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PARADA LGBT EM CAMPINAS | FAÇAMOS COMO STONEWALL: NÃO VÃO NOS CALAR! 16.1ª Parada do Orgulho LGBT de CAMPINAS - SP

A brutal repressão policial aos LGBTs após o encerramento da 16ª Parada do Orgulho LGBT de Campinas na Praça Bento Quirino nos coloca um só grito: Não vão nos calar, pelo direito a vida e a livre expressão de gênero e sexualidade dos LGBTs. Façamos como STONEWALL!

Livia Tonelli Professora da rede estadual em Campinas (SP)

Marie CastañedaEstudante de Ciências Sociais na UFRN

quinta-feira 30 de junho de 2016 | Edição do dia

No domingo, dia 26 de julho, ocorreu em Campinas (SP) a 16ª Parada do Orgulho LGBT. Diferente dos anos anteriores a Prefeitura de Campinas anunciou de última hora que não iria apoiar o evento. Após o encerramento da parada, por volta das 20 horas nos arredores da Praça Bento Quirino, Jonas Donizette (PSB) e a polícia deixaram explícito o que estão dispostos a oferecer aos LGBTS: repressão e violência contra nossos corpos!

Os vídeos e relatos evidenciam a brutalidade da violência policial. “Estava eu e duas amigas. Uma delas pediu para não ser identificada. A outra é a Stefani que inclusive faz diversos shows Drag. Estávamos ali no meio da galera e do nada como uma gritaria e barulho de bomba, quando olhamos vimos a força de choque vindo com seus escudos para cima de nós que estávamos todos na praça. Vale deixar claro que não estávamos na rua, nem cometendo atos de vandalismo ou nudes. Havia crianças, jovens e idosos no local. Todos começaram a correr e gritar. Eles, o batalhão de choque, veio para cima mandando ir embora e jogando spray de pimenta em nossa cara. Nos empurravam e ameaçaram de prender. Uma das amigas que pediu para não ser identificada chegou a quase desmaiar por achar que era um atentado terrorista como aconteceu na boate de Orlando, pois quando começou o corre-corre ela estava no banheiro de um bar. Ela entrou em estado de pânico. Eu juntamente com Stefani agarramos ela e saímos correndo sem direção, pois nossos olhos estavam queimando e estávamos com medo de sair tiros. Fomos até o Largo do Rosário onde paramos para pensar no que estava acontecendo quando começaram a vir em direção àquela praça também. No momento do corre-corre muita gente se perdeu, algumas pessoas caíram no chão e se machucaram. Uma inclusive que nós vimos no colo de um homem estava desmaiada pelo efeito do gás. Foi tudo muito intenso e HORRÍVEL.” Relatou Mateus Lobo (Lua Angels) que esteve durante a parada.

Outros relatos foram feitos e encaminhados para a organização da parada, tais como, mulheres espancadas sem oferecer nenhuma resistência, familiares golpeados ao proteger seus filhos, cadeirantes encurralados por bombas de efeito moral, disparos sucessivos de bala de borracha contra os LGBTs, entre tantas outras situações de brutal violência policial.

O Comandante do Batalhão da Polícia Militar, tenente coronel Marci Elber Maciel Rezende da Silva, alegou ao portal de notícias G1/Globo que a polícia foi ao local após receber reclamação de perturbação. Argumentou que tentou dialogar com o responsável de um dos bares da Praça Bento Quirino e que a polícia foi agredida com garrafas e pedras por pessoas que estavam na praça. Fato que desencadeou todo o confronto.

A mesma prefeitura que negou qualquer ajuda mínima necessária em infraestrutura foi a que solicitou o envio e “acompanhamento” policial durante toda a parada. Sabemos qual é a função da polícia. E independente de ter ocorrido ou não o arremesso dos objetos nada justifica a maneira como a polícia conduziu/respondeu a situação.

Há vídeos registrados por civis que evidenciam a repressão policial. A Associação da Parada do Orgulho LGBT de Campinas já informou que irá entrar com uma representação junto a prefeitura de Campinas entre outras instituições cabíveis. Entretanto, nossa resposta deve ir além. Nas ruas iremos responder a repressão policial e aos ataques aos LGBTs.

Há duas semanas, em Orlando (EUA), 49 LGBTs foram assassinadas e 53 feridas em um massacre em uma casa noturna. Aqui no Brasil, a realidade das LGBTs não é diferente. Vivemos no país recordista em assassinatos LGBTs. Fato que é legitimado por golpistas como Bolsonaro, Feliciano, Malafaia, Cunha e Temer. Estes chegaram a afirmar que a Comunidade LGBT estaria usando do massacre de ódio em Orlando para se autopromover.

Fomos reprimidos na nossa principal manifestação anual. Agora querem avançar na retirada dos nossos direitos. Temer já retirou o direito ao nome social e quer Marisa Lobo, defensora da Cura Gay, no Ministerio da Saúde. Também cabe lembrar que em 2015, no município de Campinas, tentou-se aprovar por meio doprojeto do vereador Campos Filho (DEM) a emenda da Opressão. Projeto que não somente proíbe como criminaliza as discussões de gênero e sexualidade nas escolas de Campinas. Mas, não vão nos calar!

É importante marcar que o dia do Orgulho LGBT faz referência ao aniversário de Stonewall. Data fundadora do Movimento LGBT nos EUA, quando travestis, transexuais e lésbicas responderam a violência policial que lhes era imposta todos os dias. Foram 3 dias de uma revolta contra a repressão policial e aos ataques aos LGBTs.

No dia 29 de junho a reunião da comissão de organização 16ª Parada do Orgulho LGBT de Campinas decidiu pela realização da 16.1ª Parada do Orgulho LGBT de Campinas e quantas outras forem necessárias para combater a repressão policial. A 16.1ª Parada do Orgulho LGBT de Campinas ocorrerá no dia 28 de agosto. Visto que 29 de agosto é o dia da visibilidade lésbica.

Nossa resposta é: Não vão nos calar. Pelo direito a vida e a livre expressão de gênero e sexualidade dos LGBTs. Façamos como STONEWALL!

Foto: Robson B. Sampaio. Praça Bento Quirino durante a realização da II Caminhada de Mulheres Lésbicas, Bissexuais e Transexuais que ocorreu no dia anterior a parada.




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