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Eleições EUA | Hillary Clinton: a democrata favorita dos republicanos

Hillary Clinton busca atrair os votantes republicanos descontentes com a candidatura de Donald Trump. Sua campanha busca recrutar republicanos depois da pior semana na campanha do magnata novaiorquino.

Celeste MurilloArgentina | @rompe_teclas

segunda-feira 15 de agosto de 2016 | Edição do dia

Segundo uma pesquisa realizada pela Reuters/IPSOS quase um em cada cinco republicanos registrados quer que Trump se retire antes da eleição de oito de novembro. À isto se soma a lista de assessores, legisladores, ex-candidatos e ex-presidentes republicanos que já apoiaram Clinton ou se expressaram explicitamente contra a candidatura de Trump.

Hillary lançou na quarta-feira 10 um site chamado togetherforamerica.com (Juntos pela América) para reunir apoio entre os republicanos e votantes independentes. Como adiantou no discurso de encerramento da convenção democrata, ela quer apresentar-se como a candidatura da unidade nacional diante da polarização que atravessa a sociedade estadunidense.

Na página web já se podem ver as assinaturas de 50 republicanos destacados e independentes, incluindo a presidente executiva da Hewlett Packard, Meg Whitman, e o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. Também se encontram entre os signatários John Negroponte, ex-diretor da inteligência nacional, durante o governo de G. W. Bush. O próprio ex-presidente deixou claro seu rechaço à candidatura de Trump e declarou estar preocupado por ter se tornado o “último presidente republicano”.

No início desta semana, 50 funcionários republicanos da segurança nacional publicaram uma carta aberta na qual questionavam a avaliação de Trump com respeito a temas sensíveis de segurança nacional e o qualificaram como insensato e inapto para o cargo.

Trump minimizou o peso das deserções e as críticas nas fileiras republicanas taxando como uma reação da elite de Washington contra sua campanha. O rechaço que ele despertou nas fileiras do partido republicano é a mostra mais recente da crise do sistema bipartidarista, que hoje golpeia por completo o partido republicano, em que o magnata se converteu em porta-voz da raiva da base de direita do partido. O discurso reacionário e populista de direita de Trump reproduz os piores medos e preconceitos de setores da população golpeados pela crise. Por isso o “cortejo” de Clinton com os republicanos anti-Trump pode ser insuficiente.

Hillary: a mais republicana dos democratas?

Clinton parece ter assegurado o apoio da aliança que levou o partido Democrata à Casa Branca nas últimas eleições: jovens, mulheres, afro americanos e latinos. Ainda assim, Hillary aspira também capitalizar o descontentamento que existe nas fileiras republicanas. Por sua vez, com uma imagem de “unidade nacional” e um perfil mais de centro, de alguma forma busca dirigir-se a setores de trabalhadores que veem em Trump um candidato que se preocupa com quem perdeu com a crise econômica.

Um fator que favorece Clinton entre os republicanos é seu perfil na política exterior. Não é à toa que a vanguarda do apoio republicano à Clinton se concentrou em primeiro lugar entre assessores e especialistas de política externa, que veem na democrata uma garantia mais firme de defesa dos interesses do imperialismo estadunidense no mundo.

Algo desse perfil se viu na convenção democrata, que explorou como nunca o patriotismo tradicionalmente utilizado pelos republicanos. A presença de soldados e generais foi um complemento notável do discurso progressista, que se dirige aos setores em que se apoia o partido democrata como são as mulheres e as comunidades afro americana e latina.

Com esta campanha, Clinton tentará conjugar ambos perfis e fortalecer assim uma candidatura para “unir” os Estados Unidos. Por outro lado, a candidatura democrata tenta apresentar medidas econômicas que devolvam ao seu partido algo do diálogo perdido com setores de trabalhadores, que veem em Trump seu porta-voz. Em um de seus atos em Michigan, apresentou medidas econômicas como um imposto aos ricos, que se destinará uma parte para a indústria manufatureira, e o estabelecimento de um fundo de 200 bilhões de dólares para infraestrutura. Também reafirmou sua oposição ao Acordo Trans-Pacífico (uma posição oposta à que sustentou enquanto foi secretario de Estado) e anunciou que se fosse eleito, suspenderia qualquer acordo que afetara postos de trabalho estadunidense.

Clinton tenta agora dialogar com os setores que veem nas promessas de Trump uma resposta aos seus problemas, assim como durante a convenção mostrou a incorporação de várias demandas que haviam motorizado a campanha de Bernie Sanders nas primárias democratas (como a educação gratuita, o salário mínimo, entre outras). Este é um dos desafios para a candidata democrata até as eleições gerais de novembro.

Tradução por Alexandre Costa




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