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França | IV Congresso: por um NPA operário e revolucionário para lutar contra Macron e seu mundo

Durante este IV Congresso do NPA (Novo Partido Anticapitalista, da França), os ativistas da Corrente Comunista Revolucionária (corrente interna do NPA), por iniciativa de “Révolution Permanente”, buscaram reagrupar a esquerda do partido sobre a base da luta de classes, como parte de uma estratégia comunista revolucionária independente e comum.

sexta-feira 9 de fevereiro de 2018 | Edição do dia

Com resultados limitados: emendada e respaldada por duas plataformas da esquerda do partido (Plataforma T e a Plataforma Y), compartilhamos abaixo nossa proposta de uma declaração final do congresso, centrada nos eixos de uma reorientação que permita ao Novo Partido Anticapitalista enfrentar os desafios da situação atual. Obteve 18,5% dos votos.

Uma avaliação do passado imediato à luz do presente

A Grécia e a perspectiva de um governo dirigido por Alexis Tsipras estiveram no centro das discussões no nosso Congresso anterior, em 2015. O histórico de três anos de governo de Syriza ilustra claramente para que serve o neorreformismo: canalizar a luta quando se encontra na oposição, levando-os a um ponto morto e assegurando a política da burguesia em troca de umas poucas (exímias) concessões quando estão no governo.

É esta característica comum compartilhada tanto pelo Podemos (no estado espanhol), como pela França Insubmissa. Em um grau superior, se considera o apoio do Bloco de Esquerda para o governo do Partido Socialista, em Portugal.

Fortalezas e limitações de Macron e os combates por vir

Na França, foi Macron que conseguiu aproveitar a crise dos mecanismos tradicionais de representação política. Entretanto, Macron é provavelmente muito menos sólido do que se poderia pensar, apesar de sua primeira vitória importante na proposta Lei do trabalho XXL.

Macron recebeu a ordem de golpear forte e rápido. Ao mesmo tempo, sua impopularidade é evidente nas classes mais baixas. É por isso que fortalece ainda mais a natureza autoritária do poder, especialmente através da caça de imigrantes e uma política que ainda alimenta o racismo e especialmente a islamofobia.
As direções sindicais, ainda que desafiadas, seguem sendo a arma na mão e/ou participam no “acordo”. Entretanto, se destroça em todas as partes: nos hospitais, contra a fatiga laboral, na educação, contra os recortes orçamentários e o fortalecimento de um sistema mais desigual com a reforma do segundo grau e a seleção para entrar na universidade; na juventude pelas mesmas razões, etc.
O movimento Me too permitiu uma liberação do discurso e reviveu uma nova dinâmica no movimento feminista. Em algumas áreas, o movimento conseguiu fazer retroceder o governo e/ou a patronal, depois de duros combates e (as vezes muito longos): se pensamos em Notre-Dame-des-landes ou na greve dos limpadores das estações do trem de Ile-de-France, da empresa Onet.

Isto indica as potencialidades da situação, seja frente às condições de trabalho e do emprego (ainda mais se é confirmado o pequeno “embelezamento” econômico para os patrões) ou a nível do movimento da juventude. As mobilizações em curso nas casas de retiro (EHPAD) e contra a seleção na universidade e a reforma do segundo grau, podem ser os primeiros sintomas de um desafio generalizado à política do governo.

Para um partido anticapitalista e revolucionário de nossa classe

Tudo isto demonstra a questão da atualidade de uma organização comunista revolucionária que faça um balanço da experiência dos “partidos amplos”, radicalmente distinta de uma “nova representação política” que ignoraria a diferença entre os revolucionários e os reformistas.

Este partido deve ser capaz de resistir, sendo contra-corrente, contra as pressões mais reacionárias da situação; aproveitar as oportunidades quando os enfrentamentos se cristalizem; intervir com audácia na luta, organizando a solidariedade e a coordenação necessárias para sua vitória. É recuperando a confiança em nossa capacidade de lutar e ganhar que poderemos reverter as coordenadas da situação que ainda são desfavoráveis para nós.
De forma distinta aos camaradas que nos deixaram pela Frente de Esquerda em 2012, não concluímos que deve haver uma dissolução das forças organizadas de extrema esquerda em um conglomerado político mais moderado, cujo único propósito é “limitar” a implementação de reformas. A situação atual requer um Novo Partido Anticapitalista que:

• Lute para preparar a batalha, no marco da frente única, com os métodos da greve na unidade de ação. Não se trata de defender a “unidade” em geral ou a unidade dos aparatos, e sim de exigir das direções sindicais que rompam com o “diálogo social” para construir a mobilização, realmente, sobre a base de reivindicações claras e comuns, com uma agenda de lutas em oposição às jornadas de ação separadas, de um dia para outro e que tenham por objetivo o “todos juntos!”, a greve geral como meio para infligir derrotas aos patrões e ao governo. Os militantes do NPA intervêm na Frente Social (FS) para defender esta política, construindo comitês locais e buscando que seus sindicatos adiram. O encontro de abril, chamando o FS, pode ser um passo adiante no reagrupamento da vanguarda.

• Colocar os meios sobre a base de um trabalho de implantação nas empresas, para implementar uma política alternativa, impulsionar e estruturar sempre que possível, a auto-organização e a coordenação dos setores em luta.

• Articular as lutas dos trabalhadores no conjunto dos combates dos oprimidos: pelos direitos das mulheres e dos LGBTs e contra todas as formas de violência de gênero, pela recepção dos imigrantes. A liberdade de circulação, o anti-racismo e o anti-imperialismo, contra a violência policial, que afeta especial os jovens nos bairros populares, questões todas que não superam a análise em termos de “classe”, mas que são ângulos de ataque complementários e necessários para ter em conta nas batalhas.

• Defender abertamente o projeto de uma sociedade que eliminaria a capacidade dos patrões para violentar, despedir e contaminar, sua capacidade política para roubar e nos enganar, uma sociedade livre de qualquer imposição moral e em luta contra todas as opressões: uma sociedade comunista em que os trabalhadores tomem o controle de seu próprio destino.

Nas lutas, o NPA buscar convergir com outras organizações de extrema esquerda. Para os europeus, o NPA decide explorar as possibilidades de que o partido, simultaneamente, obtenha os meios necessários para sua presença nas eleições de 2019 e forme uma lista comum com as organizações da esquerda anticapitalista e revolucionária, começando com Lutte Ouvriére (Luta Operária).

O próximo período será um período de enfrentamentos. Só podemos esperar que seja, portanto, uma sequência de revoltas, mas não podemos nos contentar com isso. Para que as resistências se convertam em vitórias, também será necessária uma direção alternativa, um NPA operário e revolucionário.




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