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sexta-feira 23 de outubro de 2015 | 00:00

No início do mês de setembro foi encaminhado ao congresso uma medida que prevê a redução de 30% do repasse ao Sistema S, que inclui SENAI e SEISI. No início do mês de outubro o SENAI cancelou a inscrição nos cursos técnicos gratuitos e faculdades alegando falta de orçamento frente ao aumentos dos custos.

A redução do repasse faz parte das medidas de ajuste impulsionadas pelo governo federal, na tentativa de, quem sabe, frear a crise econômica na qual o Brasil está imerso, e que vem afetando fortemente a indústria. Segundo os cálculos do CNI, publicados em uma matéria no site da FIEPB, os cortes podem chegar a 52%, R$4,1 bilhões, se somado com outros cortes previsto pelo governo, levando ao fechamento de 1,8 milhões de vagas em cursos profissionalizantes oferecidos pelo Serviço de Aprendizagem Industrial (SENAI) e pelo Serviço Social da Industrial (SESI).

O SENAI é o centro de profissionalização mais reconhecido no Brasil, além de ser muito bem conceituado internacionalmente. É para muitos jovens a esperança de adentrar no mercado de trabalho em postos especializados e técnicos, em um mercado de trabalho cada vez mais precário e rotativo. Por outro lado o SESI além de oferecer cursos profissionalizantes, estrutura para lazer e esporte, também oferece ensino básico para as famílias ligadas a indústria. No cálculo do CNI está previsto o fechamento de 735 mil vagas de ensino básico, com o fechamento de cerca de 450 escolas. No que diz respeito ao quadro de funcionários está estimado a demissão de 30 mil trabalhadores em todo o país em todo Sistema S. Vale lembrar que esta previsão acontece no mesmo momento em que o governo do Estado de São Paulo, Geraldo Alkimin, põe em prática um plano de fechamento de escolas e salas de aula em toda rede de ensino estadual.

No início do mês de outubro o SENAI cancelou as inscrições dos cursos técnicos e faculdades que deveriam ter começado nesta segunda-feira, 19. A instituição ainda não soltou nenhuma nota publica oficial sobre o assunto. A única informação disponível até agora são declarações de funcionários que alegam que “as contas não fecham” devido ao aumento dos custos de manutenção dos cursos. Enquanto isso, nas salas de aula, aumentam os boatos sobre a possibilidade do SENAI passar a cobrar pelos cursos até então gratuitos.

Mas muitas coisas nesta história toda “não fecham”. Um dos argumentos apresentados para impulsionar o corte alega que o destino do dinheiro enviado para o Sistema S é obscuro, e que por isso deve ser melhor racionado. Além disto esta comprovado que o dinheiro não é inteiramente aplicado nas instituições, pois cerca de R$18 bilhões estão sendo aplicados em investimentos nos bancos.

O SENAI da “Industrial” faz os trabalhadores pagarem o “pato”

Paulo Skaf, presidente da FIESP e do Sistema S, mobiliza uma campanha contra os aumentos de impostos cujo slogan é “Não vamos pagar o pato” e qualquer estudante do SENAI conhece o slogan “O SENAI é da Industria”. O que não se diz, propositalmente, é que quando dizem “Industria”, querem dizer empresários da indústria, e quando o Skaf diz que “não vamos pagar o pato”, ele está dizendo que os empresários da indústria não vão pagar o pato, pois, quem esta realmente pagando o ônus da crise nesta trama são os trabalhadores e jovens afetados diretamente pelos fechamentos de escolas e cursos.

Em primeiro lugar, embora o SENAI tenha cancelado os cursos na boca miúda, sem fazer nenhuma declaração pública oficial até o momento, esta muito claro que não se trata “de contas que não fecham”, mas sim uma chantagem política para tentar evitar que os próximos bilhões a serem repassados para o Sistema S não deixem de se juntarem aos outros bilhões já investidos e guardados no banco. Em segundo lugar a barganha da diretoria do SENAI é ameaçar fechar escolas e cursos que deixarão milhões de jovens sem escolas e sem profissionalização, além de já começar imediatamente a cancelar as inscrições para os cursos de 2016. Além disto esta mesma chantagem abre a possibilidade dos cursos gratuitos passarem a ser pagos.

O SENAI é dos trabalhadores!

O SENAI não é da “Industria” em geral. Embora os empresários, junto a FIESP e o Skaf, estejam na direção do SENAI e do Sistema S, inclusive dos bilhões de reis que são repassados para essas instituições, na verdade o SENAI, assim como o SESI e demais instituições pertencem aos trabalhadores. Todo o dinheiro repassado para o Sistema S é coletado compulsoriamente dos salários dos trabalhadores da indústria. O fechamento das inscrições, dos cursos e escolas, assim como a existência de cursos pagos, é um absurdo. Significa não podermos usufruir de um recurso que é fruto direto de nosso trabalho e nossos salários. Pagar por estes recursos significa pagar duas vezes por ele.

O Governo Federal, com Dilma e Levy, já demonstraram que estão dispostos a atacar cada direito dos trabalhadores para salvar os empresários da crise que eles mesmo produziram. A FIESP e o Skaf não são diferentes, e já mostraram que também estão disposto a fazer com que nós trabalhadores paguemos pelo “pato”. Juntos estão na pratica conduzindo um ataque brutal a educação da juventude trabalhadora, cada dia mais excluída e precarizada no mercado de trabalho.

Não devemos aceitar que esta crise caia sobre nossas costas. Os trabalhadores não vão pagar por esta crise! Nenhum curso ou escola devem ser fechados. O SENAI é dos trabalhadores e seu futuro deve ser decidido por nós.

Fontes:
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,proposta-de-reter-recursos-do-sistema-s-para-cobrir-deficit-ganha-forca-,1759089
http://www.fiepb.com.br/noticias/2015/09/17/reducao_dos_recursos_do_sistema_s_fechara_escolas_e_vagas_de_cursos_causara_demissao_de_funcionarios_e_prejudicara_competitividade_do_pais
http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2015/10/senai-suspende-processo-seletivo-para-cursos-tecnicos-na-regiao.html




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