Logo Ideias de Esquerda

Logo La Izquierda Diario

SEMANÁRIO

Jimi Hendrix, a guitarra que entra no corpo

Celina Demarchi

Oscar Zunzunegui

Jimi Hendrix, a guitarra que entra no corpo

Celina Demarchi

Oscar Zunzunegui

No dia 18 de setembro de 1970 morria, em Notting Hill, Londres, um transgressor icônico, o primeiro guitarrista que fundiu o rock dos Estados Unidos com a vanguarda londrina ficando na memória para sempre.

"Eu quero fazer música tão perfeita que se infiltre pelo corpo e seja capaz de curar qualquer doença" - Jimi Hendrix

Jimi Hendrix nasceu em 1942 em Seattle, Washington, Estados Unidos. Cantor, guitarrista e compositor, fundiu as tradições do blues americano, jazz, rock e soul com as mais modernas técnicas do rock britânico, redefinindo a guitarra elétrica. Sua carreira foi curta, apenas 4 anos, o suficiente para alterar o mundo da música e se tornar um dos músicos mais influentes da história. Violeiro que redefiniu radicalmente o potencial expressivo e a paleta sônica da guitarra elétrica.

Compositor eclético de canções de rock furiosas e baladas complexas. O primeiro "herói da guitarra" da história que viveu e se formou como guitarrista em uma fase de transição para o rock moderno, assumindo uma nova identidade a partir dos anos 70.

Hendrix revolucionou a maneira como todos tocam violão. Ele tocou de forma muito expressiva, com uma mistura de sons que experimentou com os acoplamentos de amplificador e a alavanca de vibrato, que fazia a guitarra gritar, reclamar e até parecer chorar às vezes. Ele era autodidata, sua técnica era estranha para a época com uma mistura de gostos, laços sem fim, mesclados com pequenas frases para embelezar os acordes em suas canções e em seus solos, o que será uma constante no rock moderno.

Uma exposição cênica selvagem e furiosa e seu jeito particular de vestir, seus movimentos no palco, singularidades que fizeram dos shows de Hendrix uma jornada de sensações.

Uma figura icônica cujo apelo poderia ligar as preocupações dos hippies brancos e dos revolucionários negros.

Na adolescência, seu pai lhe deu seu primeiro violão, e l jovem Hendrix não parou mais de tocar. Na década de 1960, a polícia o encontrou viajando em um carro roubado, deram-lhe uma escolha, a prisão ou o exército. Hendrix se alistou no exército e recebeu alta no ano seguinte.

Naquela época tocou com vários músicos, alguns conhecidos como BB King e Tina Turner, assim como outros desconhecidos. Seu estilo não ortodoxo e inclinação para tocar em alto volume o limitavam. Ele se cansou de ser dirigido musicalmente por outras pessoas e decidiu se mudar para Nova York, lá formou várias bandas, tocou em bares e um dia conheceu Linda Keith, a namorada de Keith Richards, o guitarrista dos Stones.

Ela lembrou: "Fiquei fascinada com a maneira como ele tocava". Eles se tornaram amigos e Linda o recomendou a vários produtores, que o recusaram. Foi Chas Chandler, que estava prestes a deixar o The Animals e queria se dedicar à produção de novos talentos, que o convenceu a se mudar para Londres. Tocando com músicos britânicos, ele se surpreendeu com seu virtuosismo e atitude extrovertida no palco.

Hendrix sabia muito sobre as raízes musicais nas quais o rock de vanguarda se baseava e, graças aos seus anos de turnê, ele tinha experiência nos mundos culturais em que essas raízes se desenvolveram. Ele admirava Bob Dylan e os Beatles. No verão de 87, sua banda, The Jimi Hendrix Experience, lançou seu primeiro álbum "Are you experience?" e foi um sucesso por trás da "Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band", dos Beatles.

Por recomendação de Paul McCartney, Hendrix foi convidado para o Monterey Pop Festival, na Califórnia. A entrada custava 1 dólar. Lá ele dividiu o palco com Janis Joplin e The Who. O festival se tornou o foco da contracultura hippie e o nascimento do "verão do amor". Ele voltou para os EUA e lançou o álbum duplo Electric Ladyland. Em seguida, surgiram problemas jurídicos com contratos anteriores à sua estada na Inglaterra. Ele estava prestes a resolvê-los, quando uma overdose aniquilou seu talento inovador e transgressor, deixando um grande número de obras inacabadas que foram editadas e finalizadas por terceiros.

Para Hendrix, seu rock estrondoso era uma fração de suas aspirações, ele queria compor músicas mais complexas, ao invés de improvisar para um público que esperava que ele esmagasse ou queimasse sua guitarra ao vivo. Em sua breve e fugaz carreira, ele conseguiu combinar e estender a transcendência de John Coltrane, o virtuosismo rítmico de James Brown, o lirismo de Bob Dylan ou a agressividade de The Who.

Hendrix continua a ser uma inspiração para as novas gerações pela sua emoção crua. Clapton em uma entrevista disse que “Hendrix era muito respeitoso, ele nunca era estúpido, ele tocava com os dentes, ele fazia todos os tipos de piruetas e ainda assim não parecia acreditar, uma vez ele pediu para subir no palco quando minha banda estava tocando. Devo confessar que depois daquele show minha vida nunca mais foi a mesma".


veja todos os artigos desta edição
CATEGORÍAS

[Carcará - Semanário de Arte e Cultura]   /   [Resistência]   /   [indústria cultural]   /   [Rock]   /   [cultura]   /   [Arte]   /   [Música]   /   [Cultura]

Celina Demarchi

Oscar Zunzunegui

Comentários