Na esteira do sucateamento da saúde pública, o governo do estado do Rio de Janeiro resolveu investir 10 milhões de reais para abrir vagas de reabilitação nas chamadas ‘comunidades terapêuticas’, que são ONGs que não fazem parte do sistema de saúde, que não contam com equipe multiprofissional da saúde e quase sempre são ligados à igrejas cristãs.
sexta-feira 3 de dezembro de 2021 | Edição do dia
Foto: Reprodução
Na última quinta-feira, em um simpósio sobre prevenção às drogas, o governo do Rio de Janeiro anunciou um investimento em parceria com o governo federal de 10 milhões que serão destinados às comunidades terapêuticas, visando abrir mais 550 vagas para pessoas dependentes químicas. A questão é que as comunidades terapêuticas não são unidades de saúde, preparadas com equipe de saúde com profissionais capacitados de variadas especialidades, preparadas para atender as pessoas com transtornos, tal qual são os Caps. Essas comunidades são espaços de internação compulsória, que privam as pessoas de liberdade e trabalham com a abstinência para os dependentes. Em alguns casos, estruturas como estas já foram identificadas inclusive utilizando os internos como mão de obra forçada e não paga.
Com práticas não muito claras, pessoas são privadas de liberdade e possuem até mesmo o direito de visita dos familiares restringido, fazendo com que as práticas das instituições não sejam claras
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O anúncio é, na verdade, mais um ataque à saúde pública, com o governo negando investimentos e sucateando a saúde pública para beneficiar setores que não possuem capacitação e que são, quase sempre, ligados a igrejas e instituições religiosas. Toda a questão gerou protestos, principalmente, pela comunidade antimanicomial, que protesta pelo investimento em um setor religioso e reprodutor de violência, tendo inclusive diversos locais com denúncias de violações de direitos humanos, intolerância religiosa e tortura.
O investimento nesta aberração manicomial religiosa é o reflexo da ligação do atual governo reacionário com as instituições de religião cristã, com a bancada da bíblia e com os “vendilhões da fé”, comungando de uma ideologia obscurantista e negacionista que coloca à frente a moral religiosa enquanto destrói a ciência e a saúde.
