Na reunião ministerial do dia 22 de abril, divulgada por ordem do ministro Celso de Mello, do STF (Superior Tribunal Federal), Ernesto Araújo expressou sua linha trumpista, ao dirigir, novamente, ataques à China e à globalização e reivindicar maior liberdade para empresários em meio à pandemia.
sexta-feira 22 de maio de 2020 | Edição do dia
Na reunião ministerial divulgada hoje (22), Ernesto Araújo, Ministro das Relações exteriores, expressou por meio de sua fala uma linha ideológica ligada ao Trumpismo e ao Olavismo. Afirmou que o novo modelo de globalização não deve ser como o atual, centrado na China, mas que deve considerar: “a dimensão econômica, mas também essa dimensão da liberdade, dos valores”, indicando a necessidade abertura econômica em meio à pandemia, a fim de beneficiar empresários.
O ministro também disse acreditar que o Brasil pode ser um dos países que definirá a nova “ordem mundial”, após a pandemia. Nessa fala, Ernesto reforça que a abertura permitirá que o país se torne um potência, ao mesmo em que desconsidera os catastróficos efeitos sociais e econômicos sobre o Brasil, que conta com mais de 21 mil mortes e mais de 300 mil infectados pelo covid-19.
Segue abaixo a transcrição da fala de Ernesto no vídeo:
Ernesto Araújo: Obrigado. Obrigado, ministro. É ... rapidamente, é ... Sobre o plano.
A dimensão internacional do plano, evidentemente é fundamental, já tá ali contemplada. Eu queria mencionar o seguinte, eu acho que é fundamental que essa dimensão internacional não seja simplesmente hã ... uma adaptação nossa ao cenário internacional, mas que ela leve em conta a capacidade que o Brasil hoje tem de influir no desenho de um novo cenário internacional. Eu tô cada vez mais convencido de que o Brasil tem hoje as condições, tem a oportunidade de se sentar na mesa de quatro, cinco, seis países que vão definir a nova ordem mundial. É, outro dia a ... na conversa do presidente com o primeiro ministro da Índia, o indiano disse que vai ser tão diferente o pós-coronavírus do pré quanto pós segunda guerra do pré. Eu acho que é verdade e assim como houve um conselho de segurança que definiu a ordem mundial, cinco países depois da... da segunda guerra, vai haver uma espécie de novo é … conselho de segurança e nós temos, dessa vez, a oportunidade de tá nele e acreditar na possibilidade de o Brasil influenciar e forma ... ajudar a formatar um novo é ... cenário. E esse cenário é, ... eu acho que ele tem que levar em conta o seguinte é ... tamos aí revendo os últimos trinta anos de globalização. Vai haver uma nova globalização.
Ernesto Araújo: Que que aconteceu nesses trinta anos? Foi uma globalização cega para o tema dos valores, para o tema da democracia, da liberdade. Foi uma globalização que, a gente tá vendo agora, criou é ... um modelo onde no centro da economia internacional está um país que não é democrático, que não respeita direitos humanos etc., né? É ... essa nova globalização acho que não pode ser cega, né? É, tem que ser uma globalização, tem que ser uma estrutura, é, que leva cm conta, claro, a dimensão econômica, mas também essa dimensão da, da liberdade, dos valores. E é, da mesma maneira, acho que o plano e, tá apontando pra isso, no nosso e, é a nossa dimensão nacional, também não pode ser um plano cego para, a, essas dimensões do, daquilo que nos traz, né? Que traz o projeto do, do presidente, que é não simplesmente a eficiência, a pujança, o crescimento econômico, mas, hã ... liberdade, hã ... hã ... o combate a corrupção, o... a ... a re ... reinvenção de um Brasil, é ... livre, de um Brasil livre dessas, é... mazelas que nós conhecemos. Obrigado.
Confira aqui a transcrição completa da reunião ministerial
Em um nítido aceno aos empresários, Ernesto, defende a reabertura econômica utilizando como argumento uma pretensa liberdade. Liberdade essa que se expressa como um ataque aos trabalhadores, tendo em vista o nível de crise que vivemos e a falta de políticas para respondê-la à altura. É absurdo que o ministro diga que o Brasil estará entre os países que decidiram a “nova ordem mundial” com o número crescente de mortes e no marco de se tornar um dos epicentros da doença. É mais absurdo ainda que não se pautem testes massivos e outras ações necessárias.
Frente a isso, fica escancarada a necessidade de se questionar o regime atual, uma vez que os ataques à classe trabalhadora têm sido promovidos pelo governo Bolsonaro e demais setores da direita, como o STF, Maia, Doria e Covas. É preciso levantar uma saída que tenha como eixo a independência de classe, exigindo uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, articulada à defesa dos empregos dos trabalhadores, a estatização dos leitos hospitares sob controle operário e a disponibilização de testes massivos.