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Juventude ameaçada: desemprego entre jovens no Brasil cresce acima da média mundial

sexta-feira 9 de outubro de 2015 | 01:14

O desemprego entre os jovens no Brasil deverá aumentar, assim como a informalidade. O alerta é da Organização Internacional do Trabalho, que, em um informe publicado nesta quinta-feira (8), revela que a desaceleração da economia nacional será sentida pelos jovens até o final da década. O Brasil registrou o segundo maior salto no desemprego de jovens entre as maiores economias do mundo entre 2014 e 2015.

Segundo o relatório, a taxa de desemprego entre a população de 15 a 24 anos no Brasil sofreu uma queda importante nos últimos anos, passando de 17,4% no primeiro semestres de 2010 para 13,8% em 2014. Mas, já no primeiro semestre de 2015 e ainda antes do aprofundamento da crise, a taxa já havia dado um salto, para 15,8%, três vezes a taxa entre adultos. "Há um aumento substancial", disse a autora do informe, Sara Elder, em uma referência ao desemprego entre jovens no Brasil. Só a economia da Finlândia apresentou um salto maior, de 2,2 pontos percentuais.

"A economia no Brasil passa por uma desaceleração e projeções mostram que o setor do trabalho, que estava em boa direção pelos últimos dez anos, agora apresenta outra tendência ", disse Azita Awad, diretora do Departamento de Emprego da OIT.

Na avaliação da OIT, fica ainda claro que o desemprego no País varia de uma forma importante dependendo do nível de educação dos jovens. Entre aqueles com título universitário, a média é de 8%. Aos que não completaram a educação primária, a taxa chega a 15,5%. No Brasil, o ensino superior é extremamente elitizado, as universidades públicas oferecem uma quantidade ínfima de vagas, filtradas pelo vestibular para que na prática a esmagadora maioria seja reservada aos filhos da burguesia. Mesmo a educação privada e o ensino técnico, destinados principalmente a classe trabalhadora, que tiveram um boom durante os governos petistas com programas de financiamento como Prouni, Fies e Pronatec, não chegaram próximo a dar conta da demanda da juventude por educação.

Mas, para a própria OIT, os números oficiais do governo podem ser ainda bem inferiores ao desemprego real entre os jovens brasileiros. No informe, a entidade aponta que se for calculado os jovens que deixaram de procurar emprego por não encontrarem trabalho e que também não estão estudando, a taxa seria de 26,6% A taxa, porém, não é reconhecida pelo governo. Mas foi usada no informe oficial da OIT, numa tentativa de mostrar que o problema enfrentado pelos jovens é mais agudo do que as autoridades apresentam.

Seja qual for a base usada, a realidade é que o resultado no Brasil empurrou toda a América Latina a um desempenho pior do que o esperado. Segundo as previsões, o desemprego de jovens na região caiu de 15% em 2010 para 13,4% em 2013. Mas, em 2015, vai subir para 13,9%, patamar que será mantido também em 2016. Entre 2017 e 2019, a previsão é de que ele se estabilize em 13,8%.

A taxa é superior à média mundial, de cerca de 13,1%, e já supera regiões que apareciam com sérios problemas desde 2008, por conta da crise financeira. Nos EUA, a taxa de desemprego entre jovens caiu de 18% em 2010 para apenas 12% em 2015. "Essa é uma recuperação total ", disse Sara Elder.

Em termos absolutos, o número mundial também caiu, passando de 76,6 milhões de jovens desempregados em 2009 para 73,3 milhões ao final de 2014. Ainda assim, a taxa é superior ao que existia antes da crise mundial, de 11,7% em 2007.

Outro alerta da OIT é de que o número não mostra uma realidade completa da juventude. 43% dos jovens pelo planeta estão desempregados ou contam com trabalhos que os pagam menos do que seria suficiente para mantê-los fora da linha da pobreza.

Ao mesmo tempo em que o desemprego aumenta, as medidas de ajuste dos governos também atingem em cheio os jovens, atacando não apenas o presente, mas as perspectivas de futuro. Uma das primeiras medidas de ajuste tomadas pelo governo Dilma foi dificultar o acesso ao seguro desemprego, uma medida que afetava diretamente esses jovens, já que em sua maioria não tiveram como atingir o tempo necessário para ter direito ao seguro, principalmente com a realidade de emprego temporário e rotativo que é o que os jovens encontram no mercado de trabalho.

Além disso, os cortes na educação e nos programas de financiamento, impedem que mesmo o setor da juventude que foi beneficiado nos anos de lulismo, continue sonhando em ascender socialmente através da educação. Atualmente, como está ocorrendo de forma escandalosa no estado de São Paulo, mesmo a educação básica, que nunca atendeu com qualidade a demanda por educação, está sendo atacada. Centenas de crianças e adolescentes estão se mobilizando junto aos professores contra o projeto de “reorganização”que pretende fechar escolas e salas de aula, precarizando ainda mais a educação e o futuro da juventude.Como já mostrou com a redução da maioridade penal, para a burguesia brasileira pouco importa o futuro da juventude proletária, preferem oferecer presídios e criminalização ao invés de educação e empregos.

Esquerda Diário/ Agência Estado


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