O governo golpista de Temer demonstra seu caráter repressor ao aumentar em 81% os gastos nas diárias de pagamento da Força Nacional nesse ano de 2017. Já saúde e educação seguem congelando gastos.
Lara ZaramellaEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
segunda-feira 10 de abril de 2017 | Edição do dia
Segundo pesquisas e dados levantados, o governo federal gastou R$ 38,7 milhões com diárias para policiais da Força Nacional de Segurança Pública somente nesse primeiro trimestre de 2017, o que significa 80,9% a mais do que no mesmo período em 2016, quando foram gastos R$ 21 milhões.
Desde a criação da Força Nacional, no governo do PT, o período que mais se gastou e mobilizou agentes foi durante as Olimpíadas no ano passado, quando gastou-se cerca de R$ 280,4 milhões. Segundo os planos do Ministério da Justiça, pretende-se gastar em 2017 cerca de R$ 475,9 milhões.
A Força Nacional é formada por policiais e bombeiros de diversos estados e as diárias variam de R$ 177 a R$ 224, dependendo da localidade. Além desse valor, o agente ganha também o salário recebido do estado. Dependendo do número de dias em operação, o policial dobra o ganho mensal, o que desperta grande interesse dos policiais em participar da Força Nacional.
Nesse ano, além da renovação de antigas operações – como na região da hidrelétrica de Belo Monte – o Ministério da Justiça iniciou 11 novas mobilizações, o que significa quase uma nova operação por semana e um aumento considerável do policiamento e consequentemente, da repressão.
Isso faz parte do plano do governo golpista de Temer de fortalecer a Força Nacional, tendo como coordenação o ex-ministro da Justiça e atual ministro do STF, Alexandre de Moraes. Dentro desse objetivo, ele mudou algumas regras de ingresso na Força, permitindo a presença de ex-militares, com o argumento de evitar a falta de efetivo. No ano passado, inclusive, uma das primeiras ações do recém governo golpista foi o reajuste de 150% no valor das diárias da Força Nacional e a formulação da MP737/2016, que alterava a lei e aumentava as possibilidades para se desempenhar atividades na Força Nacional.
O argumento usado para a escalada é a crise de segurança dos estados, ainda mais agora que não estão garantindo o pagamento salarial dos policiais. Entretanto, é muito claro que na verdade o aumento efetivo da Força Nacional representa o aumento da força repressora, fortalecendo o policiamento e a repressão aos trabalhadores e juventude, em especial à população negra, que é diariamente assassinada por policiais.
Fica claro que, ao mesmo tempo que se congela os gastos na saúde e na educação e se ataca direitos sociais da população, há recursos para aumentar os gastos na força de repressão. Isso demonstra o claro objetivo do governo golpista de facilitar a implementação de mais ataques contra os trabalhadores e de conter as manifestações contrárias à sua política, que ameaçam os privilégios da burguesia.
