinando sobre temas que fragilizam o PSDB - e estes setores ligados aos direitos humanos afirmem que a ação absurda da PM restringe a liberdade de manifestação e é um ataque aos professores (o que, sem dúvida, é correto), por outro lado calam sobre os cortes que PT implementa nacionalmente e sobre o ataque concreto de Beto Richa à aposentadoria no Paraná.

Não julgam um ataque aos professores e estudantes de todo o país, muitos deles os mesmos hoje agredidos pela PM de Richa, o corte de mais de 7 bilhões no orçamento federal da educação, a precarização das Universidades públicas, a terceirização que avança em todos os serviços, e tampouco opinam sobre as alterações na aposentadoria implementadas por Richa.

Tudo isto porque, obviamente, não é tão custoso afirmar o direito de “liberdade de manifestação” quando seus adversários cometem barbaridades, por outro lado, pode ser muito custoso politicamente questionar ataques e cortes que, na realidade, são a razão da repressão selvagem e, em todos os sentidos, vão ao encontro da política que Dilma, PT e, inclusive, PSDB, tem imposto para responder a crise.

No vaivém de declarações e críticas, o que unifica a todos é que a saída para a crise econômica que os capitalistas e empresários criaram, com mais ou menos repressão, mais profundamente aqui ou ali, com mais agressividade neste momento ou mais tato naquele outro, passa por descarregar os custos nas costas dos trabalhadores.




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