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EXTREMA ESQUERDA NAS ELEIÇÕES FRANCESAS | Grande ato de lançamento de Philippe Poutou, candidato operário e anticapitalista na França

Em uma sala lotada na periferia parisiense, se realizou o primeiro ato da candidatura anticapitalista do NPA (Novo Partido Anticapitalista) na França.

sábado 25 de março de 2017 | Edição do dia

Mais de 250 pessoas seguram atentamente o discurso do candidato do NPA, que foi precedido por intervenções dos protagonistas de várias lutas operárias e estudantis.
A França tem um candidato operário e anticapitalista para estas eleições. Depois de ter conseguido superar todos os obstáculos antidemocráticos da Lei eleitoral, Philippe Poutou, operário da Ford, apresentou seu programa político para a disputa eleitoral presidencial.

Neste primeiro ato oficial de campanha após a validação das candidaturas pelo Conselho Constitucional, os meios de imprensa se acotovelaram na porta (entre eles, RMC, CéNews, a imprensa local e nacional como Le Figaro, Le Parisien e Libé). No dia seguinte, o ato teve grande repercussão, com artigos especiais em Le Figaro e Le Monde.

Desde a tribuna, Philippe Poutou questionou a idéia que os capitalistas querem naturalizar: de que seria preciso aceitar que Bernard Arnault, a primeira fortuna mundial, à frente do grupo LVMH, possua 40 bilhões de euros, mas que a intenção de combater a precariedade, os problemas de moradia e o desemprego seria uma utopia.

O programa do NPA que adiantou Poutou trata de dar respostas políticas aos problemas que se querem apresentar como “insolúveis”: partilha das horas de trabalho até a eliminação do desemprego, contratação massiva nos serviços públicos e proibição das demissões, nenhuma pensão, aposentadoria ou salário abaixo dos 1700 euros para que se possa viver dignamente. Impossível? Quem disse que a luta de classes não pode mudar as condições impostas pela burguesia? Com esta mensagem potente estreou a candidatura anticapitalista.

Uma tribuna para a luta

A impressionante tribuna oferecia uma imagem simbólica de tudo o que os subúrbios parisienses podem mostrar em termos de raiva, luta e combate. Assim o assinalou desde o cenário Elise Lecoq, professora do departamento 93 [um departamento da periferia de Paris, com cidades dormitório de caráter operário e imigrante]

Ghislaine Tormos, ex-grevista da fábrica de PSA Aulnay, atualmente em PSA Poissy, descreveu em sua intervenção como vive a exploração em seu posto de trabalho, na cadeia produtiva de automóveis, uma trabalhadora filiada à CGT.

Depois, Cyril, da Companhia de Teatro Jolie-Môme, evocou a repressão sofrida por aqueles que lutavam contra a Lei do Trabalho (a Reforma Trabalhista de Hollande de 2016). Também se referiu ao que representa a cultura para a classe trabalhadora, a forma na qual as políticas de austeridade nos privam o acesso à mesma.

Estudante e trabalhador temporário, Nathan, militante da Juventude do NPA em Paris 8 [importante Universidade parisiense] descreveu o dia a dia de todos estes jovens que além de estudar na faculdade, são condenados à precariedade para financiar seus estudos. Uma situação sofrida por metade dos estudantes. “Se a precariedade é uma norma, é preciso combatê-la com a organização e a luta”, assinalou Nathan.

A professora e militante do NPA Elise Lecoq relatou com detalhe as condições particularmente duras dos jovens dos bairros periféricos: sendo alvo de pressões permanentes da polícia, controles e estigmatização. Toda uma tentativa de disciplinamento para convertê-los em mão de obra barata para o patrão.

Anasse Kazib, maquinista e delegado sindical em Bourget, tomou a palavra também para explicar a relação entre o desmantelamento dos serviços públicos e a degradação das condições de trabalho, nomeando os casos de suicídio e definindo-os como “crimes patronais”, como no caso de Edouard, seu companheiro de profissão em Saint-Lazare.

Nossa bandeira

Poutou insistiu em qual deve ser a bandeira de luta da classe operária. Ainda que no Século das Luzes os estandartes tricolores eram agitados tanto pela esquerda quanto pela direita, o chauvinismo e os discursos patrióticos servem apenas para dividir nossa classe ou fazê-la crer que estará mais protegida dentro de “suas” fronteiras. O candidato presidencial do NPA sublinhou que “nosso projeto é inseparável da idéia da unidade internacionalista”.

Sem nomeá-lo, mas dialogando com aqueles que estariam tentados a votar em Jean-Luc Mélenchon, parte do neoreformismo na França, Poutou mostrou como a abertura das fronteiras, a solidariedade com os povos em luta, começando pelo povo palestino, assim como um programa internacionalista, são fundamentais para a capacidade da classe trabalhadora e a juventude de lutar e enfrentar a direita e a extrema direita, sem cair na lógica do “voto útil” em candidatos que querem apenas administrar o capitalismo imperialista com discurso “humano”, como Mélenchon.

Numerosos jovens, trabalhadores públicos e do setor privado, moradores de bairro que chegaram de todos os cantos da cidade de Paris, sentiam como próprias as consignas lançadas desde a tribuna. O debate na sala, desde a primeira rodada de intervenções, permitiu abordar também a questão das baixas pensões, a questão da ecologia e das energias renováveis e concluir com várias intervenções sobre as perspectivas internacionalistas.

As eleições são uma tribuna, assegurou Philippe Poutou. Então, por que apresentar-se a eleições que não vão mudar nada em si mesmo para nossa classe? Para difundir uma mensagem de combatividade e luta, de preparação para as lutas futuras, um programa anticapitalista. Philippe recebeu o apoio entusiasta de uma sala vibrante e disposta a militar pela campanha nos locais de trabalho, institutos, escolas e bairros.

* Publicado originalmente em Révolution Permanente, parte da rede internacional de diários Esquerda Diário, impulsionado pela seção da Fração Trotskista pela Quarta Internacional na França, Corrente Comunista Revolucionária.




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