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DELAÇÃO PREMIADA | Executivo da Engevix desiste de delação premiada contra Temer

Um dos donos da empreiteira Engevix, o executivo José Antunes Sobrinho, decidiu interromper unilateralmente a negociação de delação premiada com a força tarefa da Lava Jato. Na delação, ele prometia entregar provas do pagamento de um milhão de reais a um interlocutor do presidente golpista, Michel Temer, como forma de ‘’agradecimento’’ pela participação em contrato de 162 milhões da Eletronuclear, referente à usina de Angra 3.

terça-feira 21 de junho de 2016 | Edição do dia

De acordo com os advogados a ‘’mudança de estratégia’’ foi provocada pela absolvição de seu cliente, em maio, em umas das ações da Lava Jato, por falta de provas de participação de crimes relacionado à Petrobras. Sobrinho ainda é investigado em outras frentes da Lava Jato, envolvendo pagamento de propina e a área elétrica de Belo Monte. Os advogados de Sobrinho descartam retomar o acordo para a delação, já que os casos não estão mais com a força tarefa. Sobrinho havia assinado o termo de confidencialidade e apresentado pelo menos três proposta, em que citava, principalmente políticos e operadores do PT e PMDB.

O executivo contou ter ido duas vezes ao escritório de Temer no Itaim Bibi, em São Paulo, pra tratar de contratos da Eletronuclear. Nas negociações, estava acompanhado de um dos donos da Argeplan, o coronel da Policia Militar João Batista Lima Filho, tratado por ele como ‘’pessoa de total confiança de Michel Temer’’. Por meio de uma parceira com um fornecedor internacional, a AF Consult, Lima conseguiu um contrato de 162 milhões na estatal e subcontratou a Engvix pra realizar a obra.

Após encontro com Temer, Sobrinho diz ter sido conduzido por Lima a pagar um milhão de reais de propina, a pedido do presidente. Segundo o executivo, o pagamento foi realizado por meio de uma fornecedora da Engevix. Depois da Lava Jato, Lima teria tentado devolver o valor a Sobrinho, que não aceitou. O executivo disse que Temer era o padrinho político do ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva.

Este esquema, além de demonstrar que a corrupção durante o ex-governo de Dilma e Lula não se restringiu apenas ao PT, mostra também que o Michel Temer esteve na linha de frente dos acordos espúrios que ocorreram quando foi vice-presidente. Mostra também que o Estado é um comitê de negócios a serviço de grandes empresários e banqueiros, onde estes e os políticos burgueses saem favorecido com os acordos espúrios que ocorrem.

De outro lado, esta denúncia que atinge diretamente o Michel Temer ocorre num momento onde que o presidente golpista encontra uma imensa dificuldade para impor os ataques contra os trabalhadores e demais setores populares da sociedade prometidos para o imperialismo. Demonstra também que esta é mais uma ação da Lava Jato pra poder desgastar as empresas nacionais como a Engevix, empresa na qual Temer quando foi vice-presidente de Dilma teve relação, tendo como objetivo dar mais espaço para empresas diretamente imperialistas.

Mostra também que a ofensiva do imperialismo através desta mesma operação Lava Jato tem como o seu objetivo fundamental desgastar empresas estatais como a Petrobrás, para poder avançar no processo de privatização das mesmas. Este processo de privatização destas empresas estatais teve a colaboração do governo de Dilma e Lula, que abriram espaço para as empresas imperialistas e agora, seja com o governo golpista de Temer ou com um novo governo eleito, a tendência é aprofundar.

Se de um lado é preciso denunciar os golpistas e todos aqueles envolvidos em corrupção, de outro ao contrario do que faz Luciana Genro do PSOL e o PSTU, não podemos ter nenhuma confiança na operação Lava Jato e no Judiciário. O objetivo de Sergio Moro e companhia não é combater a corrupção, como afirma a direita, mas trocar os jogadores do Estado burguês para colocar uma nova camada que seja capaz de impor ataques contra os trabalhadores e demais setores populares. Combater a Lava Jato e o ‘’partido judiciário’’ não significa apoiar o golpista do Temer nem a burocracia que dirige as empresas estatais e que também são responsáveis por abrir o processo privatização das mesmas e muito menos as empresas nacionais que exploram os trabalhadores e são serviçais do imperialismo.

Ao abrir mais espaço para as empresas imperialistas e também trocar os atuais jogadores do Estado burguês, o objetivo da Lava Jato é substituir o atual esquema de corrupção por outros. A saída independente que os trabalhadores e demais setores populares da sociedade podem dar para a crise política e econômica passa por um questionamento profundo deste regime de exploração e suborno, por isso é preciso lutar por uma assembleia constituinte livre e soberana imposta pela força da mobilização dos trabalhadores e demais setores populares da sociedade.




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