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CRISE NA UERJ | Lições rumo aos 3 meses de greve na Uerj: superar as direções para vencer

quinta-feira 12 de maio de 2016 | Edição do dia

A greve da Uerj se dá em meio à crise política brasileira com a votação do golpe institucional somada à crise econômica nacional, que no Rio de Janeiro é ainda mais importante, com um déficit público dos maiores do país, enquanto o governo estadual do PMDB concedeu bilhões de isenção às empresas. Essa greve que alcança há 3 meses, se deu por conta da perversa precarização que a universidade vem sofrendo. Sua situação de abandono é chocante.

Há lixo espalhado, paredes quebradas, fiação exposta. Algo que jamais deveria ocorrer na terceira maior universidade do estado do Rio de Janeiro. Mas o problema não é apenas esse. O pior são os atrasos de pagamento dos salários e bolsas de terceirizados e estudantes e residentes. E quem mais sofre são os trabalhadores terceirizados. A troca de empresa prestadora do serviço de limpeza e consequentemente massiva demissão dos terceirizados do Hupe (Hospital Universitário Pedro Ernesto) no mês de março, tornou a situação ainda mais insustentável.

Hoje no campus Maracanã, os trabalhadores terceirizados do elevador, limpeza, áudio visual, manutenção amargam seis meses de salário atrasado, com alguns setores tendo mais tempo de atraso. E estão ameaçados de ficarem sem salários, sem qualquer garantia do recebimento dos salários atrasados e de outros direitos trabalhistas.

Num contexto em que existem mais de 70 escolas ocupadas, greve dos professores estaduais, a greve da Uerj poderia ser um exemplo para o combate aos ataques do PMDB, mesmo partido que se prepara para assaltar o poder nacionalmente com Michel Temer golpista. Mas se isso não está se concretizando com a potencialidade que tem, há um responsável: suas direções.

O DCE petista é um freio ao movimento

Apesar da greve ter sido votado pelos três setores da universidade, técnicos administrativos, alunos e professores, tem faltado unidade entre essas categorias. O que se tem visto é uma greve rotineira que não responde as necessidades colocadas diante do tamanho da crise no estado e o nível de ataque que está colocado para a universidade.

O Diretório Acadêmico dos Estudantes (DCE), dirigido pela Articulação – PT, e seus aliados, tem sido um freio para a mobilização da greve. Mesmo os estudantes tendo votado em assembleia unir a luta contra a precarização da Educação, e da Uerj, à luta contra o golpe, o DCE, a exemplo da CUT e UNE nacionalmente nada construíram nesse sentido. Na Uerj além de não convocarem ou participar das assembleias, quando podem deslegitimam esses espaços. Só tem participado do comando de greve, mas com o claro objetivo de frear a potencialidade dele. E não disponibiliza seus recursos materiais e seu aparato para a luta dos estudantes.

Até aí nada de novo vindo de uma gestão com militantes do PT e PC do B, que não vão fazer nenhum esforço para que a greve seja vitoriosa. O grande problema é quando a esquerda acaba, em muitos momentos, sendo parte da construção do rotineirismo, mesmo com a esquerda estando na Asduerj (sindicato do Docentes da UERJ) que influi no movimento estudantil, ainda está muito aquém da greve que pode ser construída em unificação dos setores em luta.

O comando de greve estudantil, que foi votado nas assembleias dos cursos, e é uma importante ferramenta, não tem servido de organizador político que coordena da sua representação da base dos estudantes, parte se dá pela atuação do DCE no comando com o claro objetivo de frear a massificação da greve. Mas tampouco, esquerda tem se colocado a tarefa de reverter essa situação no comando de greve ou fazendo exigências ao DCE. Não é diferente do que vem acontecendo no comando unificado dos três setores (professores, técnicos, e alunos) onde seus integrantes tem deixado claro que o comando é somente organizativo e não deliberativo.

Massificar, radicalizar e unificar com os demais setores em luta

Diante deste cenário tão duro, dentro e fora da universidade não se pode ter ilusão que conseguiremos alcançar novos resultados com as mesmas práticas rotineiras que essas direções levam adiante em toda a greve. Por isso, nós, da Faísca Anticapitalista e Revolucionária, apesar de todas as dificuldades e manobras do DCE, temos batalhado para construir junto a vários independentes, ações radicalizadas, disputando por essa orientação nos fóruns da esquerda.

Um exemplo concreto foi o ato que ocorreu hoje, dia 11/04, às 8hrs, noticiado por toda imprensa, em defesa da educação pública contra o golpe institucional em curso e cortes da saúde e educação e em apoio. Com a ausência do DCE fechamos por cerca de duas horas a Avenida Radial Oeste, na zona norte do Rio, a partir da Rua São Francisco Xavier, e fomos em ato até a escola ETE Adolpho Bloch mostrando seu apoio ás escolas ocupadas. Este é o segundo ato que ocorreu no horário da manhã, acreditamos que somente com a radicalização das ações podemos dar uma saída à essa crise da Educação. Só assim, conseguiremos o fortalecimento da nossa luta.

Precisamos nos inspirar no espirito dos secundaristas de São Paulo, do Rio e de Fortaleza que mais uma vez estão ocupando as escolas e se enfrentando com a polícia contra os ataques à educação. Para que se construa à partir da unificação dos setores da educação que estão em greve uma grande batalha contra os cortes dos governos. Enquanto essas linhas são escritas, os estudantes declaram greve e ocupação de reitoria na Unicamp, e vários cursos na USP também votam greve. É preciso que coordenar os setores em luta no Rio de Janeiro, para que possamos avançar para a construção de uma greve geral da Educação. Essa juventude está mostrando do que é capaz. Temos que superar essas direções burocráticas e avançarmos nessa perspectiva.




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