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Lava-Jato: executivos são condenados; aumenta a pressão sobre Cunha

terça-feira 21 de julho de 2015 | 00:00

Nesta segunda-feira, 20, o juiz da Polícia Federal, Sérgio Moro, condenou três ex-executivos da construtora Camargo Corrêa a 15 anos de prisão. Dalton Avancini – ex-presidente -, Eduardo Leite e João Auler foram condenados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e atuação em organização criminosa. As irregularidades foram constatadas em contratos da construtora com a Petrobrás nas refinarias de Getúlio Vargas, no Paraná, e Abreu e Lima, em Pernambuco.

Também nesta segunda, a PF indiciou Marcelo Odebrecht, presidente da gigante da construção civil de mesmo nome, e mais 4 ex-diretores da empresa por corrupção ativa, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e crime contra a ordem econômica. Segundo a PF, foram encontrados provas de que Marcelo Odebrecht estaria atuando junto a políticos e advogados para dificultar as investigações. Todos os indiciados estão presos em Curitiba desde o dia 19 de junho.

Durante o ciclo de crescimento econômico vivido pelo país na última década, as duas construtoras foram algumas das grandes empresas que mais acresceram e obtiveram altos lucros. Muito além do aumento da demanda na economia, fica cada vez mais claro que tais empresas foram beneficiadas pela relação íntima com o governo federal e com o alto escalão de políticos corruptos no Congresso.

A condenação e o indiciamento dos executivos aumenta a preocupação do Palácio do Planalto por conta das acusações envolvendo as empreiteiras investigadas e o ex-presidente Lula. Ele é acusado de receber altas comissões para favorecer as empresas junto ao BNDES e promovê-las em viagens ao exterior.

Aumenta a pressão sobre Cunha

Como prometeu na sexta-feira, 17, ao anunciar que deixaria a base aliada do governo Dilma, os advogados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, apresentaram uma declaração ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a anulação da investigação da Polícia Federal contra ele no caso de corrupção na Petrobras. Cunha foi acusado por executivo da Camargo Corrêa de ter recebido 5 milhões de dólares em propina para atuar a favor dos interesses da empresa.

A defesa do deputado do PMDB argumenta que, por ser parlamentar e ter foro privilegiado, Cunha só poderia ser investigado pelo próprio Supremo Tribunal Federal.

A decisão do presidente da Câmara em romper com o governo federal e se declarar como parte da oposição parece ter contribuído para minar o apoio que recebe do PMDB. Em palestra em Nova Iorque nesta segunda, o vice-presidente Michel Temer, também do PMDB e responsável pela articulação política do governo, minimizou a saída de Cunha dizendo que gera apenas uma “crisezinha política”, mas não “instabilidade institucional”.

Por sua vez, o deputado federal do PMDB por Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, um dos fundadores do partido, declarou à Folha de São Paulo ser favorável ao afastamento de Cunha da presidência da Câmara. O deputado indagou “como ele vai ficar na presidência da Câmara acusado como foi, com todas as letras e toda a clareza possível, por uma pessoa que diz que ele pediu US$ 5 milhões? Fica difícil, imensamente complicado”.

Setores do PT comemoram as acusações contra Eduardo Cunha por verem nelas uma oportunidade concreta de gerar seu afastamento, o que abriria espaço para que alguém mais “moderado” do PMDB assumisse a presidência da Câmara. Neste cenário, os petistas acreditam que um dos principais elementos de instabilidade da crise política estaria superado, dando melhores condições para Dilma reagir. No entanto, não é Cunha o responsável pela enorme crise de popularidade do governo, mas sim o próprio governo e suas medidas de ajuste fiscal e corrupção.




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