×

LAVA-JATO | Gilmar Mendes: impunidade à Jato para Jucá e Aécio (de novo)

O Ministro do STF, Gilmar Mendes, que não viu problemas com os áudios da conversa entre Romero Jucá e Sérgio Machado, devolveu (novamente), nessa quarta, o pedido de inquérito da Procuradoria Geral da República contra o Senador Aécio Neves, não autorizando sequer a abertura das investigações.

quinta-feira 26 de maio de 2016 | Edição do dia

Novamente, um pedido de abertura de inquérito pela Procuradoria Geral da República contra o Senador Aécio Neves foi devolvido pelo Ministro do STF, Gilmar Mendes, que desta vez sequer autorizou a abertura de investigações. “O esquema de Aécio” que “todo mundo conhece”, segundo os áudios vazados da conversa entre Romero Jucá e Sergio Machado, são mais de um. Dois autos foram devolvidos ao Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, um auto envolvendo o esquema de Furnas e outro auto que pede investigação da suspeita de manipulação de dados do Banco Rural, que teria sido adotada para esconder o mensalão mineiro durante a investigação da CPI dos Correios.

É a segunda vez que Gilmar Mendes livra Aécio de ser investigado, dentre as incontáveis vezes que o partido judiciário salvou o tucano. No caso da CPI dos Correios, mais dois políticos foram livrados “de tabela” da investigação, Carlos Sampaio do PSDB, e o “nervosinho” Eduardo Paes. Paes, vale mencionar, ganhou o apelido de nervosinho após vir à tona seu nome dentre os 300 políticos da lista de pagamento da Odebrecht, que foi colocada em sigilo de justiça por Sergio Moro.

Dentre vários tucanos favorecidos pelo partido judiciário, o favorecimento de Aécio é um escândalo em particular, até mesmo porque não é preciso ser nenhum grande investigador para saber que o senador está “em todas”. Segundo os áudios da conversa de Jucá com Sérgio Machado, ele seria o primeiro alvo “na mira” da Lava-Jato ou "o primeiro a ser comido". As palavras de Machado resumem melhor do que qualquer descrição jornalística: “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso.” (...) “Quem não conhece o esquema do Aécio?”. Se depender de Gilmar e do partido judiciário, vamos ficar querendo conhecer.

Este favorecimento político nas investigações dos esquemas de corrupção, que não é de hoje, fica bem claro se pensarmos que durante todo esse tempo, o partido judiciário “sentou” em cima deste áudio de Jucá, demorando todo o tempo, desde o golpe parlamentar até agora, para liberá-lo, enquanto que os áudios entre Lula e Dilma foram liberados com uma grande velocidade e cobertura do partido midiático, assim como, enquanto vários políticos com foro privilegiado sequer são investigados, e alguns destes inclusive virando ministros do novo governo golpista, um tucano reconhecidamente corrupto, corrupto demais até para os manifestantes de direita que o expulsaram da paulista, segue sem ser investigado por salvo conduto de Gilmar Mendes e o STF.

Sobre este mesmo áudio, Gilmar declarou que não via nenhuma tentativa de Jucá em obstruir a Lava-jato. O ministro do STF trata as conversas conspirativas entre Jucá e Machado com a maior naturalidade porque no fundo a Lava-Jato, até então, tem tido uma boa relação com os esquemas de corrupção tucanos, sendo seletiva em suas investigações, servindo até então como instrumento do golpe. O afastamento de Cunha se tratava de dar um ar “neutro” aos juízes, o mesmo ar fétido e asfixiante com que Gilmar salva o político mineiro, que contará com a ajuda do partido midiático para abafar o caso. Este jogo entre juízes e imprensa burguesa foi bem ensaiado quando um dia após Sergio Moro declarar sigilo sobre a lista dos 300 da Odebrecht, a Globonews passou a transmitir receitas de Ana Maria Braga e a vida íntima de ilustres desconhecidos da novela das 8, para em seguida colocar seus planos golpistas em prática.

Aliás, os factoides de existiriam conspirações de Lula com PT, MST e CUT para incendiar o país, mentiras publicadas pelas editoras Abril que estão muito distante de acontecer, porque estes temiam a luta de classes mais do que a direita, ocupam muito mais espaço nos noticiários e segundo o editorial dos Marinho deveria ocupar também a atenção dos juízes, ao invés das conspirações palacianas ou a corrupção tucana. Eles jogam no “verde” para acertar no “maduro”, antecipando a passagem deste estágio atual de golpismo contra o PT ao momento em que o judiciário precise reprimir greves e manifestações sociais contra os ajustes do Governo Temer ou de algum governo que decidam colocar no lugar, caso Temer não consiga implementar esses ajustes. Os indícios já podemos ver com as repressões às ocupações secundaristas em SP e RJ, ou ainda a repressão ao acampamento do MTST próximo a casa de Temer em São Paulo.

Com relação à corrupção, a única coisa que a Lava-Jato fez de fato foi mostrar cada vez mais que a corrupção é um problema estrutural, ou seja, uma característica intrínseca ao regime político brasileiro. E que ela não envolve somente a “classe política”, mas os juízes, que, exatamente pelo fato de não terem sido votados e se arrogar poderes acima dos “mortais comuns”, têm toda a liberdade para decidir quem investigam e quem não, quando e se investigam. E se Jucá e Machado não preocupam Gilmar Mendes, é pelo mesmo motivo com que Gilmar mantém salvo-conduto a Aécio: até então, estão em uma relação golpista amigável. Não está descartado que, se necessário, a Lava-Jato pode servir para ir além, no sentido de uma “mãos limpas” brasileira. O fato de os juízes não assumirem para si a limpeza também da corrupção tucana é porque tem a faca e o queijo na mão, mantendo certa autonomia relativa. Caso o novo governo não vingue, podem novamente lançar esta cartada, assumindo para si novamente as prerrogativas de defensores da moral e dos bons costumes e, em nome disso, assumirem o controle da situação, além de, com isso, também se fortalecer e ganhar cada vez mais autonomia de arbitrar a crise política.

É urgente que os trabalhadores, a juventude e o povo tome para si as decisões e não deposite confiança em nenhum juiz que sequer foi eleito. A Lava-Jato é um instrumento do regime para se limpar, não da corrupção, mas da ação das massas contra todos os elementos podres que governam o país. Assumindo para si o “julgamento dos corruptos”, que, como vimos, na verdade os protegem, os juízes impedem que sejam os trabalhadores e a juventude que decidam os rumos do país, julgando toda a casta política de uma só vez. Por isso é preciso impor pela luta uma nova constituinte, com a participação da juventude, dos trabalhadores e dos movimentos sociais, que elimine toda corrupção e favorecimento do regime e imponha que todo político seja revogável, que juízes sejam eleitos e revogáveis e que todo político e juiz ganhe igual a uma professora, e o confisco dos bens de todos corruptos para investir em saúde e educação.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias