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JUCÁ QUER SER CARRASCO DA PREVIDÊNCIA | Jucá reafirma ataque à previdência, enquanto deputados do PMDB querem afastá-lo da liderança do partido

Documento com assinatura de 4 deputados do PMDB pedem a saída de Jucá e de outros nomes do comando do partido, alegando suas acusações na Lava Jato como argumento. Enquanto isso, o testa-de-ferro de Temer afirma que irá levar adiante a reforma da previdência com os ataques planejados, e sem concessões "irreais" para deputados da base aliada ao governo que propõe mudanças no texto.

terça-feira 7 de março de 2017 | Edição do dia

Ao estilo cínico que é próprio dos políticos dos patrões, Jucá afirmou que "sugestões são bem vindas", mas que a reforma da previdência será feita com "base na realidade":

"Nessa reforma da Previdência, tem-se que fazer a conta. Ela terá que sair como resultado de uma mudança sustentável, com responsabilidade de gastos e, principalmente, responsabilidade no pagamento das futuras aposentadorias. Se não mudar a Previdência, no futuro, não haverá gasto público para outras questões e haverá uma completa inabilitação do serviço público para atender a população. Inclusive atraso de pagamento de salários, ativos e atraso de pagamentos de aposentados."

Para o feitor de Temer na Câmara, a "responsabilidade de gastos" significa acabar com a aposentadoria dos trabalhadores, fazendo-os trabalhar por 49 anos para poder receber sua aposentadoria integral. Tal como a propaganda oficial do PMDB, o Senador procura vender os ataques aos trabalhadores como uma garantia de direitos para as próximas gerações. Os lucros dos capitalistas e os privilégios dos políticos e altos escalões do judiciário estão sempre fora de qualquer conta apresentada.

Na noite dessa segunda-feira, 6, o presidente Michel Temer ofereceu um luxuoso banquete no Palácio da Alvorada a parlamentares aliados para convencê-los a aceitar integralmente o texto proposto pelo governo. Os deputados, entretanto, de olho nas urnas, pressionaram o presidente para que questões como a idade mínima de aposentadoria e a diferenciação na aposentadoria militar fossem modificadas.

Enquanto o governo toma para si a tarefa de distribuir privilégios entre aliados para destruir os direitos dos trabalhadores, Jucá enfrente movimentos de oposição dentro do seu próprio partido. Nessa terça-feira, 7, foi divulgada uma carta em que deputados da sigla pedem o afastamento, do comando nacional do partido, de todos os dirigentes acusados de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. No documento, eles defendem a escolha de uma nova direção "isenta" e cobram que os novos dirigentes comecem "imediatamente" a discussão para escolha de um candidato do PMDB à Presidência da República em 2018.

"Deveriam se afastar do comando nacional do partido e de seus órgãos nacionais auxiliares todos aqueles sobre quem pesam acusações/factíveis no âmbito da operação Lava Jato, até para que os mesmos possam se dedicar a suas defesas", afirma a carta, sem citar nominalmente os integrantes investigados da cúpula. O documento foi escrito pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS) e assinado, por enquanto, por outros três deputados peemedebistas: Hildo Rocha (MA), João Arruda (PR) e Lúcio Mosquini (RO).

Ao menos três integrantes do comando do PMDB foram citados na Lava Jato. O principal deles é o senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente nacional do partido. Além dele, foram citados nas investigações o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que é tesoureiro da legenda, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, que é presidente da Fundação Ulysses Guimarães, ligada à sigla.

No documento, os deputados pedem que a nova direção do PMDB "imediatamente" comece "uma avaliação entre os quadros do partido daqueles que, também completamente isentos, poderiam representar o partido nas próximas eleições presidenciais". "É fundamental que avancemos neste sentido, até porque não é possível que ainda estejamos pensando em ser sócios de algum governo que aparentemente tenha mais chance do que nós de vencer as eleições", dizem.

Ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real do Grupo Estado, Marun afirmou que pretende abordar a bancada do PMDB nesta terça-feira em busca de mais apoios à carta. A ideia inicial era entregar o documento a Jucá na quarta-feira, 8, durante reunião da Executiva Nacional do PMDB, mas o deputado disse que isso ainda não está certo.

"Podemos adequar alguma coisa no texto, podemos ver o momento certo de avançarmos com isso. São todas coisas que vamos avaliar no dia de hoje", afirmou.

Marun, vale lembrar, foi o defensor de Eduardo Cunha em seu processo de cassação. É possível que as movimentações em oposição a Jucá estejam relacionadas a articulações do ex-presidente da Câmara tendo em vista as eleições de 2018? Os próximos capítulos da batalha interna do PMDB nos dirão.

Aos trabalhadores, cabe saber aproveitar cada disputa entre esses canalhas - que para atacar nossos direitos estão completamente unificados - para aprofundar nossa resistência aos seus ataques.




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