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Direita neoliberal | Golpe de 2016 e lava-jato: os candidatos da ’terceira via’ que apoiaram Bolsonaro

O que dizer dos que se colocam hoje como ‘terceira via’ frente às eleições de 2022, mas não apenas são responsáveis pela trajetória golpista, orquestrada pela Lava-Jato, como diretamente apoiaram Bolsonaro em 2018? As mãos sujas de sangue, fome e desesperança do governo Bolsonaro são compartilhadas por Dória, Moro, Mandetta e suas variantes.

quinta-feira 2 de dezembro de 2021 | Edição do dia

Imagem: reprodução

A cambaleante história da ‘terceira via’ que anda com dificuldade de convencer para 2022 começa com a Lava-Jato. Surfando na onda do antipetismo alimentado superficialmente pela combinação de operações fraudulentas, espetáculo midiático e arbitrariedade judicial, esses que hoje se fazem de oposição ‘democrática’ ao trágico governo Bolsonaro, esperavam ser a opção natural depois do golpe institucional. A aposta foi alta e o preço pago também. Longos minutos de propaganda na TV, apoio escancarado da grande mídia e do capital financeiro ao então candidato preferido, Geraldo Alckmin, não foram suficientes para conter a polarização Bolsonaro x Lula (Haddad). De lá pra cá essa direita neoliberal, tão clássica quanto velha, vem patinando em busca de uma figura ideal, ainda sem sucesso.

Dória levou as prévias do PSDB sem grande vantagem, mas as divisões internas no partido são enormes e aparentes. A história de Alckmin como possibilidade de dobradinha com Lula escandaliza essa fratura, que levaria à ruptura não somente Alckmin, como toda uma ala mais ‘moderada’ do PSDB, que prefere apostar numa maior separação aparente das ideias bolsonaristas, afinal, apesar de todo esforço de Dória para aparecer como pai da vacina e até voltar a falar de políticas sociais, é impossível esquecer o BolsoDória que quis vender até a mãe em São Paulo, como vitrine de seu projeto de país, tão covarde, capacho e privatista quanto o de Guedes e Bolsonaro. Inclusive, recentemente já aprovou uma reforma administrativa no Estado de SP, buscando mostrar serviço ao capital financeiro, sua verdadeira vocação.

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Moro, uma segunda figura importante nesse campo da ‘terceira via’, não poderia ser mais caricato. Até mesmo a grande mídia sabe que seu discurso único contra a corrupção não é suficiente para o emplacar como candidato de peso nessa disputa de pólos. Por mais cenográfica que tenha sido sua saída do ministério de Bolsonaro, Moro é a personificação do golpe institucional que nos trouxe até aqui, representa a lava-jato por essência, é a figura que representou o intervencionismo norte-americado no país, que sequestrou o poder de voto de milhões. Por mais que brade como o bom juiz incorruptível que não é, e já sabemos das enormes vantagens financeiras que obteve ao longo de toda a novela da lava-jato, o que um país imerso no desemprego e fome pode esperançar desse discurso tão fraco?

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O que unifica todos eles, Dória, Alckmin, Moro, Mandetta e companhia, é o essencial, é o que os tornam tão inimigos dos trabalhadores quanto Bolsonaro. A reforma trabalhista, que aumentou a precarização do trabalho e o desemprego segue em taxas recordes, a reforma da previdência impõe que diversos trabalhadores morram sem ter direito a usufruir de suas aposentadorias, mesmo tendo contribuído durante toda vida, assim como a mais recente reforma administrativa, para acabar com a estabilidade dos servidores, evitar concursos e precarizar os serviços públicos como saúde e educação. Todos não só apoiaram tudo isso, como tem como projeto seguir aprofundando os ataques que retiram nossos direitos.

Frente a tão grandes dificuldades de emplacar uma ‘terceira via’ forte e convincente, Lula foi reabilitado pelo STF deste regime do golpe, após ter sido preso e retirado injustamente do pleito em 2018, mas isso é parte do jogo político, uma carta na manga do regime: frente a situação crescente de ataques e de miséria dos trabalhadores, querem que qualquer possibilidade de contestação da ordem seja canalizada para uma via pacífica das eleições, com a boa e velha conciliação de classes petista que combina alianças com ‘deus e o diabo’ que só fortalecem a direita, enquanto seguem dirigindo a trégua contra os ataques através do controle das Centrais Sindicais.

Nenhuma confiança nessa tal ‘terceira via’ é pouco, é urgente combatê-la. Para isso é preciso construir uma alternativa coerente que seja capaz de canalizar todo o ódio que o trabalhador e jovem brasileiro vem vivendo nos últimos anos, coisa que Lula e o PT, que quer governar até com os tucanos, não pode, nem quer oferecer. Essa tarefa é das organizações de esquerda, que precisam buscar apresentar uma alternativa radical e de independência de classe que supere a conciliação petista, reunindo socialistas e revolucionários para criar um sólido ponto de apoio para cada uma das lutas que estão em curso, para que possam ser vitoriosas também no sentido de se preparar para as que estão por vir. Enfrentar politicamente qualquer desmoralização que leva os trabalhadores a desperdiçar sua energia confiando na trágica conciliação petista ou até mesmo acabando enganados por um discurso de direita de ‘terceira via’, passa por exigir das burocracias que encerrem sua trégua com esse governo de extrema direita de Bolsonaro e Mourão. A luta contra toda a ideologia nefasta do bolsonarismo, mas também contra todos os ataques econômicos que a velha direita se empenha em aplicar, junto com esse governo, só pode ser dada com auto organização dos trabalhadores e da juventude, de maneira independente.




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