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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL | Hiroshima e Nagasaki: o maior crime da “democracia” imperialista

Nesses dias se recorda o maior “atentado terrorista” perpetrado em nome da democracia em Hiroshima e em Nagasaki. A Segunda Guerra Mundial havia terminado mas o EUA necessitava demostrar ao mundo sua força hegemônica.

quarta-feira 10 de agosto de 2016 | Edição do dia

Entre o dia 6 e 9 de Agosto de 1945, Estados Unidos lançou as bombas atômicas, argumentando a necessidade de invadir o Japão para evitar a morte de milhares de soldados norte-americanos. Porém, hoje se reconhece que o Japão, a essa altura da guerra, já estava derrotado. O objetivo era político. O EUA se propunha, desse o início da guerra, definir a partilha do mundo a seu favor e consolidar sua hegemonia a nível mundial, assim como Alemanha se havia proposto dominar a Europa. A um objetivo contrarrevolucionário corresponde a meios contrarrevolucionários. Os dois recorreram ao terrorismo de Estado, ao racismo e o genocídio para exterminar em massa a milhões de pessoas e alcançar seus objetivos.

1 - As bombas foram para derrotar as massas mas não ao imperialismo japonês: A exigência de rendição incondicional do Japão e dos “aliados” durante a Conferência de Postdam, em Julho de 1945, terminou sendo somente para os militares. Os aliados debatiam se preservar o imperador do Japão, Hirohito, que após dirigir a guerra havia decidido, em Junho desse ano, trocar o governo para favorecer a negociação com os aliados. Ao mesmo tempo as massas japonesas eram bombardeadas quando já não havia objetivos militares. Em Março de 1945, foi o primeiro bombardeio a Tóquio que destruiu 50% da cidade. Durante Maio, Junho e Julho, outras cidades japonesas foram destruídas sob as bombas de napalm aliadas. Alguns calculam que os mortos já chegavam a um milhão, antes de Hiroshima e Nagasaki (onde morreram quase 200 mil pessoas e os efeitos radioativos continuaram durante dezenas de anos). A par, Estados Unidos, com o consentimento da Grã-Bretanha, avançavam rapidamente os ensaios para o lançamento da bamba.

Os aliados temiam um possível levantamento das massas frente a derrubada de um regime que havia sido derrotado na guerra. Tal como fizeram na França, Itália e Grécia, os “aliados” pactuaram com os regimes mais reacionários, colaboracionistas do nazismo, em troca de “preservar” os regimes frente as massas, que haviam tornado e poderiam tornar-se revolucionárias . A política dos EUA para o Japão foi bombardear, invadir, manter o imperador Hirohito e impor um governo de ocupação (que chamaria eleições). Abaixo o general Douglas MacArthur, a ocupação durou sete anos. Entre outras medidas “democráticas”, proibido toda referência as consequências das bombas nos jornais. Embora houvesse uma certa recuperação das massas japonesas no pós-guerra, ainda hoje sofrem as sequelas das bombas. Os “hibakushas” (milhares de sobreviventes das bombas) foram deixados a própria sorte durante anos. O Japão continuou sendo uma potência imperialista mas bastante subordinada aos dizeres dos EUA.

2 - Colocar limites ao expansionismo da URSS: os acordos de Yalta e Potsdam redefiniram o mapa mundial segundo os interesses das potências vencedoras. Ali se sentaram EUA, Grã-Bretanha e URSS. A presença da URSS não era do agrado dos EUA. Porém, deveria aceitar a relação de força que haviam sido impostas no triunfo da URSS sobre os nazistas. Após estes acordos faltavam alguns “detalhes” por definir, especialmente na Ásia, onde Stalin tinha interesses em avançar. Não precisamente para “expandir a revolução”. Já havia dado mostras de sua “falta de interesse” na Grécia, França, Itália, onde os Partidos Comunistas haviam entregado os processos revolucionários as burguesias desses países. Igualmente, e mais além de Stalin, a URSS era um sócio pouco “confiável” para o imperialismo, continuava sendo um estado operário e havia sido vista pelas massas de todo o mundo como uma vencedora frente aos nazistas. Por isso, era necessário colocar limites.

3 - Demostrar a hegemonia militar frente as outras potências (incluindo as “aliadas”) e as novas semicolônias: de acordo aos seus objetivos imperialistas, Roosevelt autorizou a fabricação de uma bomba desde Março de 1942. O “Projeto Manhattan” seguiu seu curso até 1945. Harry Truman, que substituiu Franklin Roosevelt no final da guerra, viu no lançamento das bombas a possibilidade de “ditar os próprios termos no final da guerra”. Com isso, EUA inaugurou a “paz americana”, que sofreu seu primeiro revés já nos anos 70, com a derrota no Vietnã.

4 - Impor sua democracia “atômica” as massas do mundo: as bombas atômicas foram a culminação dos bombardeios às massas que começaram os aliados desde o desenvolvimento dos processos revolucionários na Europa e na Ásia em 1943. Entre este ano e 1947, enquanto os EUA fundava sua “democracia” e sua “liberdade”, ao mesmo tempo que se mostrava como o “libertador” das colônias, milhões de trabalhadores, povoados, homens, mulheres e meninos mortos sob suas bombas (e as da Grã-Bretanha e França) em Roma, Grécia, Alemanha ( em especial Dresde), Argélia, Índia, Madagascar e outras cidades. Abortando e derrotando as revoluções proletárias, o imperialismo conseguiu impor sua continuidade e sua “democracia” baseada em milhões de mortos.

A rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada

Versão interpretada por Ney Matogrosso

Tradução: Clarissa Ramos


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