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ÍNDIA | Índia: Mais de 250 milhões de trabalhadores participam de greve geral

Uma greve massiva, convocada por mais de 10 sindicatos, atingiu várias cidades na Índia. Segundo os organizadores, mais de 250 milhões de pessoas se mobilizaram.

quinta-feira 9 de janeiro de 2020 | Edição do dia

A greve foi anunciada em setembro do ano passado, por mais de 10 sindicatos, em resposta às políticas oficiais contra os trabalhadores. Às demandas originais, que incluíam, entre outras, aumentos dos salários e fim das privatizações, se somaram a crítica contra a polêmica “lei de cidadania”, que discrimina contra a comunidade mulçumana. Os organizadores falam em mais de 250 milhões de pessoas mobilizadas.

O primeiro ministro, Narendra Modi, em seu segundo mandato, anunciou no setembro passado que reduziria os impostos corporativos de 35% para 25%, o que se soma a suas intenções de modificar as leis trabalhistas em benefício das grandes empresas privadas. Os sindicatos majoritários responderam com um chamado a uma greve geral para o dia 08 de janeiro, com reivindicações majoritariamente econômicas e contra as intenções de privatização de empresas estatais. Em novembro, a ministra das Finanças, Nirmala Sitharaman anunciou a venda da Air Índia e da Bharat Petróleo, às quais se somariam a empresa de navegação Shipping Corporation of India e a de logística Container Corporation of India. Centenas de milhares de trabalhadores indianos estariam sob ameaça de perder seus empregos se as vendas avançassem, piorando ainda mais a grave situação do país, que enfrenta a maior taxa de desemprego dos últimos 45 anos.

Nas últimas semanas, por volta de 145 sindicatos de granjeiros e trabalhadores rurais se somaram em apoio à greve, junto a mais de 60 organizações estudantis.

Ao descontentamento com os ataques, se somou a raiva com o anúncio de uma lei de cidadania, que permitiria o acesso à nacionalidade indiana para imigrantes, excluindo expressamente aqueles que professam a religião mulçumana. A lei, anunciada em meados de dezembro, desatou uma insatisfação generalizada que se converteu em mobilizações em todos os cantos do país contra seu caráter abertamente discriminatório contra os que são o maior grupo de imigrantes do país, e além disso, pelo perigoso precedente que sobre discriminação religiosa.

"Salve a Constituição, retire a Lei da Cidadania" foi um dos slogans contra a lei cantados na quarta-feira na capital indiana, ao lado dos slogans contra as políticas econômicas do governo.
Ao menos 25 pessoas morreram na onda de protestos contra a emenda legal e a intenção do governo de realizar um censo para identificar os imigrantes irregulares do país, similar ao realizado no Estado de Assam, no nordeste do país, em agosto e que resultou na expulsão de quase dois milhões de pessoas.

“A classe trabalhadora está, hoje, nas ruas”, afirmou o líder sindical Amarjeet Kaur em declarações públicas. Ele também garantiu que entre 90 e 100% dos trabalhadores dos setores de defesa, petróleo, agricultura e serviços se somaram à greve em pelo menos 15 estados.

A greve afetou os transportes, serviços bancários e comércio em numerosas cidades indianas, mas com um impacto especial nos estados de Bengala (oeste) e Kerala (sul). Os trabalhadores também saíram às ruas em cidades como Nova Deli e Chennai no sul do país.

O panorama não é promissor para Modi, cujo governo anunciou um crescimento de 5% este ano, contra 6,8% no ano passado. Esta queda se dá, principalmente, a um mal rendimento dos setores de manufatura, cimento e energia. O rechaço tanto ao programa econômico neoliberal, como às políticas discriminatórias prometem ser a pedra no sapato do premier indiano.




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