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MACHISMO | João Dória afirma que mulheres tem uma “propensão natural a artes, cultura e lazer”

O candidato a prefeito de São Paulo, João Dória, pelo PSDB, afirmou em recente debate que as mulheres tem “mais sensibilidade” para as questões sociais e vão ocupar cargos na área de assistência social, além afirmar do alto de sua ciência que as mulheres tem “uma natural propensão para as atividades das artes, da cultura, do lazer”.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

terça-feira 27 de setembro de 2016 | Edição do dia

Essas afirmações ocorreram durante o debate realizado pela TV Record neste domingo (25) após ser questionado sobre quais políticas o candidato tucano teria para a vida das mulheres. O candidato se apoia em uma visão opressora de estereótipos de características femininas, na qual a mulher seria naturalmente mais sensível e propensa às causas sociais. Nessa afirmação ele pressupõe o conteúdo oposto de que as mulheres seriam incapazes de posições sociais de liderança e produção.

Quero voltar a mencionar também que a economia criativa, as mulheres tem uma natural propensão para as atividades das artes, da cultura, do lazer onde gerando emprego, elas podem ter renda e melhorar sua condição de vida. É assim que nós vamos fazer a política da mulher”, afirmou o tucano. Assim se apoia em características sociais impostas pela opressão a mulher, nas quais são relegadas a tarefas domésticas, de cuidado, contribuindo assim para a idéia de uma predisposição natural das mulheres “pelo instinto maternal” às questões sociais.

Essas ideias são base para a violência às mulheres - impedidas do direito ao aborto e ao próprio corpo, a obrigação doméstica da mulher que as impõe duplas e triplas jornadas de trabalho, bem como a violência física e sexual às mesmas, que são vistas como objetos e não como sujeitos donos dos próprios corpos e idéias.

O Estado deveria garantir o direito à maternidade, se for escolha da mulher, e à vida digna, sem que isso se transforme em argumentos “naturais” para justificar a opressão e um papel secundário e doméstico às mulheres, o que na pratica é a tentativa de tirar-lhes o papel de sujeito político e autônomo.

Vou valorizar muito a presença da mulher na gestão pública. Eu tenho dito e repetido isso, sobretudo nos programas de assistência social, os programas serão liderados por mulheres. As mulheres têm mais sensibilidade, mais capacidade, as mulheres são mais determinadas nesses programas”, completou. Somado o fato de que as políticas sociais, culturais e esportivas são direitos da população e não responsabilidade de “sensibilidades”, João Dória ignora as reais demandas das mulheres, como a legalização do aborto, o direito a salários iguais aos homens, direito à saúde especializada por exemplo.

Pelo contrario, Dória que apoiou o impeachment e suas medidas como a reforma trabalhista e da previdência, apoia assim o fim do direito às mulheres se aposentarem mais cedo, e a maior exploração de todos os trabalhadores, que recairá com mais forças sobre as mulheres que hoje já ocupam os postos de trabalho mais precários e terceirizados.




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