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VOTAÇÃO NA CÂMARA | Jarbas Vasconcelos votará contra Temer na Câmara: o governo está ainda longe de superar sua crise

Mesmo após a paralisação do dia 30, mais fraca do que a do dia 28 de Abril, a soltura de Loures e a restituição de Aécio ao cargo de senador, fatos que poderiam demonstrar um fortalecimento do governo Temer, o presidente ainda não tem garantido o apoio necessário para permanecer ileso diante das denúncias da PGR. Entre o titubear de sua base aliada e o aventureirismo da Lava-Jato, setores de seu próprio partido, como o tradicional peemedibista Jarbas Vasconcelos, relutam em apoiar o presidente.

quinta-feira 6 de julho de 2017 | Edição do dia

Após o encaminhamento da denúncia contra Temer envolvendo as delações de Wesley e Joesley Batista, da JBS, pelo procurador geral da república Rodrigo Janot, cabe a Câmara decidir se a acusação será ou não aceita. Para que Temer vire réu no processo é necessário que ao menos dois terços dos deputados votem a favor da denúncia de Janot. Temer, portanto, agora terá de angariar o apoio de no mínimo um terço da Câmara para livrar sua pele.

Mesmo tendo saído parcialmente fortalecido a partir da intensidade mais fraca da greve do dia 30 somada à significativa soltura de Loures e à reintegração de Aécio ao cargo de senador, Temer luta para garantir o apoio necessário na câmara para não virar réu no processo da PGR. Para garantir o apoio da base aliada nesse porcesso, o presidente já liberou um total de 1.8 bilhão de reais em emendas parlamanetares.

Grande parte da base aliada de Temer, até o momento, não garantiu seu apoio nessa votação. Trata-se, evidentemente, de uma forma de pressionar Temer, com o ojetivo de barganhar toda sorte de privilégios possível. Ao todo, a base aliada do governo na Câmara é composta por 327 parlamentares, o que seria suficiente para garantir uma vitória tranquila de Michel Temer. Contudo, alguns aliados que foram basilares no processo de impeachment têm titubeado com relação a permancer apoiando o presidente.

Situação mais clara, nesse sentido, é a do PSDB. Enquanto FHC, mentor intelectual do partido, defende a realização de eleições diretas e, consequentemente, a deposição de Temer, o presidente interino dos tucanos, Tasso Jereissati, deixou claro que o apoio do PSDB ao governo está longe de se achar garantido. Jereissati afirmou que, embora seu partido não tenha intenção nenhuma de compôr uma oposição ao governo, é cada vez mais clara a vontade do PSDB de abandonar Temer neste momento.

Com relação à bancada do próprio partido, Temer também não encontra apoio incondicional. O PMDB possui uma bancada de 63 parlamantares. Mas mesmo os peemedebistas não estão fechados em torno da questão. Se o relator do processo na CCJ, Rodrigo Pacheco, em nenhum momento usou sua posição para facilitar a defesa de Temer, agora é a vez do histórico cacique do PMDB, Jarbas Vasconcelos, declarar que votará contra o presidente que pertence ao próprio partido.

Pelo peso que possui dentro do PMDB, a declaração de Vasconcelos pode ter consequências de mais peso para Temer. Além da possibilidade de arrastar muitos parlamentares da base aliada que ainda se acham indecisos com relação a seu voto, a atitude do deputado é um termômetro de que, mesmo diante dos acontecimentos recentes, o governo não possui uma legitimidade suficiente sequer para garantir o apoio do próprio partido como um todo.

O argumento de Vasconcelos para a declaração de voto contra Temer foi de que é necessário que se investigue com seriedade toda e qualquer denúncia de corrupção, inclusive no interior de seu próprio partido. Claro que, por trás desse argumento de “paladino da justiça” se escondem interesses mais profundos. Vasconcelos, como boa parte da base aliada de Temer que agora começa a se afastar do presidente, vê a perda de legitimidade crescente de um regime político já abalado por uma grave impopularidade aumentando a passos galopantes com o envolvimento de Temer em esquemas de corrupção. Por esse viés a manutenção de Temer no poder pode ser tanto um fator que dificulte a aprovação dos ataques contra a população (que contam com o apoio de Jarbas Vasconcelos e de todo o PMDB e base aliada) e que também deslegitime a imagem de seus apoiadores, preocupados com o pleito eleitoral de 2018. Por mais que tenha tido alguns triunfos parciais nos últimos dias, a situação de Temer é ainda bastante delicada neste momento.




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