Gilmar Mendes processou a atriz Monica Iozzi, que foi condenada a pagar R$30 mil para o ministro do STF por postagem na internet em 2017, enquanto faz demagogia com o caso de Mariana Ferrer, em nítida expressão de seu cinismo e autoritarismo do Judiciário.
quarta-feira 4 de novembro de 2020 | Edição do dia
Foto: Rosinei Coutinho/STF
A atriz Monica Iozzi teve que pagar R$30 mil ao ministro do STF, Gilmar Mendes, porque o juiz que a condenou considerou que ela teria “extrapolado os limites de seu direito de expressão” ao fazer um compartilhamento na internet questionando a decisão do magistrado de conceder habeas corpus para o médico marcadamente estuprador de 58 de suas pacientes, Roger Abdelmassih, por escrever “cúmplice?”.
Para o juiz de Brasília que condenou Iozzi e blindou Gilmar Mendes, Giordano Resende Costa da 4ª Vara Cível, a postagem da atriz imputaria ao ministro a cumplicidade nos casos de estupro e também que “o fato de a requerida não ter sido ‘criadora’ da imagem publicada e, apenas, uma das várias pessoas que a reproduziram, não é suficiente para afastar a caracterização da conduta ilícita”, deixando escancarado o autoritarismo do Judiciário e o caráter persecutório à atriz.
Gilmar Mendes fez demagogia com o caso de Mari Ferrer, jovem drogada e estuprada em festa pelo empresário André de Camargo Aranha, dizendo que as imagens do julgamento são estarrecedoras, em rede social, sendo que concedeu habeas corpus para o médico Roger Abdelmassih, que se encontra preso com pena de 278 anos pelos casos de abuso sexual e estupro.
Isso só deixa evidente o quanto, para vingar os casos de violência pelos quais as mulheres passam, é necessário confiar apenas em nas forças da próprias mulheres, da classe trabalhadora, jovens, negros e LGBT, e não nesse Judiciário que articulou o golpe institucional de 2016, manipulou as eleições de 2018 para colocar no poder o herdeiro que tiveram que assumir, o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro e sua base reacionária das bancadas do boi, da bala e da bíblia. Agentes também dos ataques, como a Reforma Trabalhista, da Previdência, e agora a Administrativa, precarizam as vidas das mulheres e rebaixam as condições de vida da classe trabalhadora de conjunto. Apenas com as forças das mulheres e da classe trabalhadora é que será possível impor justiça por Mariana Ferrer, colocando abaixo o poder autoritário do Judiciário machista.
Leia mais: A sentença de estupro culposo de Mari Ferrer é a cara do judiciário machista, diz Diana Assunção
Basta de violência contra as mulheres! Caso Mari Ferrer e o "estupro culposo" não podem passar! #justicapormariferrer pic.twitter.com/ugMx9K27kS
— Diana Assunção #50200 (@DianaAssuncaoED) November 3, 2020
Com apresentação de Diana Assunção, do Pão e Rosas, conheça o podcast Feminismo e Marxismo sobre a luta das mulheres contra a opressão e a exploração, desde o resgate histórico de grandes eventos e suas protagonistas até as perspectivas da luta feminista junto a classe trabalhadora nos dias de hoje.