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RIO DE JANEIRO | Frente à queda do Secretário e crise na Educação do RJ: coordenar as escolas ocupadas contra o Movimento Desocupa

No Rio de Janeiro, governado interinamente por Dornelles do PP a tentativa de derrotar os estudantes em luta se dá por um movimento triplo: remoção do secretário de Educação e seu chefe de gabinete, negociações que oferecem concessões mínimas e que podem ser canceladas por “canetadas” do próprio Dornelles ao mesmo tempo em que a SEEDUC segue sua politica de incentivar gangues do movimento “Desocupa já”.

terça-feira 17 de maio de 2016 | Edição do dia

Poucos dias após a consumação do golpe institucional que elevou Temer à presidência interina do país, o governo golpista e seus aliados estaduais buscam promover um choque de repressão para se enfrentar com a onda de ocupações estudantis ocorrendo no país. Querem pela via da polícia prender ilegalmente como no caso paulista, e do incentivo a gangues conter esta onda como no caso carioca.

No Rio de Janeiro, governado interinamente por Dornelles do PP (mesmo partido de Maluf e que abrigou Bolsonaro até meses atrás) a tentativa de derrotar os estudantes em luta se dá por um movimento triplo: remoção do secretário de Educação e seu chefe de gabinete, negociações que oferecem concessões mínimas e que podem ser canceladas por “canetadas” do próprio Dornelles ao mesmo tempo em que a SEEDUC segue sua politica de incentivar gangues do movimento “Desocupa já”. Esse movimento "Desocupa Já" está invadindo violentamente as principais escolas ocupadas, agredindo os estudantes em luta,e ameaçando a todo momento de modo a buscar forçar desocupações pela força. É um braço da SEEDUC e vários diretores de escola foram denunciados pelos estudantes em luta como articuladores das ações que estão fazendo desde a semana passada.

Para esconder que estão apoiando essa ofensiva do Movimento Desocupa, e aparecer com uma cara de que procura negociar e mascarar que a mão dura da Secretaria da Educação, se recusou até recentemente a negociar com os estudantes, o governo promoveu hoje um show para mudar tudo para deixar tudo como está. Primeiro o chefe de gabinete foi ao emblemático C.E. Mendes de Moraes, primeiro colégio ocupado para fazer uma coletiva de imprensa junto a estudantes para anunciar o fim da ocupação. Terminou enxotado da mesma ao gritar como uma professora e ser confrontando pelos jovens como machista. A imprensa ofereceu duas visões diferentes para este fato: teria caído porque tinha acordado com estes jovens uma negociação com seu chefe, o Secretário da Educação e este tinha desmarcado, e sentiu-se desautorizado, e porque foi insultado. A primeira parece mais plausível, mas de todo modo, enxotado ou não cumpriu sua missão, terminou esta ocupação.

Horas depois foi a vez do Secretário de Educação ser exonerado. Vinha sofrendo críticas por não ter conduzido bem as negociações com os jovens. Junto a estas exonerações o governo também acenou com remoção do diretor do próprio Mendes.

Esta cara limpa que buscam oferecer a sua política não esconde o jogo sujo feito todos os últimos dias. Depois de semanas twittando o apoio ao movimento “Desocupa Já”, acumulando notórias provas do envolvimento de diretores de escola, e professores afins aos diretores nestes movimentos, os mesmos estão tentando promover uma onda de violência e medo nas ocupações mais emblemáticas. No Mendes semana passada houve invasão da escola, depredação com diversos menores feridos e desde sexta-feira uma chuva de pedras, ameaças de violência se fizeram presentes.

O mesmo episódio se repetiu no Lyra na Penha, e no Central no Meier. Estas gangues, que contam com estudantes da escola insuflados pelos diretores e SEEDUC, mas também por diversos membros externos, vários deles portando não somente paus, mas inclusive protetores de dentes, com toda a aparência de um aliciamento de menores (possivelmente pagos) percorre colégios emblemáticos para assustar os ocupantes com todos métodos possíveis. Hoje, frente às ameaças, os estudantes do Central desocuparam, e foram se refugiar das ameaças físicas no vizinho Cairu, também ocupado pelos estudantes. O “Desocupa” foi ao Cairu tentar entrar para “dar uma lição” nos membros do Central, e ao não conseguir entrar no colégio, promoveu uma destruição no Central. Tentam impor o medo à toda vanguarda.

Este é o pano de fundo com que o governo do PMDB e PP “negociam”. Em sua negociação prometeram remover diretores odiados. Prometeram seguir o projeto de lei aprovado pela ALERJ de voto para diretor de escola com 50% para professores e funcionários e 50% estudantes, diferente do voto universal proposto pelos jovens e ainda para atender tanto aos jovens como aos professores em greve prometeram descontinuar o neoliberal sistema de avaliação SAERJ e estudar um novo. Enquanto isso o Dornelles não sancionou a lei aprovado (quem garante que o fará se as escolas forem desocupadas?) e enquanto o PP e PMDB do Rio prometem o fim do SAERJ, Temer em entrevista ao Fantástico promete instituir um sistema similar em âmbito nacional. Ou seja, oferecem com uma mão para tirar com a outra enquanto promovem o medo para que tudo isso seja aceito e rápido.

Unificar imediatamente as escolas ocupadas e os setores em luta

Frente a esta estratégia de oferecer abanar algumas conquistas sem garantias, ao mesmo tempo em que envia gangues para intimidar os estudantes e desocupar os colégios à força é preciso que o comando das escolas ocupadas e as entidades que o compõe tenham uma estratégia clara em defesa das escolas. Caso o comando tivesse esta posição, talvez o CE Mendes ainda permanecesse ocupado e não tivesse se desligado do comando. Porém, muitas destas entidades como a UBES, querem entregar o movimento desde que ele começou e não se preocupa com as pautas dos estudantes. Outras pouco fizeram para que o comando fosse de fato uma ferramenta de luta, como a AERJ e a ANEL, que não tiveram nenhuma proposta concreta de unificação e agora já pintam estas “conquistas” nada garantidas, como vitórias suficientes para a desocupação, propondo desocupar no mesmo momento em que vários colégios linha de frente do movimento são atacados por paus-mandados da SEEDUC, levando o movimento em um beco sem saída.

A linha da SEEDUC é clara. É combinar essas concessões mínimas às escolas mais emblemáticas, com os ataques violentos do Movimento Desocupa. Mas os estudantes de todas as escolas em luta, e os professores em greve, não podem permitir que isso ocorra.

É preciso constituir um comando unificado desde as bases, que unifique as escolas ocupadas, com representantes eleitos e revogáveis que debatam um plano imediato que envolva ações unificadas, cortes de rua, idas às sedes da SEEDUC, que unifique todas as escolas junto aos professores, e que ganha os pais, responsáveis, e a população para apoiar as ocupações. Só desta forma os estudantes do Central, Cairu, Heitor Lyra, Chico Anysio e muitos outros, terão força para continuar resistindo bravamente às investidas do “desocupa”, expondo para a sociedade os esquemas feitos pela SEEDUC de aliciamento de menores, contratação de gangues, com envolvimento dos diretores dos colégios. É assim que garantirão que as promessas dadas pela SEEDUC se concretizem de fato. Para isso é preciso que as escolas que ainda estão ocupadas façam reuniões e assembleias emergenciais para pautar estas ações coletivas, e que o comando das escolas se constitua de representantes das escolas eleitos na base. E dessa forma denunciem nacionalmente essa ofensiva repressora de responsabilidade da SEEDUC contra os que, a exemplo de São Paulo, Ceará e Rio Grande do Sul, estão lutando por uma Educação pública, gratuira e de qualidade para todos.




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