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LAVA-JATO | Lava-Jato rejeita proposta de delação premiada de Eduardo Cunha

Procuradores do Grupo de Trabalho da Lava-Jato em Brasília rejeitaram a proposta de delação apresentada pelo ex-deputado Eduardo Cunha, ainda preso e um dos maiores aliados do presidente Michel Temer. As negociações já duravam mais de um mês e envolviam a mais esperada das delações desde os acordos da JBS e Odebrecht.

quarta-feira 16 de agosto de 2017 | Edição do dia

Procuradores do Grupo de Trabalho da Lava-Jato em Brasília rejeitaram a proposta de delação apresentada pelo ex-deputado Eduardo Cunha, ainda preso e um dos maiores aliados do presidente Michel Temer. As negociações já duravam mais de um mês e envolviam a mais esperada das delações desde os acordos da JBS e Odebrecht.

Segundo os procuradores, Cunha teria apresentado poucos documentos para comprovar as acusações a políticos com quem mantinha estreitos vínculos, que foram consideradas “inconsistentes e omissas”. Os jornais Valor e o Globo confirmaram nesta terça-feira o fim da tentativa de acordo. Entretanto, a recusa a proposta de delação não significa ainda uma derrota do ex-deputado. Segundo um interlocutor declarou na semana passada, Cunha, mesmo com um novo advogado e com as negociações em andamento, teria mudado a estratégia.

De acordo com esta mesma fonte, Cunha teria arquitetado apresentar uma delação branda para ser rejeitada pela equipe do atual procurador-geral Rodrigo Janot, até que a futura procuradora-geral Raquel Dodge tomasse posse. A ideia era buscar um acordo mais favorável com a procuradora, que envolvesse menos revelações comprometedoras e mais denefícios. Isso teria sido pensado para poupar os aliados com quem mantinha contato com mais freqüência, mesmo de dentro da prisão, como Temer e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves.

Cunha também estaria esperando que a partir da troca de papéis entre Janot e Raquel Dodge a concessão de um habeas corpus seria facilitada no Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão da Câmara dos Deputados em não abrir o processo por corrupção contra Temer pelo STF teria pressionado Cunha a recuar da ideia de delação.

No início das negociações, Cunha havia declarado que entregaria Temer e pelo menos mais 50 deputados, senadores e ministros, entre outros políticos. Procuradores esperavam que ele tivesse armas suficientes para acabar com a reputação de um número significativo de políticos, tendo em vista os indícios que pesam contra sua pessoa. Quando foi preso, Cunha era suspeito de liderar uma das maiores bancadas da Câmara, influência que teria mantido mesmo depois de encarcerado.

Investigadores têm se mostrado surpresos com a estratégia de Cunha nas últimas semanas, que insistia em prometer muito e entregar pouco. O ex-deputado chegou a dar declarações contraditórias e mentirosas em relação a provas já recolhidas e examinadas ao longo das investigações. Ainda assim, eles mantêm o caráter explosivo que as delações podem ter caso Cunha decidisse falar tudo o que sabe.

Na sexta-feira, a Procuradoria-Geral definiu finalmente que não há porque fazer acordo com Cunha. O ex-deputado encontra-se preso em Curitiba desde 20 de outubro do ano passo, tendo sido condenado a 15 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro, evasão das divisas em sentença assinada pelo juiz Sérgio Moro no dia 31 de março deste ano.




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