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MÚSICA | Jamila Woods e a magia da mulher negra

terça-feira 5 de abril de 2016 | Edição do dia

Jamila Woods é uma poetisa, compositora e cantora de soul afro-americana natural de Chicago, Illinois. Sua linhagem musical inclui Erykah Badu, Imogen Heap, Kirk Franklin e Kendrick Lamar. Woods graduou na Brown University, onde concluiu o Bacharel em Artes em Estudos Africanos e em Estudos em Teatro e Atuação e, no ramo da música e entretenimento ficou conhecida por seu trabalho colaborativo na música Sunday Candy, com o artista Chance the Rapper. Em Janeiro de 2016, ela passou a fazer parte de um selo de hip-hop independente de Chicago, o Closed Sessions. Ela também é a diretora artística associada da Young Chicago Authors, a organização sem fins lucrativos que está por trás do maior festival poético de rap do mundo: Louder Than a Bomb.Em seu mais recente trabalho, participa da surpreendente e polêmica música White Privilege II, que fala do movimento Black Lives Matter, projeto de Macklemore, que também escreveu e produziu a música Same Love, sobre a questão LGBT. Além disso, ela organiza o currículo escolar de escolas públicas de Chicago e ensina poesia para jovens da cidade.

blk girl soldier

Seu single “blk girl soldier” foi considerado, por vários críticos, uma ode à glória e à luta de toda e cada garota negra. Segundo o site BLAVITY, “essa música deveria ser tocada no volume máximo perto dos parquinhos, nos salões de beleza e no carro quando você estiver com a sua sobrinha nele”.

Com sua atenção voltada para as questões encaradas pelas mulheres negras nos Estados Unidos, essa música pode ser considerada tanto um grito de guerra por mudança, quanto uma celebração do que ela chama “Black girl magic” (magia da mulher negra).

Em entrevista para a revista Billboard, Woods diz que ela foi inspirada a escrever essa música por causa dos cantos de protesto que ela aprendeu na sua cidade natal. Produzida por Jus Cuze Saba, o single não faz rodeios em seu desfile triunfal, como mostram os versos de abertura. “Ela é telepata, chame isso de magia da mulher negra. Ela assusta o governo, deja vu de Tubman,” canta Jamila em clara referência à cultura negra nos Estados Unidos, ao voodoo e à Harriet Tubman, afro-americana abolicionista do século XIX.

blk girl soldier e Formation

Canções podem ser um bálsamo e uma chamada à ação. Estou interessada em descobrir como canções de liberdade vão soar em 2016. Minha esperança é que ’blk girl soldier’ seja uma canção de liberdade para as mulheres negras que hoje estão lutando contra as micro e as macro agressões da vida diária em nossa cidade/país/mundo.

Enquanto Beyoncé, que em Formation, apesar de reinvidicar Malcolm-X, os Panteras Negras, o voodoo e Nova Orleans, também reinvidica o consumo, o dinheiro e o capitalismo para os negros, e faz referência a Bill Gates como mostramos nesse artigo, Jamila Woods, em “blk girl soldier”, invoca nomes de guerreiras da liberdade e lendas da cultura negra ao cantar “Rosa [Parks] foi uma guerreira da liberdade e ela nos ensinou a lutar/Ella [Fitzgerald] foi uma guerreira da liberdade e ela nos ensinou a lutar/Audre [Lorde] foi uma guerreira da liberdade e ela nos ensinou a lutar/Angela [Davis] foi uma guerreira da liberdade e ela nos ensinou a lutar/Sojourner [Truth] foi uma guerreira da liberdade e ela nos ensinou a lutar/Assata [Shakur] foi uma guerreira da liberdade e ela nos ensinou a lutar”.

A cantora também faz menção a problemas atuais, como a ausência de negr@s no Oscar [“A câmera nos ama/o Oscar não.”], e o padrão de beleza eurocêntrico [“Olhe o que eles fizeram com as minhas irmãs/No século passado, na semana passada/Eles as fazem odiar sua própria pele/Tratando-a como um pecado.”] e o histórico de escravidão, segregação racial e luta dos negr@s norte-americanos [Olhe o que eles fizeram com as minhas irmãs/No século passado, na semana passada/Eles colocaram o corpo dela em uma jarra e a esqueceram/Eles amam como isso se repete.”].

Ouça a música. Ouça de novo. Ouça todos os dias.

Na sua música, sua história de vida e seus projetos, Woods se coloca na mesma linhagem de Erykah Badu, Nina Simone, Tracy Chapman e outras compositoras e artistas lendárias que usaram seus títulos para serem revolucionárias tanto na música quanto no mundo. “blk girl soldier” não sacrifica seu funk para trazer uma mensagem.

Eu fui hipnotizada pela magia negra de Jamila Woods e por sua voz. E fortificada e motivada a, como a cantora diz, enfrentar as micro e as macro agressões da vida diária com esse hino e com a magia que existe em nós, mulheres negras.

Ouça a música. Ouça de novo. Ouça todos os dias.

Conheça mais sobre o trabalho de Jamila Woods em seu site oficial: http://www.jamila-woods.com
Instagram: https://www.instagram.com/jamilawoods
Twitter: https://twitter.com/duhmilo




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