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CORONAVÍRUS E LUTA DE CLASSES | Greve selvagem dos trabalhadores do campo na Alemanha

Os trabalhadores romenos da colheita de Bornheim fizeram greve e se mobilizaram contra o roubo dos salários. Quando os trabalhadores essenciais não aguentam mais serem tratados como escravos.

quarta-feira 27 de maio de 2020 | Edição do dia

Quase 200 pessoas, entre trabalhadores, setores solidários, se manifestaram na segunda-feira, 18 de maio, em Bornheim para protestar contra as miseráveis condições de trabalho e de vida dos trabalhadores temporários que colhem aspargos e morangos na Alemanha.

Uns dias antes, no 15 de maio, 150 trabalhadores temporários havia declarado greve selvagem na empresa Spargelhof Ritter em Bornheim. O motivo: queriam enganá-los com apenas 50 a 300 euros pelo trabalho que haviam feito durante todo o mês de abril. Também protestavam contra as condições de vida na precária instalação de contêiners, onde estão amontoados e tem que viver sem as medidas e higiene adequadas. A luta dos temporários romenos foi apoiada pelo sindicato FAU de Bonn.

A direção da empresa chamou a polícia, mas a tentativa de intimidação fracassou. Também foram ameaçados com a demissão antecipada e a expulsão. Mas eles se mantiveram e a greve foi ecoada pelos meios de comunicação.

A empresa Spargel Ritter está falida desde o dia 1º de março e agora é dirigida pelo escritório de advocacia Andreas Schulte-Beckhausen em Bonn. Em abril, contratou tanto trabalhadores temporários estrangeiros, como auxiliares alemães sem informá-los que a empresa está falida. Obviamente o administrador da insolvência está tentando fazer com que a empresa seja atrativa para um novo investidor por todos os meios possíveis.

O protesto continuou na segunda-feira, 18 de maio, com uma manifestação organizada pelo sindicato anarcosindicalista FAU nos contêiners de alojamento, na qual participaram cem pessoas.

As mulheres trabalhadores se destacaram, protestando contra sua exploração em impressionantes e indignados discursos. Depois, todos eles se manifestaram juntos em um depósito próximo da empresa, onde supostamente alguns salários pendentes deveriam ser pagos. Ali, no entanto, os trabalhadores eram esperados por uma por uma corrente de policiais e seguranças privados agressivos. Logo ficou evidente que a estratégia do administrador da insolvência era dividir os trabalhadores e fazer com que se enfrentassem entre si: para alguns pagou 600 euros, para outros 50 ou 70 euros.

Uma greve selvagem e a necessidade de unidade da classe operária

Enquanto este artigo era redatado, lemos o informe do sindicato anarcosindicalista FAU, que esteve apoiando a greve, onde explica que muitos trabalhadores já migraram de volta ao seu país, ou que conseguiram outros trabalhos. Ainda assim, muitos seguem reivindicando os salários que lhes são devidos.

Os trabalhadores do campo romenos começaram uma greve selvagem sem o apoio dos grandes sindicatos, nem da esquerda reformista, em condições extremamente difíceis. Sua reivindicação é elementar, que não lhes roubem o salário, é o grito daqueles que não querem continuar sendo tratados como escravos.

Esta lucha mostra que os setores mais precários da classe operária podem sair em luta e explodir com greves selvagens, mas também mostra que é necessário lutar por um programa de unidade entre as fileiras operárias e anticapitalistas, para que as divisões entre nativos e estrangeiros impostas pelas patronais não impeçam uma luta conjunta e a ofensiva.

Nas últimas semanas, temos visto protestos e greves dos trabalhadores e trabalhadoras do campo na Itália, no Estado Espanhol e na Alemanha. Os trabalhadores temporários migrantes do campo são trabalhadores essenciais e estão cansados de serem tratados como escravos.

Publicado originalmente no La Izquierda Diario ES




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