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CRISE DAS UNIVERSIDADES | UERJ: Greve geral estudantil para lutar contra a precarização e transformar radicalmente a universidade

quinta-feira 28 de maio de 2015 | 06:46

Já são pelo menos 15 cursos com paralisações. Todo dia ocorrerem atos, reuniões, assembleias, comissões de mobilização, aulas públicas. Segunda-feira ocorreu um marcante ato protagonizado por mães exigindo o direito a creche. Tudo isto tem ocorrido por fora, e contra, o Diretório Central dos Estudantes, que não está mobilizando ou sequer convocando uma assembleia geral. A Assembleia Geral de hoje ocorrerá graças aos estudantes e Centros Acadêmicos que não estão alinhados nem com o Governo Pezão ou Dilma ou com a Reitoria. Trazemos aqui algumas reflexões e propostas para esta assembleia.

A crise da UERJ é parte da crise geral da educação

O governador Pezão corta recursos da educação. Porém não faltam recursos para os políticos dos grandes partidos (PT, PMDB, PSDB) aumentarem seus próprios salários, e benefícios (bolsas-paletó, viagens para as esposas, moradia e auxílio educação para os seus filhos), triplicarem o fundo partidário, enquanto, dizem que “a economia anda mal” e com esta justificativa aplicam um imenso ajuste fiscal antipopular. Na própria UERJ não falta dinheiro para o salário do Reitor, mas falta para os terceirizados e para as bolsas.

Esta crise na UERJ é parte de uma política de “ajustes” que todos governos estão fazendo, cortando direitos dos trabalhadores e atacando a educação. Isto inclui o governo Dilma e os reflexos vemos na UFRJ, na UFF, e lá também há uma mobilização estudantil em resposta a esta situação com a ocupação da Reitoria.

Chega de ter estudantes que abandonam a UERJ por falta de bolsa, pelo valor da bolsa, por falta de creche...

Em todas estas universidades, está colocada a necessidade dos estudantes defenderem suas próprias condições de permanência, e também à dos trabalhadores terceirizados. Foi este corte, que caiu na conta dos trabalhadores terceirizados da limpeza que já levou a mobilizações nossas em seu apoio desde dezembro. Muitos continuam sem receber ou sem receber integralmente todos seus benefícios e direitos. Volta e meia as bolsas para os estudantes também atrasam, afetando em primeiro lugar os negros cotistas. Sem falar que o valor da bolsa é totalmente irrisório para se sustentar em uma cidade como o Rio de Janeiro.

Este é o momento dos estudantes defenderem a permanência de quem já passa sufoco dentro da universidade, mas também questionar que tipo de universidade é esta em que vários estudantes não tem uma bolsa decente para poder estudar, não há creche para que as mães estudantes possam estudar, e as trabalhadores efetivas ou terceirizadas possam trabalhar sabendo que seus filhos estarão em um local seguro e recebendo a atenção adequada.

Podemos levantar uma forte bandeira em nossa greve. Creche já, bolsas para todos que precisam e que sejam no piso de um salário mínimo nacional. Nenhum jovem pode se sustentar com menos que o resto da população. Para que nenhum estudante fique sem comer, por bandejão em todos os campi, e que funcionem com funcionários efetivos da própria universidade.

Em defesa dos terceirizados e do acesso de negros e toda a população à universidade

Os estudantes que estão sofrendo com os cortes precisam questionar que universidade é esta que tem seu alicerce no trabalho precário, exercido por uma maioria de mulheres negras terceirizadas, que pela flexibilização dos seus direitos trabalhistas, foram as primeiras a sofrerem o corte. Pelo pagamento imediato e integral dos salários e direitos trabalhistas dos terceirizados! E para que isto nunca mais aconteça, pela efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso!

As universidades no Brasil excluem a maioria de negros e os trabalhadores de dentro dela. Os terceirizados podem limpar a sujeira dos estudantes e professores, mas não podem estar dentro da sala de aula. De uma universidade deste tipo, não se poderia esperar nada além destes cortes e de falta de condições de permanência para os estudantes negros e pobres.

Os terceirizados são invisibilizados, sua luta e o apoio estudantil pode dar um passo além e lutarmos para o livre acesso dos terceirizados e de seus filhos a universidade para que possam estudar e por cotas proporcionais ao número de negros no estado! Que este seja o primeiro passo na luta por acabar com o vestibular, filtro social que deixa a maioria negra de fora das salas de aula.

Unir os estudantes do Rio e do Brasil contra os cortes e para transformar radicalmente as universidades

A situação que a UERJ passa é um sintoma da crise geral de todas as universidades do Brasil, federais, estaduais e particulares, se trata de um processo de restruturação da universidade atendendo à divisão de produção do conhecimento internacionalmente, aos interesses do lucro neste momento.

Todas estão sendo fatiadas radicalmente na sua estrutura. Contra este processo, é preciso unificar com os estudantes das outras universidades, que poderia começar regionalmente, no Rio de Janeiro, e para isso é preciso coordenar estudantes da UFRJ, UFF, UERJ, que já estão em processo de luta, com estudantes da UNIRIO, UEZO, UENF, UFRRJ. Em cada local de estudo, os estudantes devem se organizar nas assembleias para definir suas demandas e métodos de luta, e destas assembleias, eleger representantes revogáveis, que possam formar uma coordenação entre os cursos e as universidades que expresse a vontade de milhares de estudantes.

As universidades precisam ser refundadas, e este papel cabe aos estudantes, trabalhadores efetivos e terceirizados e professores. Seus estatutos herdeiros da ditadura militar, sua forma de funcionamento, ainda mais na UERJ que o reitor Vieiralves manda fechar o campus do Maracanã quando bem entende ou quando é útil para os negócios com a FIFA precisam ser transformadas radicalmente. Para isto defendemos realizar um congresso da universidade, que reúna todos setores, incluindo terceirizados. Nele poderíamos avançar a formar no lugar da reitoria e de conselhos elitistas e que aplicam estes cortes na educação, que colocam o conhecimento a serviço de empresas e governos, um governo democrático da universidade, reunindo os três setores, com maioria estudantil. Um governo como este poderia mudar radicalmente o acesso à universidade, para onde se alocam verbas, e instituir um novo pacto onde a universidade no lugar de servir às elites, fosse um instrumento de conhecimento a serviço das necessidades dos trabalhadores e do povo – trabalho, educação, saúde, moradia, saneamento, transporte, etc.




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