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MANIFESTO LANÇADO NO PARLAMENTO | Frente política do PSB, PDT, PT, PCdoB, PSOL, PCB e PCO passa longe da unidade de ação necessária

Uma vez mais sobre qual unidade é necessária para combater os ataques aos direitos políticos, sociais e a extrema direita. Nenhuma frente política com burgueses e reformistas, pela unidade de ação prática na luta de classes.

quinta-feira 19 de abril de 2018 | Edição do dia

(Foto: Lula Marques)

Em fevereiro foi lançada uma frente, pela via dos presidentes das Fundações do PSB, PDT, PT, PCdoB e PSOL, com um manifesto programático que, como criticamos aqui e mais profundamente aqui, trata-se de um verdadeiro projeto de país com setores burgueses ditos “progressistas” contra os “rentistas”, que reivindica os governos Lula e Dilma e que tem como “fim” a restauração da ordem burguesa do Brasil pré-golpe institucional. Ali já ficava nítido que não se tratava de nada que pudesse vir a ser favorável para a esquerda, pois não teria nenhum objetivo prático de unidade de ação contra os ataques, mas uma frente política onde o objetivo é disputar os votos que a prisão arbitrária do Lula por parte do judiciário golpista deixa em suspenso para onde iriam.

Como era de se prever, já se vão dois meses do lançamento de tal manifesto e até agora não foi convocada sequer uma ação progressista de tal frente, que foi apresentada como um “avanço” contra a “onda conservadora”. Dela, só derivaram palanques com objetivos eleitorais, como o do ato do Circo Voador ou no ABC quando da prisão de Lula.

No dia de ontem, tal frente lançou um novo manifesto, agora com adesão do PCB, PCO, da Frente Povo Sem Medo e da Frente Brasil Popular, com o objetivo anunciado de buscar adesões em todo o país de entidades, dos movimento sociais, igrejas, artistas, movimentos de direitos humanos, etc. Sem dizer a serviço de que estaria o manifesto elaborado anteriormente em fevereiro, e como se fosse uma “nova frente”, lançaram agora um manifesto com 3 objetivos centrais: “O primeiro é a defesa intransigente das liberdades democráticas, dos direitos políticos e de eleições livres. (...) O segundo refere-se ao enfrentamento intransigente da violência disseminada pela extrema-direita. A democracia não pode conviver com milícias armadas, ameaças de morte, atentados ou assassinatos. (...) O terceiro eixo desta unidade está na defesa dos direitos sociais, da soberania e do patrimônio nacional.

Poderia parecer mais promissor um manifesto centrado nestes 3 pontos, em se tratando de objetivos aparentemente mais concretos do que o “projeto de país” apresentado no manifesto de fevereiro, pois qualquer pessoa minimamente de esquerda neste país só poderia estar a favor de uma unidade (se for pra ser séria) para a defesa dos direitos políticos, sociais e contra a extrema direita (apesar de que este manifesto lançado ontem contém uma exaltação do “Estado democrático de direito” que a esquerda não deveria reproduzir).

No entanto, uma vez mais se mostrou como tal unidade é somente para discursos eleitorais. Tal frente segue sem convocar nenhuma ação sequer por estes pontos que supostamente os partidos firmantes estão de acordo. Não poderia ser diferente numa frente com partidos burgueses como o PSB de Márcio França, governador de São Paulo, que era vice de Alckmin, que já declarou ser "seu candidato do coração" para presidente! Ou com o PDT, que tem uma candidata a governadora no RJ que é a Delegada Martha Rocha que considera a intervenção federal uma “bala de prata”e que tem um militarismo típico de quem quer disputar a base de Bolsonaro, como Ciro Gomes já declarou como objetivo. Não é necessário mais do que estes exemplos para ver que se trata de um caminho que só reserva derrotas para o movimento operário e a esquerda.

Mas o cinismo é maior, pois nesta frente estão nada menos do que os dirigentes da CUT e CTB, duas das principais centrais sindicais do país, que deixaram passar sem resistência efetiva os ataques do governo golpista e agora firmam um manifesto contra estes ataques sem convocar nenhuma ação sequer contra eles.

Trata-se portanto de uma frente política, que tem objetivos eleitorais (ao menos para uma unidade no segundo turno das eleições) e não para nenhum tipo de combate efetivo em defesa dos direitos políticos e sociais e contra a extrema direita. Uma unidade de ação ao redor destes pontos é mais que necessária, mas não vai ser pela via de uma frente como esta que vai surgir.

Qualquer frente única operária efetiva teria que partir da mais estrita independência de classe, sem os partidos burgueses que são nossos carrascos diretos. Assinar manifestos “bonitos” juntos com o PT e o PCdoB só servem para preservar o prestígio destas organizações, que estão sendo obstáculos concretos para resistir aos ataques em curso. O PCB e PCO vergonhosamente “fortalecem” esta frente que só serve aos reformistas e burgueses que nela se posam “de esquerda”, como é da natureza deste tipo de frente política que não serve em um milímetro para ação.

Apesar do caráter “renovado” desta frente lançada ontem em Brasília, fica nítido que quem segue impondo o caráter de tal frente são os partidos burgueses e o PT que determinam seus objetivos e limites, por isso fazemos uma dura crítica ao conteúdo de tal “projeto de país” declarado no manifesto anterior, que é do que a esquerda que se diz contra a conciliação de classes precisa se desvencilhar de uma vez por todas.

Nossa batalha segue sendo por uma verdadeira frente única operária, para enfrentar os golpistas, os empresários e seus ataques com um só punho, no terreno da ação concreta, da luta de classes. Uma frente única operária como essa só vai surgir em base a uma forte luta política, com exigências e denúncias, à CUT e à CTB. É absolutamente diferente dirigir exigências e chamados à ação a essas direções das organizações do movimento de massas, pois se chamam a luta, colocam nossa classe em movimento, e se não chamam, se desgastam frente à massa dos trabalhadores que dirigem, se debilitando como burocracia sindical, abrindo espaço para que a esquerda possa influenciar sindical e politicamente sua base. Trata-se do elementar da tradição marxista revolucionária que deveria ser base para qualquer organização da esquerda.

É por isso que ao invés de frentes políticas oportunistas como esta lançada ontem, o PSOL, o PCB e todas as organizações da esquerda que se colocam em defesa dos direitos sociais, políticos e contra os ataques da extrema direita, deveriam romper com esta frente e se unificar para organizar ações concretas, junto a outros setores da esquerda como a Conlutas, as Intersindicais, que pudessem amplificar uma forte campanha política de exigências e denúncias às burocracias das grandes centrais, da qual os parlamentares do PSOL deveriam fazer parte, que pudesse obrigar a que as burocracias da CUT e CTB se movam no terreno da ação, da luta de classes, que é onde se pode de fato combater pelos 3 pontos que tal manifesto enuncia de uma maneira que só serve aos burgueses e reformistas.




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