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Coronavírus | López Obrador chama a seguir a vida normalmente frente ao COVID-19

O presidente mexicano gerou uma forte polêmica ao chamar a continuar saindo e ter uma vida normal, em meio à crise gerada pelo COVID-19.

terça-feira 24 de março de 2020 | Edição do dia

Com um vídeo que circula nas redes sociais, o presidente do México começou uma polêmica ao convidas as pessoas a seguir saindo em meio à crise sanitária gerada pelo COVID-19.

No vídeo que dura um pouco mais de um minuto, López Obrador assegura que “não ajudamos se nos paralisamos sem tom, nem som, de maneira exagerada” e assim faz um chamado “a continuar vivendo a vida normalmente”. Quase realismo mágico: seguindo sua lógica, se negamos a gravidade da situação, a pandemia não nos alcançará.

As declarações do presidente se inserem em um momento no qual a nível internacional a tendência começa a ser aplicar medidas cada vez mais severas pelo medo de que a pandemia alcance o grau de expansão no qual chegou em países como China e Itália. Além disso, acontece no mesmo fim de semana no qual o governo da Cidade do México cancelou as atividades públicas em bares, cinemas, academias, museus, entre outros lugares.

Salve-se quem puder

A resposta dos “líderes mundiais” tem sido desigual, como por exemplo as três semanas de confinamento obrigatório decretadas pelo primeiro ministro britânico, Boris Johnson, ou o estado de emergência anunciado por Pedro Sánchez no Estado Espanhol, junto a medidas de confinamento e a militarização de muitas das tarefas para enfrentar a crise.

Sem esquecer o papel do imperialismo estadounidense, nesta ocasião com Donald Trump na cabeça, que tenta se balancear entre a tentativa de usar a crise para fortalecer alguns elementos da sua política, por exemplo a migratória, e sua investida protecionista.

Perplexidade, descoordenação e uma política de “salve-se quem puder e como puder” é o que domina entre a classe dominante em nível internacional. Por isso se faz urgente uma viragem no sentido de combate à pandemia.

Negacionismo para salvar os negócios capitalistas

Enquanto isso, o governo mexicano continua sem estabelecer uma política agressiva que coloque em primeiro lugar a saúde da maioria.

Pelo contrário, a tímida política de contenção e prevenção implementada até agora pelo governo está centrada em manter a normalidade na vida econômica o maior tempo possível, já que no marco da crise econômica internacional e com complicadas perspectivas para o México, López Obrador deseja adiar ao máximo a aplicação de medidas de confinamento que produzam perdas para as grandes empresas.

Sob a ideia de cuidar da economia, está sendo profundamente irresponsável e arriscando a possibilidade de estar melhor preparados quando chegue o pico de contágios.

Neste sentido, o presidente dá certeza de que devemos esperar que chegue a fase mais crítica da pandemia para tomar medidas mais sérias, devemos dosar nossas forças, diz ele, o que é o mesmo que dizer que devemos nos preparar para administrar o sofrimento e as penúrias de milhões, tudo por salvar as riquezas e os interesses de alguns poucos.

No fundo, o que está colocado é decidir quais as prioridades para o governo da 4T. A ideia de governar para os ricos e pobres é colocada à prova em momentos como esse.

Há alguns dias, por exemplo, causou indignação a campanha de demissões disfarçadas com as quais Alsea pretende deixar de pagar milhares de seus trabalhadores.

Igualmente aberrante é a situação de precariedade na qual vivem milhares de adultos idosos, que sob a simulação de serem “embaladores voluntários” são explorados sem receber salários, nem empréstimos por grandes empresas como Wal-Mart, Soriana e outros supermercados, que frente à crise do COVID-19 tem lavado as mãos e mandado milhares destes para suas casas.

O problema da 4T é que os interesses dos ricos e pobres se opõe pelo vértice, os empresários não pretendem carregar eles próprios o curso da crise sanitária nem econômica.

Exigem com cada vez mais força que o Estado se responsabilize de manter a economia na superfície, um eufemismo para exigir que lhes seja permitido demitir trabalhadores, que o governo lhes isente impostos e caso seja necessário financie as empresas que se encontrem em apuros financeiros. Do outro lado estamos os milhões de trabalhadores e o povo pobre que temos que sair dia após dia para o trabalho, viajando horas no transporte público sem a menor garantia para nossa saúde.

Para que a saúde destes milhões seja colocada como uma prioridade do governo seria necessário estabelecer um plano integral que concentre todos os esforços técnicos, médicos e da indústria em garantir que estaremos preparados para enfrentar o COVID-19.

Por meio da cobertura feita nos sites da Rede Internacional La Izquierda Diario (NdT: Da qual o Esquerda Diário faz parte) sobre o avanço da pandemia, lançamos uma série de artigos com as medidas que defendemos como necessárias como um padrão mínimo que garanta a saúde de milhões.

Acreditamos por exemplo que é urgente avançar com um plano que implemente massivamente testes para a detecção do vírus e assim ter uma ideia mais completa de qual é a situação real de expansão e de alcance do vírus.

Claro que esta testagem massiva deve ser gratuita, é inaceitável que exista saúde para ricos e pobres, pelo contrário, é inadiável fazer chegar a mais ampla cobertura sanitária aos bairros mais pobres e às zonas industriais onde milhares de trabalhadores são abandonados para sua própria sorte e obrigados a seguir trabalhando com medidas sanitárias ridículas que no fundo só demonstram que para os que governam sua saúde não é prioridade.

Paralelamente, devem ser formadas Comissões de Segurança e Higiene em cada local de trabalho, onde os trabalhadores se coloquem à frente e garantam que sua saúde e a de seus companheiros sejam prioridade.

Uma vez garantido isso, todo o aparato industrial, a engenhosidade humana, as máquinas e o conhecimento científico devem ser colocados à serviço do interesse da maioria para enfrentar a pandemia. Garantindo plenos direitos trabalhistas sem esquecer que até o último centavo necessário para tal, deve sair das imensas fortunas dos bilionários deste e de outros países.

Através do não pagamento da dívida externa e da expropriação sob controle operário de cada empresa que coloque seus interesses individuais sobre os de milhões de famílias trabalhadoras e de setores populares.

Artigo publicado originalmente em espanhol pelo La Izquierda Diario México.




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