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FRANÇA | França: Estudantes secundaristas e universitários se juntam à luta para enfrentar Macron

Após várias semanas de mobilização dos coletes amarelos, os estudantes secundaristas entrem em cena e contagiam os universitários.

quarta-feira 5 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Os estudantes secundaristas franceses saíram massivamente às ruas de algumas das principais cidades, dando um novo clima à situação, aquecidos pela luta dos "coletes amarelos". A entrada em cena dos secundaristas, que lutam por acesso irrestrito às faculdades, contagiou os estudantes universitários, que desde terça começaram a realizar assembleias massivas em várias das principais universidades contra a cobrança de taxa a estudantes estrangeiros e em solidariedade com os "coletes amarelos".

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O governo Macron acaba de recuar pela primeira vez desde que assumiu a presidência após três dias de batalhas nas ruas de Paris e bloqueios em todo o país por parte dos coletes amarelos. No entanto, o retrocesso de Macron é considerado tardio e insuficiente. O monifestantes exigem todas as suas demandas, e o governo prepara o aparato repressivo contra as mobilizações do próximo sábado. É por isso que a última coisa que a Macron esperava era que aos coletes amarelos se somassem as lutas de outros setores. A entrada em cena dos secundaristas e universitários é, para ele, um balde de água fria.

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Mesmo que desde sexta feira passada alguns estudantes secundaristas já houvessem bloqueado escolas em diferentes partes do país, foi na segunda feira que o movimento se tornou realmente massivo. Os secundaristas não só entraram em cena, como enfrentaram a repressão.

Na terça feira mais de 330 escolas secundárias foram bloqueadas em toda a França, e ao menos 100.000 jovens se manifestaram. Estes estudantes saem às ruas contra o que consideram um futuro sombrio se quiserem entrar na universidade, o que não só passa por um sistema de seleção restritivo, como o aumento do preço das matrículas, que recairá sobre os que ingressarem na educação superior nos próximos anos.

Por agora, as escolas secundarias mais mobilizadas são aquelas nos subúrbios e fora dos centros urbanos, especialmente em Seine-Saint-Denis, no entorno de Toulouse. E é a região de Toulouse que aparece como epicentro desta ira, com mais de quarenta escolas ocupadas desde segunda.

Uma repressão brutal para evitar que os movimentos confluam

Em Toulouse as mobilizações foram duramente reprimidas pela polícia na segunda feira, e os estudantes se reuniram novamente na terça para marchar, desta vez junto aos coletes amarelos, universitários e trabalhadores (em particular docentes e trabalhadores da saúde). Mais uma vez, a violência das forças de repressão foi brutal, com uma chuva de gás lacrimogênio que caiu continuamente sobre as multidões e terminou com vários detidos.

A mesma repressão ocorreu violentamente em Burdeos e em Grenoble, onde muito estudantes secundaristas acabaram feridos.

Esta resposta do governo tem o objetivo de evitar que o movimento da juventude conflua nas ruas com os coletes amarelos, dinamizando e estendendo a luta e as demandas a outros setores e convertendo a jornada do próximo sábado em um barril de pólvora ainda maior do que o visto até agora.

O medo que o governo tem dessa confluencia é tamanha que, em Toulouse, a prefeitura pediu à empresa de transportes que bloqueie todo o tráfego (metrôs, trens e ônibus) antes do começo da manifestação dos secundaristas, para evitar que estes possam chegar massivamente ao local.

Os universitários se somam

A entrada em cena dos secundaristas ecoou nos corredores das universidades, fazendo com que se convocassem assembleias em várias da mais importantes. Segundo o exemplo dos estudantes das escolas, centenas de universitários votaram em cada uma das assembleias gerais distintas medidas que incluem bloqueios e mobilizações conjuntas, juntando suas demandas, que vão desde o rechaço à cobrança de matrícula para estudantes estrangeiros e apoio à luta dos coletes amarelos.

A universidade Paris 1 Tolbiac amanheceu ocupada está quarta feira, após a assembléia de terça que começou com 300 estudantes gritando "Macron dimisión" e "Solidariedade aos estrangeiros" e culminou com mais de 800 reunidos no anfiteatro, de onde votaram a ocupação da faculdade e a participação na marcha de sábado junto aos coletes amarelos.

Neste contexto social e político, onde Macron e seu governo estão claramente debilitados pela situação e onde a raiva se propaga como um incêncio florestal, os jovens podem ter um papel determinante. Além do mais, a repressão sofrida pelos secundaristas é rechaçada massivamente pela população, em especial os coletes amarelos, que chamam apoio a eles, e que não deixem-nos sós frente à repressão policial.

Tudo indica que o próximo sábado, quando ocorrer a quarta grande marcha, os estudantes secundaristas e universitários estarão nas ruas de forma organizada junto aos coletes amarelos. Resta ver se essas forças confluindo nas ruas podem impactar os trabalhadores, obrigando as direções sindicais, que até agora vêm se recusando a coordenar uma luta em comum, a convocar uma greve geral que faça jus ao grito "Macron dimisión" que ganha força em toda a França.




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