LUTA INDÍGENA | Indígenas ocupam a Norte Energia em Altamira

Ao chegarem aos portões da empresa, exigindo falar com o diretor socioambiental da empresa, José de Anchieta, os representantes indígenas foram informados que ele estaria viajando, mas que uma comissão poderia ser recebida pelo superintendente de assuntos indígenas. Contudo, eles já sabiam que seria apenas mais uma de tantas enrolações por parte da empresa, já que o superintendente sequer goza do poder de decisão para atender as demandas que estavam sendo feitas.

Diante disso, eles resolveram ocupar o escritório da empresa. Os seguranças privados, talvez em virtude da presença da imprensa que estava filmando a ação, apenas assistiram enquanto eles derrubavam o frágil portão e entravam na recepção da Norte Energia. A única resposta até agora por parte da empresa foi a proposta de reunião com o superintendente e o envio de carros para buscar as lideranças indígenas e levá-los para o batalhão do Exército, onde seria realizado o encontro. Contudo, essa oferta foi rechaçada pelos indígenas, que decidiram ontem manter a ocupação do local. A Norte Energia ainda não se pronunciou publicamente sobre a questão, mesmo tendo sido procurada por veículos da imprensa.

A ação de ocupação do consórcio empreendedor da usina hidrelétrica de Belo Monte ocorreu apenas dois dias antes que viesse à tona, por meio de delação premiada de executivos da Andrade Gutierrez, a confirmação de que ocorreu pagamento de propina ao ex-ministro Delfim Netto para que esse ajudasse na consolidação do consórcio responsável pela construção da usina.

Isso é apenas um pequeno exemplo do imenso crime que foi a construção de Belo Monte, sob responsabilidade do governo petista, e que representou um ataque imenso às populações indígenas de Altamira. O que ocorre hoje é que mesmo as pífias compensações que faziam parte das obrigações legais que a empresa deveria atender, de melhorias nas aldeias, não estão sendo cumpridas.