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NPA LANÇA CANDIDATO OPERÁRIO | Extrema esquerda francesa vai apresentar um operário como candidato à presidência

segunda-feira 20 de março de 2017 | Edição do dia

FOTO: Philippe Poutou em uma conferência de imprensa na sexta-feira à tarde para anunciar os últimos dados de apoios coletados pelo NPA. A base de 500 assinaturas foi superada e o candidato anticapitalista deve ser apresentado para o primeiro turno da eleição presidencial.

Para poder confirmar a candidatura, foi necessário superar o mecanismo antidemocrático que exige a obtenção de pelo menos 500 assinaturas de apoio de funcionários públicos eleitos (1). Sábado de manhã foi a confirmação oficial do Conselho Constitucional.

Um grande alívio depois de uma campanha feroz

Philippe Poutou anunciou: “Temos 523 assinaturas que chegaram ao Conselho Constitucional, das quais 11 foram enviadas no último momento através de um correio credenciado pelo Estado”. O candidato descreveu o alívio para os membros do partido, que fizeram o possível nas últimas semanas para superar essa barreira antidemocrática que são os “apadrinhamentos”. Tendo em vista que as invalidações de formulários são de cerca de 1%, o operário da Ford deve ser apresentado na segunda-feira no “grande banquete dos candidatos presidenciais”.

Uma presença incerta até o último momento

Foi muito difícil conquistar os apoios, tanto porque as regras estão mais duras, tanto porque a política dos grandes partidos aliena a população. Mas graças a todos os militantes que foram às ruas durante semanas inteiras recolhendo assinaturas, o candidato do NPA poderá participar “para questionar o sistema capitalista e para mostrar que é necessário não mais abaixar a cabeça”.

Na segunda-feira, antes de dar início à campanha presidencial, os militantes organizaram uma comemoração para esta primeira vitória frente a uma falsa democracia que coloca empecilhos difíceis de superar. Mas como apontou Philippe Poutou, “nossa candidatura diverge dos costumes corruptos, por isso devemos tomar os nossos assuntos em nossas mãos! Quanto mais escândalos aparecerem e quanto mais o tempo passar, mais motivados estaremos para esta campanha.”

Dois inícios da campanha: a marcha de 19 de março e a greve na Ford no dia 20 de março

Evidentemente, esta porta aberta dá ao NPA um fôlego para seguir adiante. Neste domingo, militantes organizaram encontros e marcharam junto com a manifestação pela Justiça e Dignidade. Philippe Poutou lembrou que um dos pilares da campanha será o combate contra os “preconceitos reacionários: o machismo, lgbtfobia e todas as formas de racismo”.

A manifestação do dia 19 (2), que foi chamada massivamente pelo NPA, será o primeiro golpe contra a Frente Nacional e os Republicanos (3) que se baseiam no racismo para fazer os seus negócios.

O segundo golpe de partida será nesta segunda-feira, que será na Ford da cidade de Blanquefort, a fábrica em que Poutou trabalha: “Haverá uma greve na fábrica onde trabalho, porque se as coisas continuarem como estão, daqui a dois anos não teremos mais trabalho”. Se trata de uma mobilização que vai exatamente no sentido que os anticapitalistas defendem: “Não queremos mais um programa político que lance propostas ao vento, queremos um programa que prepare as lutas que virão”. E, obviamente, as questões acerca do desemprego e da precarização são centrais nas preocupações do herdeiro de Olivier Besancenot (4). Dessa forma, estamos diante do início de uma nova campanha, uma “campanha política”.

(1) Na França, as regras para poder apresentar uma candidatura à presidência contém a exigência de 500 assinaturas de funcionários eleitos. Porém, para este ano de 2017 essas regras que já são antidemocráticas se endureceram ainda mais: a assinatura de cada um desses apoiadores deve ser publicada em Diário Oficial, o que aumenta bastante a pressão sobre eles. Outra novidade é que o apoio deve ser enviado pelos próprios assinantes ao Conselho Constitucional quinze dias antes das eleições, o que aumenta a probabilidade de perda. Todas essas regras tendem a um mesmo fim: limitar a participação nas eleições e favorecer os grandes partidos tradicionais.

(2) Após um caso de brutal violência policial que ocorreu em Paris no início do mês de fevereiro, em que um jovem negro de 22 anos foi espancado e estuprado por policiais, sendo submetido a uma cirurgia com uma lesão do esfíncter anal de dez centímetros de profundidade como conseqüência da violência, uma série de manifestações massivas passaram a ocorrer na França contra o racismo e a recorrente violência policial. Neste domingo, milhares de pessoas voltaram a ocupar as ruas de Paris. Mais informações aqui e aqui

(3) A Frente Nacional, partido de extrema direita e anti-imigrante, terá como candidata à presidência Marine Le Pen, que defende políticas xenófobas, racistas e é apoiadora do governo Trump nos Estados Unidos.
Já os Republicanos indicarão à presidência François Fillon.
Ambos os partidos e candidatos à presidência estão envolvidos em escândalos de corrupção.

(4) Em 2002 e 2007, a LCR (Liga Comunista Revolucionária), organização que antecedeu ao NPA, lançou o operário Olivier Besancenot como candidato à presidência, que obteve pouco mais de 4% dos votos nos dois anos.




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