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ORIENTE MÉDIO | Israel renova sua doutrina de punições coletivas na Cisjordãnia

quinta-feira 18 de agosto de 2016 | Edição do dia

Tradução: Fabrício Pena

A quase um ano da maior onda de protestos em um década e apenas 50 dias para as eleições municipais palestinas —nas quais tinha previsto participar o Hamas—, Israel há apresentado uma "doutrina de castigos e prêmios" coletivos para a população da Cisjordânia. Em essência, as localidades onde supostamente procedem os que cometem ataques contra israelenses serão submetidas ao “pau” das medidas punitivas, em sua maioria pelas mãos do exercito. As consideradas mais “pacíficas” receberiam, em troca, a “cenoura” em forma de ajudas econômicas e incentivos.

O Ministro de Defesa israelense Avigdor Lieberman, da ultra direita, advertiu ao apresentar tal estratégia que “quem está disposto a coexistir sairá beneficiado e quem seguir o caminho do terrorismo sairá perdendo”, segundo informa nesta quinta (18) o diário Yediot Ahronoth.

Avigdor Lieberman é sobretudo o responsável da carteira que supervisiona a ocupação dos territórios palestinos desde 1967, ano em que Israel toma o controle dos territórios palestinos os dividindo em duas regiões sem continuidade territorial: a Faixa de Gaza e Cisjordânia.

O ministro apresentou na tarde desta quarta (17) o novo mapa que divide a Cisjordânia em áreas de distinta cor, como “focos de violência”. Em verde figuram as populações de onde não há surgido nenhum “atacante”, e em vermelho e amarelo as que contam com vizinhos acusados de “atos violentos”. Entre as primeiras figuram Beit Shaur (próximo de Belén), onde irá se construir um hospital; Nablus (norte), na que será instalada um polo industrial na sua parte oriental, o Bidiya, ao sul de Nablus, que será também "recompensada" com um campo de futebol novo em folha. Também está previsto estabelecer entre Jericó e a fronteira vizinha jordana um corredor comercial, ainda que neste caso será financiado pela cooperação japonesa.

As famílias residentes nos pontos em vermelho do mapa, na maioria marcados em torno a Hebrón (sul), enfrentarão um terrível plano repressivo como o aumento da presença do Exército e das detenções de “suspeitos”, demolições de casas (de famílias dos atacantes), registro de habitações de pessoas envolvidas em supostos “atos terroristas” —assim como a confiscação de seus bens e propriedades—, privação da permissão de trabalho em Israel, entre outras medidas punitivas.

Se a política de castigo coletivo já é utilizada permanentemente pelo Estado de Israel, como é o caso da demolição da casa dos familiares daqueles palestinos acusados de realizar ataques, a nova doutrina trata de sistematizar e estender este método de terror na Cisjordânia.

O Exercito já antecipou no domingo passado o enfoque repressivo da chamada “doutrina Lieberman” no campo de refugiados de Fawar, próximo de Hebrón, onde três batalhões apareceram para levar a cabo os registros e detenções durante toda a noite.

O periódico Yedioth Ahronoth (o maior do idioma hebraico en Israel), destaca que “no meio da nova estratégia de mão dura do ministro de Defesa figuram projetos que autorizam construções palestinas da chamada zona C —a maior área sob controle exclusivo de Isarael na Cisjordania, delimitada há duas décadas nos Acordos de Oslo—, num gesto que pode gerar uma divisão no seio da coalizão de Governo, onde contam com um grande peso específico partidos que apoiam os cerca de 600.000 colonos que vivem em territórios palestinos sob ocupação israelense”. Precisamente Lieberman, nascido na Moldavia, reside na colonia de Nokdim, um dos assentamentos judeus mais distantes de Israel dentro do território palestino.

Ainda que tenha assegurado que não pretende interferir no assuntos internos palestinos, o líder ultradireitista israelense anuncia a entrega de prêmios e castigos entre os palestinos da Cisjordânia em plena campanha eleitoral municipal do próximo 8 de outubro, os primeiros comícios nos que o Hamas medirá suas forças em 9 anos, quando proclamaram sua vitoria em Gaza em eleições legislativas. O Hamás há apresentado listas de candidatos e aspira a conquistar as prefeituras de Hebrón e Nablus. Fontes palestinas reconhecem que na primeira cidade o Hamas conta com vantagem, enquanto que na segunda existe um empate técnico com Al Fatah, o partido do presidente Abbas, hegemônico até agora na Cisjordânia.

A “nova” doutrina apresentada pelo sionista Ministro da Defesa Lieberman, segue sendo parte do plano de extermínio étnico ao que é submetido o povo palestino desde a Segunda Guerra Mundial. Este “novo plano” busca explorar distintas estratégias de colonização frente à resistência de um povo que ano a ano é perseguido e massacrado por um dos exércitos mais poderosos do mundo sustentado pelo imperialismo norte-americano. Os bombardeios, a violência diária das forças repressivas israelenses, a sistemática ocupação de territórios, a discriminação e segregação por parte do sionismo, não pode mais que aumentar as explosões de raiva entre os palestinos.




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