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SAÚDE | Fundação Pró-Sangue distribui kit para doadores de sangue que discrimina portadores de HIV

O caso foi parar nas redes após um doador receber um dos kits de “brinde” no posto de doação de sangue do Hospital das Clínicas, e postar uma denúncia em seu facebook.

sexta-feira 12 de janeiro de 2018 | Edição do dia

O Kit distribuído pela fundação, denunciado pelo doador Felipe Held na última terça-feira (08/01) continha um jogo de tabuleiro, similar ao famoso “Jogo da Vida”, em que o objetivo final é chegar ao fim do tabuleiro, que representava conseguir ser doador de sangue. No entanto no meio do seu kit, o doador encontrou uma das “cartas surpresa” do jogo, que dizia “SOROLOGIA POSITIVA - Você perdeu! O jogo acaba para você”.

A denúncia gerou muita revolta nas redes sociais, e forçou a fundação Pró-Sangue a responder, afirmando que em nenhum momento o termo sorologia positiva foi associado ao HIV. A Fundação ainda justificou o jogo, dizendo que um dos requisitos para se poder doar sangue é o teste de sorologia positiva. Além de outras infecções, uma das que impede a doação é o HIV, causador da Aids.

Veja aqui o post com a denúncia:

A discriminação aos portadores de HIV foi por muitos anos usada como forma de descriminação aos LGBTs. Na década de 80, tanto governos quando pesquisadores da saúde usavam disso para eliminar LGBTs dos EUA.

A descriminação proporcionada pela Fundação Pró-Sangue em nada passa perto de combate à sorologia positiva. Mas quase que zomba de vírus como o do HIV, que já causou muitos e muitas mortas na história. O jogo distribuído pela Fundação Pró-Sangue aborda a doença como sentença de morte, quando hoje já temos avanços científicos suficientes para conseguir tratar do HIV e aumentar a expectativa de vida dos portadores. Há por exemplo, um estudo publicado pela revista científica britânica The Lancet, realizada pela Universidade de Bristol, concluiu que houve um aumento em cerca de 10 anos na expectativa de vida dos jovens de 20 anos submetidos ao tratamento a partir de 2010, se comparado com o número de jovens que iniciaram o tratamento com a mesma idade em 1996. Já é mais do que comprovado que portadores do HIV podem ter vidas saudáveis, e resultados efetivos em seus tratamentos.

A descriminação aos portadores de HIV sempre terá um fundo ligado ao preconceito contra os LGBTs. Por isso o combate ao HIV tem de ser por uma perspectiva da garantia de acesso aos métodos contraceptivos para toda a população, mas também pensando que é necessário que todos tenham direito à aulas de Educação Sexual nas escolas, como forma de impedir o aumento do número de portadores da doença.




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