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COVID-19 EM MANAUS | Letícia Parks: "A barbárie capitalista está matando sufocados negros e indígenas em Manaus”

Manaus, que vive uma situação criminosa de negligência que está matando a população por Covid-19, é a capital com maior presença indígena e com grande presença de negros. Letícia Parks comenta como a situação de calamidade da cidade expressa também o racismo inerente ao sistema capitalista.

sexta-feira 15 de janeiro de 2021 | Edição do dia

Foto: Carolina Diniz

O Brasil assiste estarrecido a situação de calamidade em Manaus, onde a população contaminada por Covid-19 está morrendo sem oxigênio nos hospitais. Já nos primeiros meses da pandemia, em 2020, havíamos presenciado uma tragédia imensa no estado do Amazonas, que chegou a concentrar 13 dos 20 municípios com mais mortes por Covid-19 no país. O governo estadual de Wilson Lima (PSC) largava a população para morrer, enquanto o governo de Bolsonaro buscava esconder as estatísticas de mortes pelo coronavírus no estado. As cenas das valas onde os corpos eram enterrados às dezenas, com urubus sobrevoando e as famílias sendo obrigadas a enterrar seus próprios parentes eram estarrecedoras e revoltantes.

Agora, frente ao novo aumento dos casos da pandemia no Brasil, vemos se reforçar estes escandalosos crimes no estado, e particularmente em Manaus. Letícia Parks, do Quilombo Vermelho e do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), comentou a situação ao Esquerda Diário:

“O que vemos em Manaus hoje não é fruto de uma pandemia meramente: é o retrato de um monstruoso crime capitalista, para quem nossas vidas valem tão pouco que sequer o oxigênio para as vítimas do coronavírus está sendo garantido nos hospitais. Pense nisso: as pessoas estão morrendo sufocadas por falta de um insumo básico em meio a uma pandemia que já se iniciou no país há quase um ano. É uma negligência que expressa de maneira muito contundente e revoltante que nesse sistema econômico e social a única prioridade real são os lucros, e as vidas dos trabalhadores e do povo pobre – pois, afinal, a elite econômica de Manaus pode muito bem viajar a outros lugares ou ter seu oxigênio privado garantido seguramente – é totalmente desprezível para os governos como os dos governadores Wilson Lima, do presidente Bolsonaro e do prefeito David Almeida e do ex-prefeito Arthur Virgílio Neto.

Outro aspecto gravíssimo que vemos na situação de Manaus é o racismo escancarado que é inerente ao capitalismo. Não é um acaso que uma das capitais mais negras e com a maior presença de indígenas seja aquela em que vemos essa monstruosidade acontecer. 37,8% da cidade tem ascendência indígena e cerca de 72% da população se identificou como negra no censo de 2010 do IBGE. Os indígenas constituem a parcela da população que mais foi negligenciada, com o governo Bolsonaro praticamente se valendo da pandemia para seguir seu projeto político de extermínio dos povos indígenas para favorecer seus aliados do agronegócio e das mineradoras. Já os negros não apenas foram mais atingidos pela pandemia do que os brancos – que em estados como Pernambuco chegaram a representar 77% das mortes – mas também pela crise econômica que cresceu cada vez mais em meio a ela, com o governo favorecendo ainda mais os capitalistas com medidas como a “MP da morte” para autorizar suspensões nos contratos de trabalho, e sem fazer nada para impedir o gritante crescimento das demissões em meio à pandemia.

Assim, se escancara que a barbárie capitalista está matando sufocados negros e indígenas em Manaus em uma proporção assustadora, o que faz parte do retrato não apenas do sistema capitalista em geral, mas do regime do golpe e do governo Bolsonaro em particular. É preciso nos organizarmos enquanto classe trabalhadora para dar uma resposta a essa pandemia, lutando por um plano de emergência para socorrer imediatamente a população de Manaus.”




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