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LANÇAMENTO DE RÉVOLUTION PERMANENTE | La Izquierda Diario, agora na França

A partir de hoje, 9 de junho, está online o novo diário de esquerda na França, Révolution Permanente. É parte do grupo internacional de diários La Izquierda Diario que agora passa a ter edições em castelhano, português e francês.

Matías MaielloBuenos Aires

quarta-feira 10 de junho de 2015 | 00:00

Há menos de um ano, em setembro de 2014, começava o projeto La Izquierda Diario (LID) como o único diário da esquerda na Argentina, que já se tornou uma referência incontestável. Em março deste ano, com Esquerda Diário Brasil ampliamos nosso auditório para centenas de milhões de pessoas de língua portuguesa, sendo hoje Esquerda Diário o principal site da esquerda no Brasil em quantidade de visitas. Junto com o lançamento do LID Chile e LID México, o diário adquiriu projeção latino-americana como o primeiro diário latino-americano da esquerda. Como se pode ver nas recentes eleições mexicanas, trata-se do único meio verdadeiramente independente que tem expressado cabalmente, minuto a minuto, a verdade dessas eleições militarizadas e a resistência dos professores e do movimento pelo voto nulo e o boicote às eleições, enquanto a mídia de massas ocultava os incidentes, dando uma falsa imagem de normalidade.

Com a publicação de Révolution Permanente na França, La Izquierda Diario começa uma nova etapa, se convertendo no primeiro grupo internacional de diários de esquerda agora em três idiomas. Por sua vez, continuará aprofundando sua projeção latino-americana com o lançamento de La Izquierda Diario Uruguai. Nas próximas semanas, com o lançamento de Left Voice, o LID terá também sua versão em inglês, estendendo assim ainda mais seu auditório para milhões de falantes do inglês em todo o mundo.

Quem faz o Révolution Permanente?

Révolution Permanente, como diz seu lema, é o novo site de informação da “extrema-esquerda”. Como destaca Daniela Cobet, do comitê de redação, ao contrário dos meios de comunicação tradicionais que se definem “neutros”, a despeito de suas conhecidas inclinações políticas, diferente dos grandes grupos de imprensa capitalistas que comercializam os fatos e as ideias e procuram a cada dia incutir ainda mais a ideologia das classes dominantes, este site de informação diária assume plenamente seu posicionamento de esquerda e ao lado dos trabalhadores e trabalhadoras a respeito dos principais fatos da política francesa e internacional. E tem também por objetivo dar palavra àqueles e àquelas que quase nunca podemos escutar, aqueles que a sociedade capitalista explora, oprime e tenta deixar invisível. Suas páginas estão abertas para todas e todos os que desejam contribuir à vida deste projeto sendo correspondentes do site, enviando testemunhos das diferentes lutas ou sobre as condições de vida e de trabalho daqueles e daquelas que tornam possível o funcionamento desta sociedade.

Trata-se de um diário, mas não apenas um diário, pois Révolution Permanente é promovido pelos militantes da Courant Communiste Révolutionnaire (CCR), que integra o Novo Partido Anticapitalista (NPA), a principal referência da “extrema-esquerda” da França. São parte dos promotores das manifestações contra as intervenções imperialistas da França no norte da África e no Oriente Médio, muitas delas declaradas ilegais pelo governo do Partido Socialista. Recentemente protagonizaram as mobilizações contra a repressão policial que resultou na morte de Remi Fraise, pelas quais a “justiça” francesa condenou e pretende encarcerar o militante da CCR e do NPA, Gaëtan. No recente congresso deste partido a CCR, junto com o grupo Anticapitalismo e Revolução, formou a plataforma de esquerda do partido que obteve 22% dos votos defendendo uma política realmente independente dos aparatos reformistas, tanto políticos como sindicais, e de orientação do partido para a classe trabalhadora e a intervenção na luta de classes.

O lançamento de Révolution Permanente faz parte destes combates pela construção de um partido de trabalhadores revolucionário na França.

Um novo diário da esquerda no berço da revolução

Lançar Révolution Permanente pela “extrema-esquerda”, como se conhece entre os franceses – a palavra “esquerda” está identificada com o Partido Comunista e o Partido Socialista, atualmente no governo como representante dos interesses do imperialismo francês –, tem um significado adicional para nós por tratar-se de um dos países imperialistas centrais da Europa, mas, sobretudo, por ser o berço da revolução.

Não por acaso quando Trotsky realizou sua primeira elaboração da teoria da Revolução Permanente, em 1905, generalizou as lições dos processos revolucionários de 1789 e 1848. Os dois, ocorridos na França, a Grande Revolução francesa de 1789, a revolução burguesa que marcou a história da Europa e do capitalismo, e a Revolução de 1848, na qual, diferente da anterior, o proletariado interveio pela primeira vez na história enfrentando diretamente as barricadas da burguesia.

Anos depois, em 1871, os operários de Paris traziam à luz o primeiro governo operário da história, conhecido como a Comuna de Paris, que para ser derrotado se precisou da aliança entre os exércitos francês e prussiano e do assassinato de 30 mil communards. A Comuna foi a inspiração dos revolucionários que na Rússia tomaram o poder em 1917. Ainda hoje, muitas das propostas conhecidas, por exemplo, pelas campanhas da Frente de Esquerda (FIT) na Argentina e do Esquerda Diário no Brasil, como “que todo político ganhe o mesmo que um operário [ou professora]”, “revogabilidade dos mandatos”, “eleição popular dos juízes”, entre outras, têm sua origem no programa dos communards de Paris.

Uma tradição revolucionária que se expressou no século XX na greve geral com ocupação de milhares de fábricas em 1936; nas milícias que derrotaram o regime pró-nazista de Vichy no final da Segunda Guerra Mundial; no Maio Françês de 1968, no qual os estudantes e trabalhadores franceses deram o pontapé inicial ao ascenso das massas que ocorreu em grande parte do planeta. Este ascenso na Bolívia deu lugar à Assembleia Popular, em 1971, aos Cordões Industriais no Chile e na Argentina às Coordenações Interfábricas e à greve geral de 1975.

Vem daí o significado, a importância, do lançamento de Révolution Permanente na França para nós que fazemos o La Izquierda Diario.

Um internacionalismo prático

No bicentenário da Grande Revolução francesa, em 1989, o historiador liberal François Furet festejava o que ele denominou como o fim de uma “ilusão”, depois do ascenso revolucionário dos anos 70 e a queda do Muro de Berlim. A época da revolução, segundo ele, havia terminado.

Hoje, há sete anos do início da crise mundial capitalista, a segurança das classes dominantes está distante desses discursos triunfalistas. O capitalismo mostra seus limites. Sopram novos ventos, e nós que lutamos pela revolução socialista temos muito a dizer. O internacionalismo agora não se resume a fazer propaganda de algumas ideias. A rede internacional de diários La Izquierda Diario já começou a demonstrar sendo o porta-voz dos processos reais em cada país, como a crescente intervenção do movimento operário no Brasil, o ressurgimento do movimento estudantil no Chile, a luta contra o Estado mexicano responsável pelo desaparecimento dos 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa, as históricas mobilizações do dia 3 de junho sob a bandeira do #NiUnaMenos, a crise dos governos pós-neoliberais na América Latina, as polêmicas em torno dos novos fenômenos reformistas na Europa, como o Syriza e o Podemos, entre muitos outros exemplos.

Com o lançamento de Révolution Permanente na França esperamos estender tudo isso ao coração de uma das principais potências mundiais.

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(Tradução: Val Lisboa)




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