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VIOLÊNCIA POLICIAL | Fernando, mais um Amarildo no Complexo do Alemão

terça-feira 12 de setembro de 2017 | Edição do dia

Fernando, pedreiro e morador do Alemão na zona norte do Rio ligou de dentro da delegacia para parentes e avisou que seria morto naquele dia: "os caras estão querendo me matar aqui na 45. Eles vão me matar, pode saber que eu tô morrendo hoje".

A ligação de Fernando para sua cunhada foi no sábado, 02 de setembro, por volta das 20h30 da noite e está gravada.

Familiares e testemunhas afirmam que o corpo de Fernando já saiu da delegacia sem vida e marcado pelo espancamento de dois policiais civis da 45 DP e de dois militares da UPP Nova Brasília, que fica em frente a delegacia. Tortura e morte marcam a triste história de mais um Amarildo no Rio de Janeiro.

O atestado de óbito aponta como causa da morte "trauma toráxico e asfixia". Seu irmão afirma ter visto o corpo de Fernando chegando ao Pronto Atendimento do Alemão já sem vida. "Meu irmão saiu de dentro da delegacia morto, asfixiado, tá no óbito do meu irmão, escrito".

Fernando foi sepultado no Cemitério do Cajú. “No velório ele estava todo machucado, com o nariz torto, boca torta, olhos roxos, um hematoma bem grande com tipo um corte na testa. Ele apanhou muito. Ele apanhou tanto que, quando o médico veio entregar as roupas e os pertences dele, a cueca dele estava toda defecada”, relatou a cunhada em entrevista ao portal Ponte.

Fernando, como Amarildo em 2013, é mais um símbolo da brutal violência policial que assassina centenas de negros, jovens, crianças nas favelas e periferias país afora. No Rio de Janeiro foram quase 200 pessoas assassinadas pela polícia apenas nos dois primeiros meses do ano. Nos meses que se seguiram milhares de crianças ficaram dias e dias sem poder ir pra escola por conta das operações policiais como a que matou Maria Eduarda. Manguinhos, Jacarezinho, Mangueira, Cidade Alta, Complexo do Alemão, barbárie cotidiana em cada canto periférico da cidade. Como se não bastasse o governo trouxe oexército alegando busca por segurança, mas garantindo repressão e mais tempo e recursos para a polícia seguir torturando e assassinando.

Fernando não foi o primeiro, como Amarildo, Cláudia, Maria Eduarda e tantos outros; que a memória de Fernando se torne luta para que ele seja o último.




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