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AJUSTES NA FRANÇA | Hollande: ’Não é o momento de colocar em perigo a economia francesa’

Na sexta-feira, o presidente francês endureceu sua posição, e frente à manifestação de massas que ocorreu na quinta-feira contra as reformas trabalhistas, subiu o tom, advertindo que não vai permitir que "protestos sufoquem a economia".

segunda-feira 30 de maio de 2016 | Edição do dia

A mensagem de Hollande, na cúpula do G-7 no Japão, foi clara: segundo ele a economia francesa está começando a se recuperar e não deve ser prejudicada por aqueles que se opõem a uma reforma destinada a impulsionar o emprego. "Isto não é hora de colocar em perigo a economia francesa", disse ele.
Consequentemente, no mesmo dia, o batalhão de choque da polícia foi ordenado a retirar as barricadas que bloqueavam o acesso a um grande reservatório de distribuição de combustíveis, a refinaria de Donges no oeste da França.
A repressão policial, apoiada pela mensagem Hollande, tem como objetivo acabar com a escassez de combustível causada ​​pelas demonstrações de força realizadas pelos trabalhadores da refinaria que se colocam contra a reforma trabalhista.
Vários analistas disseram que Hollande dirigiu suas palavras contra a Confederação Geral do Trabalho (CGT), encabeçada por um grande setor dos trabalhadores. Dias atrás, Philippe Martinez, líder da CGT, declarou que eles estão dispostos a "bloquear o país" para barrar a reforma trabalhista. Sexta-feira a CGT confirmou que os trabalhadores do terminal de petróleo CIM no porto de Le Havre (que lida com 40% das importações francesas brutas) votaram para estender a greve até segunda-feira.
Na sequência das declarações de Hollande, as sete organizações sindicais participantes do protesto chamaram a redobrar e intensificar as ações até que sejam pelo menos recebidas pelo presidente francês.
A reforma trabalhista
Enquanto Hollande visa convencer os manifestantes de que "a reforma é vital para combater o desemprego", a reforma antioperária aprovada por decreto está há quase três meses sendo profundamente rejeitada por trabalhadores e estudantes franceses. As massivas manifestações, que ocorreram em todo o país, foram reprimidas e contabilizam mais de 1.300 detenções.
A reforma trabalhista apresentada pela ministra do Trabalho, Myriam O Khomri, contém medidas que flexibilizam ainda mais o trabalho juvenil e avança sobre as indenizações por demissão: para as demissões sem justa causa, as indenizações cairão de 12 para 6 meses de salário, e o pagamento só será obrigatório para trabalhadores com pelo menos dois anos de serviço. Para aqueles com menos de dois, a compensação vai de 4 a 3 meses, e para aqueles que trabalharam mais de 20 anos em uma empresa, a redução é de 27 para 15 meses de salário.
A nova lei trabalhista privilegia as negociações empresariais em detrimento de acordos coletivos, o que significa, por exemplo, que, se o comitê da empresa decidir, pode reduzir horas extras e aprovar cortes de postos de trabalho. E também facilita as demissões em empresas que sofrem problemas econômicos, ignorando até mesmo o papel dos sindicatos dentro do polêmico artigo 2, que tem dividido águas dentro do gabinete presidencial e é uma medida muito reivindicada pelas organizações sindicais que continuarão com as demonstrações de força que já paralisam 20% das refinarias do país.
Os cortes na França e na Grécia
É inegável que as palavras de Hollande conseguiram adicionar lenha nos piquetes dos trabalhadores de refinarias e portos do país. Os métodos de luta dos trabalhadores, acompanhados pelo movimento da juventude militante conhecido como Nuit Debout, são expressão do cansaço contra uma política de ajuste que já perdura há anos.
As previsões da economia mundial não são boas, na UE as cúpulas têm implementado medidas extremas para salvar os bancos com políticas de estímulo financeiro. Assim como na França, na Grécia, governada por Syriza, também foram votadas contrarreformas trabalhistas, apesar da grande resistência. Existe em marcha um plano de fundo do capitalismo que tenta descarregar os custos da crise e a recessão econômica sobre os trabalhadores. Como temos dito, "um novo pesadelo começa a preocupar a burguesia francesa: o anticapitalismo”.

Tradução: Barbara Molnar




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