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PROTESTO DE CAMINHONEIROS | Líder do Comando Nacional dos Transportes pede renuncia de Dilma

Começou nessa segunda-feira o protesto dos caminhoneiros, liderados pelo Comando Nacional do Transporte (CNT). A novidade dessa movimentação é que, além da redução no preço do óleo diesel e uma tabela de preços mínimos para o frete, seu líder pede também a saída da presidente Dilma Rousseff.

Adriano FavarinMembro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

terça-feira 10 de novembro de 2015 | 00:44

Com a articulação feira via aplicativos de celular e redes sociais, o movimento não conta com a adesão da maior parte das entidades nacionais que representam o setor, sejam os sindicatos trabalhistas ou os patronais. Em Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul houve o bloqueio de algumas rodovias.

Ivar Schmidt, um dos porta-vozes do CNT, soltou a bravata de que somente vão negociar “com o próximo governante”, aludindo à pauta pela renúncia da presidente. Tal afirmação, além do apoio declarado dos movimentos Vem Pra Rua e Brasil Livre, vinculados à oposição burguesa e porta-vozes dos atos pelo impeachment da Dilma, dão o caráter de direita para esse protesto dos caminhoneiros.

Existe, porém, alguns elementos contraditórios que podem surpreender a dinâmica da movimentação. Várias entidades que representam o setor se manifestaram contra esse movimento. O Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Bens no Estado do Pará (Sindicam-PA) e a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral do Estado de São Paulo (Fetrabens), assim como entidades de Goiás e Tocantins, ligados aos trabalhadores ou diretamente às patronais assinaram, juntos, um documento contra a greve.

Representante de mais de 50% dos caminhoneiros autônomos do país, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) soltou uma nota pregando o diálogo com o governo e exortando os caminhoneiros a acreditarem "em uma guinada" na crise do País que, a exemplo de outras nações, "com a luta e apoio da população, de forma inteligente e organizada, viraram o jogo e estão novamente em crescimento".

Já a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade patronal, criou um comitê de gestão de crise para traçar estratégias para enfrentamento dos efeitos da greve, realizando levantamentos dos impactos e efetivando medidas para tornar viável a entrega de insumos nas granjas, o transporte de animais para o abate e de produtos para distribuição no mercado interno e para as exportações.

"A paralisação tem efeitos perversos no setor e, neste momento, tememos que sejam ainda piores que os que sofremos no início do ano. Esperamos, por isto, uma rápida ação por parte do governo", afirmou, em nota, o presidente da ABPA, Francisco Turra.

Na última paralisação da categoria, a ABPA calculou que os prejuízos para o setor de aves e suínos totalizaram mais de R$ 700 milhões. Na ocasião, cargas não puderam ser entregues, portos pararam, agroindústrias suspenderam abates e os estoques ficaram lotados.

Em um país que depende exclusivamente da malha rodoviária para nutrir o consumo interno, mas especialmente para garantir a exportação de commodities, uma greve de caminhoneiros atinge frontalmente a economia nacional.

Hoje, os latifundiários e a patronal não desejam atingir seus lucros para derrubar o governo, mas, pelo contrário, querem assegurar-se que não haja maiores abalos na política que atrasem a aprovação dos ajustes fiscais e atinjam os seus lucros. Ao mesmo tempo, o protesto claramente político, organizado pela direita, que não segue nem a direção dos sindicatos diretamente patronais nem dos sindicatos da categoria, pode deslanchar para algo fora do controle das burocracias e influenciar na dinâmica das maiores disputas políticas no país.

Foto: Uarlen Valério/09.11.2015/O Tempo/Estadão Conteúdo




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